Perplexidades
Perante o rol imenso de desgraças e de injustiças com que diariamente se depara, a nível nacional e internacional, e que nunca lhe passariam pela cabeça, o jornalista local até hesita em chamar a atenção para o buraco da rua, a lâmpada fundida, o autocarro que não cumpre horários, o parque de estacionamento de preço exagerado… Que é isso em comparação com o inaudito desespero de quantos nem uma negra côdea de pão têm para a boca?!...
Esquisitices
O caso – contado por fonte fidedigna – não se passa em Cascais, mas numa delegação do Banco Alimentar algures em Portugal: a roupa amontoa-se, porque os ‘necessitados’ são esquisitos na escolha e nem tudo lhes serve! E, do cabaz de alimentos recebido, logo mais adiante há quem deite pró contentor ou para a valeta os pacotes que não lhe interessam!
Comentários
18 de Outubro, RDP 1, programa da manhã. Não perdi o apetite para o pequeno-almoço, porque, hoje, é necessário viver um minuto de cada vez; contudo, as perspectivas de futuro que os noticiários nos apresentaram eram sombrias de mais!...
Aliás, na sequência do que muitos estamos a dizer há algum tempo, continua a apetecer perguntar: «Porque é que só se dá relevo à desgraça?».
Números
De novo, Mário Soares. Escalpelizou: importa tratar as pessoas como pessoas e não como números!
Há quanto tempo dizemos isso? E porque é que os que mandam tanto o esquecem? Não sabem que números não são susceptíveis de motivação nem de brio?
E, oportunamente, os publicitários aproveitam:
«Para nós, César não é um número. Ele é o pai babado da Sofia».
Oxalá assim fosse!
Terramotos
Nunca de tal me apercebera realmente; todavia, sempre que se fala em terramotos, vem, na verdade, à memória dos mais velhos, a madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, quando Portugal foi sacudido por um sismo que, no seu epicentro, atingiu o grau 7,8 da escala de Richter.
Curioso verificar também que essa recordação está tão viva que o já aqui referido Rogério Pires de Carvalho o não esquece no livro Alenterra, quando evoca a sua estada em Lisboa. Igualmente José Manuel de Azevedo e Silva – exactamente, esse que foi o único ferido com certa gravidade da explosão no Cais-do-Sodré, a 28 de Maio de 1961, hoje professor universitário aposentado –, a essa ocorrência se refere na sua autobiografia, Passos e ‘Passas’ de uma Vida (p. 65-68); encontrava-se, na altura, a prestar serviço como agente da PSP na Parede.
Paulo Ossião
Seguramente, um dos nossos melhores aguarelistas em actividade. Tonalidades ténues, manchas cromáticas palpitantes, olhar perspicaz sobre os ângulos bonitos da realidade circundante.
Desde o passado dia 22 até 21 de Novembro, na galeria do Casino Estoril: «A minha Lisboa 30 anos depois». Magnífica! Uma cidade em tons de azul, a sinfonia dos telhados envoltos em neblina de aconchego. E pessoas! Pessoas à conversa na esplanada, a tagarelar nas janelas… Pessoas! Lisboa, afinal, humanizada!...
A não perder – que a cidade, assim, até a sentimos mais nossa!
Maria Helena Ventura
Munícipe de Cascais (vive entre nós há bastantes anos), Maria Helena Ventura tem-se notabilizado por uma escrita resultante de bem amadurecida investigação. Com um pé na ficção e outro na História, brindou-nos já com obras notáveis como, entre outras, Afonso, o Conquistador, evocação de D. Afonso Henriques (Março 2007); Onde vais, Isabel, a história da Rainha Santa Isabel (Março 2008); Um Homem Só, a sua visão da vida de Jesus Cristo (Maio 2010)…
O seu último trabalho, Cidadão Orson Welles (Março 2011, Edições Saída de Emergência, editora que a tem acompanhado), constitui eloquente forma de contar a biografia do controverso realizador. Esbelta tunisina apaixonada pela sua figura de criador e de Homem ousa interpor-se-lhe no caminho. Nasce daí acalorada paixão mantida secreta, miudamente narrada, psicologicamente densa, pretexto também para nos levar a passear pela Roma Eterna e seus infinitos recantos, por Florença, Paris e, até, no retorno à Tunísia do Museu do Bardo e do inesquecível oásis de Gabes…
Uma viagem cativante, mesmo quando se imagina o soar de «rajadas de vento à porta de uma cidade abandonada» (p. 115) ou só apetece «fundir as lágrimas nas águas do Tibre» e se anseia por que «as noites se fechem com o rótulo da esperança» (p. 19).
[Publicado no Jornal de Cascais, nº 287, 26-10-2011, p. 4].
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
Andarilhanças 20
Ter juízo
De formato reduzido (obviamente…), o número especial de Egoísta (revista da Estoril Sol) datado de Setembro é dedicado ao Juízo. Juízo no sentido mais corrente, manifestado na expressão «ter juízo». Nada mais oportuno, no momento em que tomamos consciência de que uns quantos inteligentes não tiveram juízo nenhum e a multidão dos outros há-de arcar com as consequências – e eles na boa!...64 páginas artisticamente ilustradas, a contar com a colaboração de reconhecidos escritores: Inês Pedrosa, Rui Zink, Vasco Graça Moura, Ricardo Costa, José Manuel Mendes, entre outros.
Recorte-se, como mensagem, o que o seu director, Mário Assis Ferreira, me escreveu, a propósito:
«Eu sei, pela sua intrínseca natureza, que o “Juízo” é um conceito relativo, subjectivo na sua valoração, falível nos seus resultados.
Mas bem pior que essa relatividade é a sua total ausência, quando as circunstâncias o exigem e o bom senso o reclama. E este é um difícil transe em que o “Juízo” se impõe.
Até porque, se não tivermos “Juízo”, outros nos obrigarão a tê-lo…».
Verão
Para registo com vista ao futuro, informe-se que uma vaga de calor – Verão em pleno Outono! – vem vestindo de gente as praias da Costa do Estoril. Mar de gente, mar chão, águas mornas, delícia de quantos – feliz ou infelizmente, consoante a situação em termos de emprego e de trabalho – ainda podem gratuitamente usufruir dessa benesse. Bem, gratuitamente, se calhar, não será, porque há por todo o lado os abutres dos parques de estacionamento pagos. No sábado, 1 de Outubro, a zona de Carcavelos (uma ainda privilegiada nesse sentido) não tinha para estacionamento 1 metro quadrado livre!
Creche
Praça João de Deus, Pampilheira. Cumpriu-se o que velhinho plano de urbanização previra: aquela praça com nome de pedagogo era para uma escola! Finalmente, conseguiu a Junta de Freguesia o necessário acordo com a Segurança Social e entregou à Santa Casa a gestão de mais uma creche.
Encantado, o Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, por ter presidido à inauguração, no dia 11. Menos de quatro décadas antes tal fora e, mui provavelmente, ele próprio teria sido utente, pois que por aqui cresceu criança e jovem.
Regozijaram os moradores da Pampilheira, ao poderem abraçar alguém que de muito bom grado despiu as vestes do Poder, para voltar a ser vizinho! Cimentou-se comunidade – e foi bom!
Academia
Aproveitou a Academia de Letras e Artes a apresentação, no dia 13, de mais uma edição sua, desta feita com uma proposta de visita ao Estoril – descomprometido e singelo testemunho de vivências, sem qualquer pretensão de ser livro de História – para dar conta de como vem gerindo o subsídio que o Município anualmente lhe atribui. E fez muito bem!
O gigante tombou!
Certamente por se não encontrar de boa saúde, ou porque já fazia sombra de mais, a mui vetusto eucalipto do parque Marechal Carmona, com porte de mais de um metro de diâmetro, foi decretada a eutanásia. Teria, como se informou em comunicado, «elevada perigosidade e comprovado risco de queda». Cortaram-lhe o alto tronco em rodelas!...
Alenterra
Um outro livro sobre a guerra em Angola: Alenterra, de Rogério Pires de Carvalho.
Sugestivo o anonimato do narrador, em primeira pessoa, assim como o da ‘senhora’ a quem ele vai contando tudo o que lhe passou pela cabeça desde o dia em que embarcou até que iniciaram o regresso (nem todos, claro!), não sem um nó na garganta, por terem deixado atrás os dois canitos, inseparáveis companheiros dos longos dias dos longos dois anos em Mucondo… «Quanto mais conheço os homens…».
Não se relata apenas como um homem se pode ir transformando, até o simples sonho lhe ser impossível de ter. Nos muitos momentos de solidão, silêncio e medo, toda a vida do narrador ali perpassa, como um filme, desde que nasceu até que daqui o levaram.
Narrativa lancinante, esta – a prender-nos do princípio ao fim. Queremos saber tudo logo! Queremos consciencializar infinitos traumas. As cubatas incendiadas uma a uma. As fitas das metralhadoras despejadas num desespero. Guerra maldita – que jamais acabará na memória de quantos a viveram!
Publicado em Jornal de Cascais, nº 286, 19-10-2011, p. 4.
De formato reduzido (obviamente…), o número especial de Egoísta (revista da Estoril Sol) datado de Setembro é dedicado ao Juízo. Juízo no sentido mais corrente, manifestado na expressão «ter juízo». Nada mais oportuno, no momento em que tomamos consciência de que uns quantos inteligentes não tiveram juízo nenhum e a multidão dos outros há-de arcar com as consequências – e eles na boa!...64 páginas artisticamente ilustradas, a contar com a colaboração de reconhecidos escritores: Inês Pedrosa, Rui Zink, Vasco Graça Moura, Ricardo Costa, José Manuel Mendes, entre outros.
Recorte-se, como mensagem, o que o seu director, Mário Assis Ferreira, me escreveu, a propósito:
«Eu sei, pela sua intrínseca natureza, que o “Juízo” é um conceito relativo, subjectivo na sua valoração, falível nos seus resultados.
Mas bem pior que essa relatividade é a sua total ausência, quando as circunstâncias o exigem e o bom senso o reclama. E este é um difícil transe em que o “Juízo” se impõe.
Até porque, se não tivermos “Juízo”, outros nos obrigarão a tê-lo…».
Verão
Para registo com vista ao futuro, informe-se que uma vaga de calor – Verão em pleno Outono! – vem vestindo de gente as praias da Costa do Estoril. Mar de gente, mar chão, águas mornas, delícia de quantos – feliz ou infelizmente, consoante a situação em termos de emprego e de trabalho – ainda podem gratuitamente usufruir dessa benesse. Bem, gratuitamente, se calhar, não será, porque há por todo o lado os abutres dos parques de estacionamento pagos. No sábado, 1 de Outubro, a zona de Carcavelos (uma ainda privilegiada nesse sentido) não tinha para estacionamento 1 metro quadrado livre!
Creche
Praça João de Deus, Pampilheira. Cumpriu-se o que velhinho plano de urbanização previra: aquela praça com nome de pedagogo era para uma escola! Finalmente, conseguiu a Junta de Freguesia o necessário acordo com a Segurança Social e entregou à Santa Casa a gestão de mais uma creche.
Encantado, o Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, por ter presidido à inauguração, no dia 11. Menos de quatro décadas antes tal fora e, mui provavelmente, ele próprio teria sido utente, pois que por aqui cresceu criança e jovem.
Regozijaram os moradores da Pampilheira, ao poderem abraçar alguém que de muito bom grado despiu as vestes do Poder, para voltar a ser vizinho! Cimentou-se comunidade – e foi bom!
Academia
Aproveitou a Academia de Letras e Artes a apresentação, no dia 13, de mais uma edição sua, desta feita com uma proposta de visita ao Estoril – descomprometido e singelo testemunho de vivências, sem qualquer pretensão de ser livro de História – para dar conta de como vem gerindo o subsídio que o Município anualmente lhe atribui. E fez muito bem!
O gigante tombou!
Certamente por se não encontrar de boa saúde, ou porque já fazia sombra de mais, a mui vetusto eucalipto do parque Marechal Carmona, com porte de mais de um metro de diâmetro, foi decretada a eutanásia. Teria, como se informou em comunicado, «elevada perigosidade e comprovado risco de queda». Cortaram-lhe o alto tronco em rodelas!...
Alenterra
Um outro livro sobre a guerra em Angola: Alenterra, de Rogério Pires de Carvalho.
Sugestivo o anonimato do narrador, em primeira pessoa, assim como o da ‘senhora’ a quem ele vai contando tudo o que lhe passou pela cabeça desde o dia em que embarcou até que iniciaram o regresso (nem todos, claro!), não sem um nó na garganta, por terem deixado atrás os dois canitos, inseparáveis companheiros dos longos dias dos longos dois anos em Mucondo… «Quanto mais conheço os homens…».
Não se relata apenas como um homem se pode ir transformando, até o simples sonho lhe ser impossível de ter. Nos muitos momentos de solidão, silêncio e medo, toda a vida do narrador ali perpassa, como um filme, desde que nasceu até que daqui o levaram.
Narrativa lancinante, esta – a prender-nos do princípio ao fim. Queremos saber tudo logo! Queremos consciencializar infinitos traumas. As cubatas incendiadas uma a uma. As fitas das metralhadoras despejadas num desespero. Guerra maldita – que jamais acabará na memória de quantos a viveram!
Publicado em Jornal de Cascais, nº 286, 19-10-2011, p. 4.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Os putos
Gostei muito da pose gaiata e feliz do casalinho que foi capa da agenda cultural do Município, São Brás Acontece, do mês de Setembro, em que se dedicou especial atenção ao regresso às aulas.
De mochila às costas, ele de ténis e ela de alpercatas, de calçanitos ambos, olharam para a objectiva do fotógrafo com ar de quem pergunta: «Ficamos bem assim?».
Ela mais altinha, de cabelos loiros e lisos, ele de cabelinho curto e ar matreiro – apanhados na passadeira de tijoleira que os encaminhava para a escola. Cena de ternura, a que não pude deixar de ser sensível e, por isso, dei os parabéns aos responsáveis por tão oportuna escolha. E, confesso, senti um bem comovido nó na garganta, quando me foi respondido:
«Os putos são filhos de um casal de funcionários cá da casa. Ela funcionária da limpeza e ele um dos melhores funcionários dos serviços de ambiente… Filhos de um jovem casal muito humilde e trabalhador, daqueles que convive diariamente com o desafio de dividir o magro orçamento familiar…
Eis a razão deste humilde miminho em período de regresso às aulas!».
Assim se cria comunidade! Assim se dá valor às pessoas!
Aplaudo, pois, com ambas as mãos!
Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 179, Outubro de 2011, p. 15.
De mochila às costas, ele de ténis e ela de alpercatas, de calçanitos ambos, olharam para a objectiva do fotógrafo com ar de quem pergunta: «Ficamos bem assim?».
Ela mais altinha, de cabelos loiros e lisos, ele de cabelinho curto e ar matreiro – apanhados na passadeira de tijoleira que os encaminhava para a escola. Cena de ternura, a que não pude deixar de ser sensível e, por isso, dei os parabéns aos responsáveis por tão oportuna escolha. E, confesso, senti um bem comovido nó na garganta, quando me foi respondido:
«Os putos são filhos de um casal de funcionários cá da casa. Ela funcionária da limpeza e ele um dos melhores funcionários dos serviços de ambiente… Filhos de um jovem casal muito humilde e trabalhador, daqueles que convive diariamente com o desafio de dividir o magro orçamento familiar…
Eis a razão deste humilde miminho em período de regresso às aulas!».
Assim se cria comunidade! Assim se dá valor às pessoas!
Aplaudo, pois, com ambas as mãos!
Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 179, Outubro de 2011, p. 15.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
O sentimento de pertença
Já lá vai, felizmente, o tempo em que à palavra «património» se ligava, de imediato, a ideia de grande monumento: palácio, castelo, igreja… Hoje, releva-se também o património imaterial, consubstanciado em crenças e costumes, nas danças e cantares, nos singelos mesteres quotidianos… Também isso constitui, afinal, um saber-fazer acumulado geração após geração, fermento duma identidade que se preza e valoriza.
Bem andam, pois, as câmaras municipais e até as freguesias quando, sozinhas ou em colaboração com associações de defesa do património, metem ombros, por exemplo, a publicações que consignam por escrito tais saberes e, dessa forma, lhes perpetuam a existência.
Nesse âmbito têm também as universidades uma palavra a dizer, porquanto a nível de trabalhos práticos de 2º ciclo podem aliciar os estudantes a olharem mais de perto para a realidade circundante. Dois exemplos beirãos são susceptíveis de o ilustrar:
– Filipa Gouveia, do Museu de Terras de Besteiros (Tondela), fez reviver as tradições de Múzares, aldeia perdida na paisagem: Múzares… Crepúsculo de Vidas e Memórias – Patrimónios a Preservar é livro editado pela Câmara, em 2010.
– João Orlindo Marques passou em revista o ciclo anual das gentes da aldeia da Barriosa (freguesia de Vide, concelho de Seia), sita na transição entre as serras da Estrela e do Açor, no livro Esta Vida é uma Cantiga! (Ocasos do viver numa aldeia serrana), Apenas Livros, Lisboa, 2010, que teve o patrocínio de entidades locais.
Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 579, 15-10-2011, p. 13.
Bem andam, pois, as câmaras municipais e até as freguesias quando, sozinhas ou em colaboração com associações de defesa do património, metem ombros, por exemplo, a publicações que consignam por escrito tais saberes e, dessa forma, lhes perpetuam a existência.
Nesse âmbito têm também as universidades uma palavra a dizer, porquanto a nível de trabalhos práticos de 2º ciclo podem aliciar os estudantes a olharem mais de perto para a realidade circundante. Dois exemplos beirãos são susceptíveis de o ilustrar:
– Filipa Gouveia, do Museu de Terras de Besteiros (Tondela), fez reviver as tradições de Múzares, aldeia perdida na paisagem: Múzares… Crepúsculo de Vidas e Memórias – Patrimónios a Preservar é livro editado pela Câmara, em 2010.
– João Orlindo Marques passou em revista o ciclo anual das gentes da aldeia da Barriosa (freguesia de Vide, concelho de Seia), sita na transição entre as serras da Estrela e do Açor, no livro Esta Vida é uma Cantiga! (Ocasos do viver numa aldeia serrana), Apenas Livros, Lisboa, 2010, que teve o patrocínio de entidades locais.
Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 579, 15-10-2011, p. 13.
Andarilhanças 19
Parque Palmela – mui agradável surpresa
Há muito que não ia ao Parque Palmela. Sim, concertos, bailado e teatro na concha acústica; mas embrenhar-me por aí adentro, há muito que não tentava desde os tempos em que, com os filhotes crianças, íamos treinar no circuito de manutenção. Foi, pois, agradável surpresa ver da existência do restaurante, apoio para quem queira abalançar-se por altas travessias de aventura sobre o leito (ainda que seco) da ribeira. Aliciante proposta!
Convidam-se os visitantes a deliciar-se de ar puro; a observarem as aves e as espécies arbóreas seculares. Aconchegado o largo patamar de entrada atrás da Estoril--Sol Residence, a pedir pausa, na admiração da baía.
Urbanisticamente requintada também a entrada principal, onde o murmurar da água corrente alicia à distensão. Gostaríamos que alguns dos tanques rústicos que espreitam à beira dos caminhos interiores água tivessem também… Não se pode querer tudo!
Parque Marechal Carmona – o meu repto!
Mas, em relação ao Parque Marechal Carmona, apesar da crise – e talvez até por causa dela (carecemos de quem nos titile a auto-estima!...) – há um desafio que eu lanço: caso a EMAC não possa, que entidade (os Lions, o Rotary, a Propaganda, o Grupo Ecológico de Cascais…) quererá agarrar com mãos ambas a revitalização do conjunto escultórico daquela divindade das águas? Não custará os olhos da cara reparar a estátua, reconstituir a pia partida a metade e, sobretudo, criar um circuito fechado de água! Claro, o ideal seria reconstituir a ideia original – e a água a correr para os outros românticos laguinhos; era, quiçá, pedir muito em tempo de vacas magras; mas a recuperação do circuito fechado poderia constituir, inclusive, proposta a fazer a um estagiário em Arquitectura Paisagística, porque não? E o parque tanto ganharia com isso!
Túnel do Parque Palmela
Passei por lá no sábado, 1 de Outubro, de manhã. Já pintaram com garatujas alguns dos painéis de Mestre Nadir Afonso. Tenho uma pensa imensa de quem, a rir, praticou o desmando, porque gostava que todos pudéssemos estar minimamente satisfeitos connosco próprios e tal iniciativa mostra, claramente, que alguém não anda bem e está em guerra com o mundo. Coitado!
Publicações camarárias
Falámos do boletim C. Mas, se formos aos Paços do Concelho, pode acontecer encontrarmos folhas volantes ou mesmo pequenas publicações relativas a departamentos específicos e a empresas municipais. Por exemplo, o Macazine, da EMAC, destinado a crianças, de que tenho o nº 19, de Agosto de 2010. Ou a revista Ambiente Positivo, de Fevereiro de 2010, que traz, além do da Câmara, os logótipos de quatro empresas municipais: Cascais Atlântico, Cascais Energia, Cascais Natura, EMAC, que procurou demonstrar que está «Cascais na vanguarda da utilização de recursos». Existe também uma revista de prestígio, profusa e magnificamente ilustrada, excelente papel de elevada gramagem, design gráfico de Júlio Pisa, 5000 exemplares. E o utilíssimo Guia de Desporto – Concelho de Cascais 2011/2012, da responsabilidade do vereador do Desporto, João Sande e Castro, a referir as entidades desportivas, as instalações e espaços (pena que ainda continue o erro de designação das Penhas do Marmeleiro – p. 46) e traz vales de desconto!...
O meu voto: que não seja esquecido o arquivo de exemplares de cada uma delas – para a história!
Publicações das Juntas de Freguesia
Têm as juntas de freguesia do concelho apoiado sistematicamente publicações que se prendam com o seu património cultural material e imaterial (este, por exemplo, no âmbito da poesia). Aplaude-se esta disponibilidade, que demonstra grande espírito de abertura e de perfeita compreensão do que é o papel de uma autarquia próxima da população.
Em S. Domingos de Rana, há o boletim Notícias da Freguesia cuidadosamente preparado que, no anterior mandato, manteve alguma regularidade (na página da freguesia, o último número data de Maio de 2009). Carcavelos tem feito alguns ensaios, sem continuidade. Alcabideche optou por um boletim cultural, Al-qabdaq, de que se publicaram três números (1, 1990; 2, 1991; 3, 1992). O Executivo da Junta de Freguesia do Estoril preferiu – e bem – ‘usar’ páginas da imprensa local: tenho presente o nº de 30 de Agosto do nosso prezado colega Jornal de Região – Cascais, com as duas páginas centrais da responsabilidade daquela Junta, dando particular relevo às escolas da freguesia. Parede ensaiou iniciativas ao tempo de Tomaz Rosa, sobretudo em 1992 e 1993 (recordo, se não erro, Os Osguinhas). Cascais, que eu saiba, nunca terá pensado nisso.
É, decerto, bem coxo este panorama; aí fica, porém, para que outrem o complete. Importa, para a História local, que os dados não se percam e tudo fique convenientemente arquivado. Tenho a certeza que essa constitui, de resto, preocupação maior dos responsáveis pelo Arquivo Municipal.
Publicado em Jornal de Cascais, nº 285, 12-10-2011, p. 6.
Há muito que não ia ao Parque Palmela. Sim, concertos, bailado e teatro na concha acústica; mas embrenhar-me por aí adentro, há muito que não tentava desde os tempos em que, com os filhotes crianças, íamos treinar no circuito de manutenção. Foi, pois, agradável surpresa ver da existência do restaurante, apoio para quem queira abalançar-se por altas travessias de aventura sobre o leito (ainda que seco) da ribeira. Aliciante proposta!
Convidam-se os visitantes a deliciar-se de ar puro; a observarem as aves e as espécies arbóreas seculares. Aconchegado o largo patamar de entrada atrás da Estoril--Sol Residence, a pedir pausa, na admiração da baía.
Urbanisticamente requintada também a entrada principal, onde o murmurar da água corrente alicia à distensão. Gostaríamos que alguns dos tanques rústicos que espreitam à beira dos caminhos interiores água tivessem também… Não se pode querer tudo!
Parque Marechal Carmona – o meu repto!
Mas, em relação ao Parque Marechal Carmona, apesar da crise – e talvez até por causa dela (carecemos de quem nos titile a auto-estima!...) – há um desafio que eu lanço: caso a EMAC não possa, que entidade (os Lions, o Rotary, a Propaganda, o Grupo Ecológico de Cascais…) quererá agarrar com mãos ambas a revitalização do conjunto escultórico daquela divindade das águas? Não custará os olhos da cara reparar a estátua, reconstituir a pia partida a metade e, sobretudo, criar um circuito fechado de água! Claro, o ideal seria reconstituir a ideia original – e a água a correr para os outros românticos laguinhos; era, quiçá, pedir muito em tempo de vacas magras; mas a recuperação do circuito fechado poderia constituir, inclusive, proposta a fazer a um estagiário em Arquitectura Paisagística, porque não? E o parque tanto ganharia com isso!
Túnel do Parque Palmela
Passei por lá no sábado, 1 de Outubro, de manhã. Já pintaram com garatujas alguns dos painéis de Mestre Nadir Afonso. Tenho uma pensa imensa de quem, a rir, praticou o desmando, porque gostava que todos pudéssemos estar minimamente satisfeitos connosco próprios e tal iniciativa mostra, claramente, que alguém não anda bem e está em guerra com o mundo. Coitado!
Publicações camarárias
Falámos do boletim C. Mas, se formos aos Paços do Concelho, pode acontecer encontrarmos folhas volantes ou mesmo pequenas publicações relativas a departamentos específicos e a empresas municipais. Por exemplo, o Macazine, da EMAC, destinado a crianças, de que tenho o nº 19, de Agosto de 2010. Ou a revista Ambiente Positivo, de Fevereiro de 2010, que traz, além do da Câmara, os logótipos de quatro empresas municipais: Cascais Atlântico, Cascais Energia, Cascais Natura, EMAC, que procurou demonstrar que está «Cascais na vanguarda da utilização de recursos». Existe também uma revista de prestígio, profusa e magnificamente ilustrada, excelente papel de elevada gramagem, design gráfico de Júlio Pisa, 5000 exemplares. E o utilíssimo Guia de Desporto – Concelho de Cascais 2011/2012, da responsabilidade do vereador do Desporto, João Sande e Castro, a referir as entidades desportivas, as instalações e espaços (pena que ainda continue o erro de designação das Penhas do Marmeleiro – p. 46) e traz vales de desconto!...
O meu voto: que não seja esquecido o arquivo de exemplares de cada uma delas – para a história!
Publicações das Juntas de Freguesia
Têm as juntas de freguesia do concelho apoiado sistematicamente publicações que se prendam com o seu património cultural material e imaterial (este, por exemplo, no âmbito da poesia). Aplaude-se esta disponibilidade, que demonstra grande espírito de abertura e de perfeita compreensão do que é o papel de uma autarquia próxima da população.
Em S. Domingos de Rana, há o boletim Notícias da Freguesia cuidadosamente preparado que, no anterior mandato, manteve alguma regularidade (na página da freguesia, o último número data de Maio de 2009). Carcavelos tem feito alguns ensaios, sem continuidade. Alcabideche optou por um boletim cultural, Al-qabdaq, de que se publicaram três números (1, 1990; 2, 1991; 3, 1992). O Executivo da Junta de Freguesia do Estoril preferiu – e bem – ‘usar’ páginas da imprensa local: tenho presente o nº de 30 de Agosto do nosso prezado colega Jornal de Região – Cascais, com as duas páginas centrais da responsabilidade daquela Junta, dando particular relevo às escolas da freguesia. Parede ensaiou iniciativas ao tempo de Tomaz Rosa, sobretudo em 1992 e 1993 (recordo, se não erro, Os Osguinhas). Cascais, que eu saiba, nunca terá pensado nisso.
É, decerto, bem coxo este panorama; aí fica, porém, para que outrem o complete. Importa, para a História local, que os dados não se percam e tudo fique convenientemente arquivado. Tenho a certeza que essa constitui, de resto, preocupação maior dos responsáveis pelo Arquivo Municipal.
Publicado em Jornal de Cascais, nº 285, 12-10-2011, p. 6.
Andarilhanças 18
Exposições
Na galeria da Junta de Freguesia de Cascais, uma jovem búlgara aqui radicada, Radost Mitova, natural de Sófia (1983), expôs pintura: quadros em acrílico sobre tela, a colherem, em larga pincelada, instantâneos da paisagem e da vida. Apreciei os barcos, as cenas de tourada, o quadro «Olha», com fundo laranja e dois ciclistas, em 1º plano, em contraluz... Apreciei a abertura da galeria a quantos, vindos de fora, aqui fazem questão em querer mostrar a sua arte.
Na galeria do Casino, até ao dia 19, sugestiva mostra intitulada «Gentes de cá», porque Lima de Carvalho nela quis reunir artistas residentes nos concelhos de Cascais, Oeiras e Sintra. Muito concorrida, a inauguração, a 17 de Setembro. Merece, sem dúvida, uma visita!
Mas, além de Arte, as exposições mostram também História.
Assim, a propósito da vinda para Alcabideche de Nossa Senhora do Cabo, Guilherme Cardoso, da Assembleia Distrital de Lisboa, preparou para a aconchegada salinha do Montepio sugestiva mostra documental sobre esta longa tradição mariana, em que a Alcabideche cabe a palma! A não perder! Foi inaugurada a 18 de Setembro.
Encerrou, no Espaço-Memória dos Exílios, no Estoril, de que nos ficou precioso catálogo bilingue, O Estoril e as Origens do Turismo em Portugal, excelente documento histórico a guardar (ISBN: 978-972-637-242-4). No sábado de manhã, dia 24, João Miguel Henriques, responsável pelo Arquivo Municipal e, neste momento, um dos maiores conhecedores dessa temática, porquanto a tem investigado, guiou a visita e apresentou dois filmes antigos sobre a Costa do Sol de primórdios do século XX – uma delícia! A partir do dia 29, nova exposição nesse espaço, também de índole histórica, intitulada «Exilados, políticos e diplomatas em tempos difíceis»
Arqueologia e autarquias
Foi apresentado, em animada sessão de mesa-redonda no auditório do Centro Cultural de Cascais, também no sábado, 24, o volume, editado pela Câmara, que reúne as intervenções (comunicações, posters e debates) feitas no mesmo local, de 25 a 27 de Setembro de 2008, numa organização da Câmara e da Associação Profissional de Arqueólogos. 702 densas páginas, profusamente ilustradas a cores, plenas de informação e de uma actualidade que se mantém (ISBN: 978-972-637-243-1). Congratulamo-nos!
Boletins municipais
E já que se aborda esse tema da actividade editorial no âmbito da Cultura em geral e do Património em particular – em que o Município de Cascais leva a palma, seguramente, a nível nacional (o último ISBN indicado esclarece que, registadas, a Câmara, já editou 243 obras!) – é também suposto que uma Câmara dê conta das suas actividades e não apenas na página da Internet, www.cm-cascais.pt/ (acessível, queiramos ou não, apenas a uma minoria).
O vizinho Município de Oeiras mantém o boletim Oeiras Actual (nº 210, Maio de 2011), com exaustiva informação sobre iniciativas realizadas e em curso, as deliberações tomadas nas sessões camarárias, os regulamentos aprovados… Oeiras em Revista (nº 106, Verão de 2011) é, por seu turno, sugestiva revista, também de distribuição gratuita (0,75 € de custo de edição por exemplar, anota-se), com mui elucidativas reportagens sobre os serviços e as pessoas que os dinamizam.
Idêntica política informativa – consignada em papel – detém parte muito significativa das câmaras do País.
Optou o Executivo de A. Capucho por distribuir, de vez em quando, uma revista municipal a que deu o título Cascais. Tenho presente o nº 11, do último trimestre de 2010, com um dossiê especial sobre Educação, «eventos em destaque» (uma grande foto com legenda explicativa); a rubrica «Cascais em revista» (fotos legendadas); «breves». 34 páginas a cores, papel couché, formato A4, tiragem (indicada) de 88 000 exemplares, distribuídos porta a porta. O nº 3 (3º trimestre de 2008) fora também ele concebido pela empresa FE”DESIGN’ERS; a impressão e distribuição fora, porém, de Lisgráfica, enquanto que o nº 11 saiu da responsabilidade de PROS, Promoções e Serviços Publicitários, Lda. O tom da revista é, contudo, mais de ostentação (no sentido concreto do termo, ostentar é ‘mostrar com aparato’) que de informação. O nº 6, nomeadamente, tem como data 2002-2009 e destinou-se a fazer o balanço do mandato prestes a terminar («No final de mais um ciclo autárquico em que os poderás públicos são chamados a prestar contas…», escreveu A. Capucho no editorial) e as perspectivas que um novo mandato iria proporcionar; não traz outra data na ficha técnica, mas compreende-se que tenha sido distribuído precisamente em final de mandato.
Saiu, por ocasião das Festas do Mar, o 1º número (a que não tive acesso) de C – Boletim Municipal, jornal mensal, com notícia de iniciativas não apenas camarárias e de pessoas da comunidade cascalense. Tenho presente o nº 2, datado de 15 de Setembro. Afigura-se-me, à 1ª vista, um jornal local. Coordena-o o Departamento de Comunicação, edição de Luísa Rego, dez são os membros da redacção; tiragem, 120 000 exemplares. De louvar, por dar trabalho e incentivo à profissão de jornalistas, numa época em que à Comunicação Social local faltam apoios institucionais. Uma forma, quiçá, de este Executivo ressarcir políticas anteriores…
Publicado em Jornal de Cascais, nº 284, 05-10-2011, p. 4.
Na galeria da Junta de Freguesia de Cascais, uma jovem búlgara aqui radicada, Radost Mitova, natural de Sófia (1983), expôs pintura: quadros em acrílico sobre tela, a colherem, em larga pincelada, instantâneos da paisagem e da vida. Apreciei os barcos, as cenas de tourada, o quadro «Olha», com fundo laranja e dois ciclistas, em 1º plano, em contraluz... Apreciei a abertura da galeria a quantos, vindos de fora, aqui fazem questão em querer mostrar a sua arte.
Na galeria do Casino, até ao dia 19, sugestiva mostra intitulada «Gentes de cá», porque Lima de Carvalho nela quis reunir artistas residentes nos concelhos de Cascais, Oeiras e Sintra. Muito concorrida, a inauguração, a 17 de Setembro. Merece, sem dúvida, uma visita!
Mas, além de Arte, as exposições mostram também História.
Assim, a propósito da vinda para Alcabideche de Nossa Senhora do Cabo, Guilherme Cardoso, da Assembleia Distrital de Lisboa, preparou para a aconchegada salinha do Montepio sugestiva mostra documental sobre esta longa tradição mariana, em que a Alcabideche cabe a palma! A não perder! Foi inaugurada a 18 de Setembro.
Encerrou, no Espaço-Memória dos Exílios, no Estoril, de que nos ficou precioso catálogo bilingue, O Estoril e as Origens do Turismo em Portugal, excelente documento histórico a guardar (ISBN: 978-972-637-242-4). No sábado de manhã, dia 24, João Miguel Henriques, responsável pelo Arquivo Municipal e, neste momento, um dos maiores conhecedores dessa temática, porquanto a tem investigado, guiou a visita e apresentou dois filmes antigos sobre a Costa do Sol de primórdios do século XX – uma delícia! A partir do dia 29, nova exposição nesse espaço, também de índole histórica, intitulada «Exilados, políticos e diplomatas em tempos difíceis»
Arqueologia e autarquias
Foi apresentado, em animada sessão de mesa-redonda no auditório do Centro Cultural de Cascais, também no sábado, 24, o volume, editado pela Câmara, que reúne as intervenções (comunicações, posters e debates) feitas no mesmo local, de 25 a 27 de Setembro de 2008, numa organização da Câmara e da Associação Profissional de Arqueólogos. 702 densas páginas, profusamente ilustradas a cores, plenas de informação e de uma actualidade que se mantém (ISBN: 978-972-637-243-1). Congratulamo-nos!
Boletins municipais
E já que se aborda esse tema da actividade editorial no âmbito da Cultura em geral e do Património em particular – em que o Município de Cascais leva a palma, seguramente, a nível nacional (o último ISBN indicado esclarece que, registadas, a Câmara, já editou 243 obras!) – é também suposto que uma Câmara dê conta das suas actividades e não apenas na página da Internet, www.cm-cascais.pt/ (acessível, queiramos ou não, apenas a uma minoria).
O vizinho Município de Oeiras mantém o boletim Oeiras Actual (nº 210, Maio de 2011), com exaustiva informação sobre iniciativas realizadas e em curso, as deliberações tomadas nas sessões camarárias, os regulamentos aprovados… Oeiras em Revista (nº 106, Verão de 2011) é, por seu turno, sugestiva revista, também de distribuição gratuita (0,75 € de custo de edição por exemplar, anota-se), com mui elucidativas reportagens sobre os serviços e as pessoas que os dinamizam.
Idêntica política informativa – consignada em papel – detém parte muito significativa das câmaras do País.
Optou o Executivo de A. Capucho por distribuir, de vez em quando, uma revista municipal a que deu o título Cascais. Tenho presente o nº 11, do último trimestre de 2010, com um dossiê especial sobre Educação, «eventos em destaque» (uma grande foto com legenda explicativa); a rubrica «Cascais em revista» (fotos legendadas); «breves». 34 páginas a cores, papel couché, formato A4, tiragem (indicada) de 88 000 exemplares, distribuídos porta a porta. O nº 3 (3º trimestre de 2008) fora também ele concebido pela empresa FE”DESIGN’ERS; a impressão e distribuição fora, porém, de Lisgráfica, enquanto que o nº 11 saiu da responsabilidade de PROS, Promoções e Serviços Publicitários, Lda. O tom da revista é, contudo, mais de ostentação (no sentido concreto do termo, ostentar é ‘mostrar com aparato’) que de informação. O nº 6, nomeadamente, tem como data 2002-2009 e destinou-se a fazer o balanço do mandato prestes a terminar («No final de mais um ciclo autárquico em que os poderás públicos são chamados a prestar contas…», escreveu A. Capucho no editorial) e as perspectivas que um novo mandato iria proporcionar; não traz outra data na ficha técnica, mas compreende-se que tenha sido distribuído precisamente em final de mandato.
Saiu, por ocasião das Festas do Mar, o 1º número (a que não tive acesso) de C – Boletim Municipal, jornal mensal, com notícia de iniciativas não apenas camarárias e de pessoas da comunidade cascalense. Tenho presente o nº 2, datado de 15 de Setembro. Afigura-se-me, à 1ª vista, um jornal local. Coordena-o o Departamento de Comunicação, edição de Luísa Rego, dez são os membros da redacção; tiragem, 120 000 exemplares. De louvar, por dar trabalho e incentivo à profissão de jornalistas, numa época em que à Comunicação Social local faltam apoios institucionais. Uma forma, quiçá, de este Executivo ressarcir políticas anteriores…
Publicado em Jornal de Cascais, nº 284, 05-10-2011, p. 4.
«Camisa de marca»
Cerimónia solene do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades, numa vila piscatória. Apresentaram-se bandas a fazer a guarda de honra; içou-se a bandeira, depositaram-se coroas de flores na estátua do Épico; um actor foi à varanda dos Paços do Concelho e disse as primeiras oitavas d’Os Lusíadas… Entre os assistentes, o Augusto, em mangas de camisa. Uma camisa axadrezada, que, de repente, até fazia lembrar as típicas, de flanela, dos pescadores. Por isso, o Silvino, seu amigo, lhe disse, ao cumprimentá-lo:
‒ Óptimo ver-te aqui, Amigo! E com camisa à maneira dos pescadores, mesmo a condizer, sim, senhor!
Terminada a cerimónia, já sem individualidades por perto, o Augusto veio sorrateiramente até junto do Silvino e explicou-lhe, com ar muito sério e em tom quase recriminatório:
‒ Pode ser parecida com a dos pescadores, pode, mas é de marca, fica sabendo!
‒ Claro, homem! Foi uma brincadeira minha, não ligues!
E ficou pasmado! Como é que uma pessoa, de alguma cultura até, se podia sentir ofendida por terem confundido a sua ‘camisa de marca’ com a dos pescadores locais!...
Para mim, que sou pelo «património do vestir», tem mais valor a do pescador do que a de marca – que se enverga aqui, em Nova Iorque e na Cochinchina!...
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 153 (Outubro 2011), p. 10.
‒ Óptimo ver-te aqui, Amigo! E com camisa à maneira dos pescadores, mesmo a condizer, sim, senhor!
Terminada a cerimónia, já sem individualidades por perto, o Augusto veio sorrateiramente até junto do Silvino e explicou-lhe, com ar muito sério e em tom quase recriminatório:
‒ Pode ser parecida com a dos pescadores, pode, mas é de marca, fica sabendo!
‒ Claro, homem! Foi uma brincadeira minha, não ligues!
E ficou pasmado! Como é que uma pessoa, de alguma cultura até, se podia sentir ofendida por terem confundido a sua ‘camisa de marca’ com a dos pescadores locais!...
Para mim, que sou pelo «património do vestir», tem mais valor a do pescador do que a de marca – que se enverga aqui, em Nova Iorque e na Cochinchina!...
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 153 (Outubro 2011), p. 10.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
A coluna que era altar
Quando, em finais da década de 70, comecei a leccionar Epigrafia (a ciência que estuda as inscrições), procurei incutir nos meus estudantes – para além do entusiasmo por essa pesquisa – duas ideias fundamentais:
1ª) Há inscrições em todos os tempos; cumpre-nos dar-lhes o devido valor como fonte histórica única, pensada precisamente para transmitir uma mensagem aos vindouros.
2ª) Há inscrições romanas por toda a parte, normalmente em reaproveitamento de paredes, metidas a esmo em muros, tanto em ambiente urbano como rural, porque, perdida a noção de qual fora a sua função inicial, facilmente se agarrava material ali à mão de semear.
E mandei-os por aí, como vira-latas (salvo seja!...) que deveriam dar a volta a tudo quanto era pedra facetada ou de forma inusual, à procura de letras!
Deu resultado a colheita, sobretudo em terras beirãs, onde os Romanos tinham estado e onde a pedra abundara sempre.
Várias foram as inscrições romanas identificadas então no concelho de Mangualde. Refira-se, hoje, uma que particular gozo deu.
‒ Olha lá: aquilo que está ali, a fazer de coluna, não parece um daqueles altares que o professor mostrou nas aulas?
‒ E tem letras!... Já viste?
Era mesmo! Luís Filipe Gomes e António Tavares estavam diante de uma casa em ruínas, na Quinta do Casal, logo à entrada da povoação de Casais (freguesia de S. João da Fresta).
De granito facilmente esboroável, fora até regravado por quem não percebia muito bem o que estava lá escrito (pudera, era latim!...), mas uma análise mais atenta permitiu a sua interpretação e posterior publicação na revista Ficheiro Epigráfico (inscrição nº 55, de 1985). Ficámos a saber que fora oferta, em jeito de cumprimento de promessa, feita por um tal Malgeino, filho de Leuro, natural de Árbua (localidade até aí desconhecida e cuja localização permanece por identificar), a uma divindade de nomes assaz estranhos – Lar Coutioso Longonaroso?... Há dois mil atrás!
Como um olhar atento derredor nos pode surpreender!
Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 578, 01-10-2011, p. 13.
1ª) Há inscrições em todos os tempos; cumpre-nos dar-lhes o devido valor como fonte histórica única, pensada precisamente para transmitir uma mensagem aos vindouros.
2ª) Há inscrições romanas por toda a parte, normalmente em reaproveitamento de paredes, metidas a esmo em muros, tanto em ambiente urbano como rural, porque, perdida a noção de qual fora a sua função inicial, facilmente se agarrava material ali à mão de semear.
E mandei-os por aí, como vira-latas (salvo seja!...) que deveriam dar a volta a tudo quanto era pedra facetada ou de forma inusual, à procura de letras!
Deu resultado a colheita, sobretudo em terras beirãs, onde os Romanos tinham estado e onde a pedra abundara sempre.
Várias foram as inscrições romanas identificadas então no concelho de Mangualde. Refira-se, hoje, uma que particular gozo deu.
‒ Olha lá: aquilo que está ali, a fazer de coluna, não parece um daqueles altares que o professor mostrou nas aulas?
‒ E tem letras!... Já viste?
Era mesmo! Luís Filipe Gomes e António Tavares estavam diante de uma casa em ruínas, na Quinta do Casal, logo à entrada da povoação de Casais (freguesia de S. João da Fresta).
De granito facilmente esboroável, fora até regravado por quem não percebia muito bem o que estava lá escrito (pudera, era latim!...), mas uma análise mais atenta permitiu a sua interpretação e posterior publicação na revista Ficheiro Epigráfico (inscrição nº 55, de 1985). Ficámos a saber que fora oferta, em jeito de cumprimento de promessa, feita por um tal Malgeino, filho de Leuro, natural de Árbua (localidade até aí desconhecida e cuja localização permanece por identificar), a uma divindade de nomes assaz estranhos – Lar Coutioso Longonaroso?... Há dois mil atrás!
Como um olhar atento derredor nos pode surpreender!
Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 578, 01-10-2011, p. 13.
sábado, 1 de outubro de 2011
Andarilhanças 17
Jornais, fontes para a história
Tive ocasião de, a propósito do 6º aniversário de Jornal de Cascais, salientar a importância da imprensa como fonte primordial para a História Local. Creio, pois, interessante que, uma vez por outra, se dê conta dos órgãos de informação que servem o concelho de Cascais.
Não vou ser exaustivo, bem no sei, porque, hoje, a distribuição é feita aqui e além, sem dias certos ou, pelo menos, sem uma informação adequada, a não ser que se disponha de Internet e se consultem as edições on line. Creio, porém, não errar se afirmar que o mais antigo jornal agora em publicação é O Correio da Linha, de Paulo Pimenta; tem sede em Oeiras, é mensal e assume-se mais no formato de revista; «nasceu no mês de Março de 1989, com o nome de “Correio da Costa do Estoril”, ou seja, está no 23º ano de publicação ininterrupta. Virá depois o semanário Jornal da Região – Cascais, distribuído com os exemplares do Expresso que se vendam no concelho; na edição nº 279, de 30 de Agosto, está consignado que esta é a sua III série e que está no seu 15º ano. O nosso Jornal de Cascais completou agora 6 anos de publicação, também ininterrupta. Criado em Outubro de 2008, O Correio de Cascais, sediado em Mem Martins, afirma-se, na página do face book como ‘Jornal Regional Quinzenal do Concelho de Cascais’; ultimamente é mensal; o nº 45 (Agosto) está disponível no blogue http://correiodecascais.blogspot.com/p/edicoes-online-2011.html
Outras iniciativas têm surgido, de que GoldenNewsCascais pode ser exemplo. Quinzenário, de distribuição gratuita, como todos os demais, teve o seu 1º número em 16 de Outubro de 2009. Disponível on line e distribuído aqui e além, na versão papel, vai no nº 29 (Junho/Julho 2011). É provável que haja mais.
Acaba a Câmara de Cascais de criar um jornal, assim à maneira dos jornais locais, não exclusivamente de teor camarário. Isso vai, pois, merecer, um comentário maior. A inserir num texto sobre as publicações camarárias.
Aviões
Desde há muito que os habitantes de Cascais se habituaram ao barulho dos motores dos aviões. Não apenas dos que aterram ou levantam voo na Portela, mas sobretudo das avionetas do aeródromo de Tires. Sentimos, este ano, porém, a falta de publicidade, mormente ao fim-de-semana, por sobre as praias: as avionetas com as longas faixas atrás foram raríssimas. E, para além do festival aéreo de 10 de Julho, tivemos direito, pouco antes do meio-dia de 7 de Setembro, a apreciar de novo, sobre a baía, os loopings e outros malabarismos da cascalense Diana Gomes da Silva. Maravilha!
40 dias é… muito dia!
Agora, já serão bem mais! Corta-nos, porém, o coração ver aqueles trabalhadores duma corticeira em Santa Maria da Feira, que, dia e noite, há mais de 40 dias, velam diante das instalações, para que o recheio não leve sumiço!
A cena repete-se, repete-se e continuará a repetir-se noutros locais, noutras empresas, noutras fábricas, no decorrer deste último trimestre de 2011. E, ao que parece, dada a passividade reinante, não há nada a fazer. Os proprietários desapareceram, sem aparentemente deixarem rasto; os trabalhadores ficaram de mãos e pés atados e – isso, sim, que vorazmente se faz… – bem depressa terão pela frente as exigências implacáveis (sim, im-pla-cá-veis!) do «paga a electricidade», «paga a prestação», «paga a água»!... Com ameaças certas de cortes no fornecimento, de imediata penhora de bens… Essas, sim, não se fazem rogadas! Abutres à espera que a vítima venha, inanimada, a sucumbir!
Esquerda radical
No passado dia 17, Mário Soares, em entrevista a uma estação de televisão, alertou para a forte possibilidade de, prosseguindo o Mundo neste caminho, se deve preparar para assistir ao aparecimento, a nível global, de uma esquerda radical.
Mário Soares licenciou-se em História antes de tirar Direito!
Um livro sobre a guerra de África
Já aqui tive oportunidade de me referir ao livro, de António de Almeida Marques, À Espera de um Domingo em Terras de Angola. O autor, que reside na Parede, foi um dos muitos capitães milicianos que, após ter feito o serviço militar e já regressado à vida civil, foi chamado para comandante de companhia e como tal esteve no teatro da guerra.
Assume-se o livro, e bem, como testemunho para oferecer aos amigos e, de modo especial, a quantos partilharam consigo esses longos meses, de 1970 a 1972. Sem nenhumas pretensões literárias e, também, sem dar grande importância ao rigor da escrita – que o que interessava era a mensagem. A alocução, que fez num reencontro de todos, em 2006, assume-se precisamente como tocante confidência de estados de espírito.
Penso que são depoimentos destes, inclusive com dados estatísticos, narrativas entremeadas de reflexões sobre a actualidade, o parecer do cidadão comum, e o contexto em que a guerra surgiu, que interessa dar a conhecer – para que não voltem a cometer-se os mesmos erros.
Publicado em Jornal de Cascais, nº 283, 28-09-2011, p. 6.
Tive ocasião de, a propósito do 6º aniversário de Jornal de Cascais, salientar a importância da imprensa como fonte primordial para a História Local. Creio, pois, interessante que, uma vez por outra, se dê conta dos órgãos de informação que servem o concelho de Cascais.
Não vou ser exaustivo, bem no sei, porque, hoje, a distribuição é feita aqui e além, sem dias certos ou, pelo menos, sem uma informação adequada, a não ser que se disponha de Internet e se consultem as edições on line. Creio, porém, não errar se afirmar que o mais antigo jornal agora em publicação é O Correio da Linha, de Paulo Pimenta; tem sede em Oeiras, é mensal e assume-se mais no formato de revista; «nasceu no mês de Março de 1989, com o nome de “Correio da Costa do Estoril”, ou seja, está no 23º ano de publicação ininterrupta. Virá depois o semanário Jornal da Região – Cascais, distribuído com os exemplares do Expresso que se vendam no concelho; na edição nº 279, de 30 de Agosto, está consignado que esta é a sua III série e que está no seu 15º ano. O nosso Jornal de Cascais completou agora 6 anos de publicação, também ininterrupta. Criado em Outubro de 2008, O Correio de Cascais, sediado em Mem Martins, afirma-se, na página do face book como ‘Jornal Regional Quinzenal do Concelho de Cascais’; ultimamente é mensal; o nº 45 (Agosto) está disponível no blogue http://correiodecascais.blogspot.com/p/edicoes-online-2011.html
Outras iniciativas têm surgido, de que GoldenNewsCascais pode ser exemplo. Quinzenário, de distribuição gratuita, como todos os demais, teve o seu 1º número em 16 de Outubro de 2009. Disponível on line e distribuído aqui e além, na versão papel, vai no nº 29 (Junho/Julho 2011). É provável que haja mais.
Acaba a Câmara de Cascais de criar um jornal, assim à maneira dos jornais locais, não exclusivamente de teor camarário. Isso vai, pois, merecer, um comentário maior. A inserir num texto sobre as publicações camarárias.
Aviões
Desde há muito que os habitantes de Cascais se habituaram ao barulho dos motores dos aviões. Não apenas dos que aterram ou levantam voo na Portela, mas sobretudo das avionetas do aeródromo de Tires. Sentimos, este ano, porém, a falta de publicidade, mormente ao fim-de-semana, por sobre as praias: as avionetas com as longas faixas atrás foram raríssimas. E, para além do festival aéreo de 10 de Julho, tivemos direito, pouco antes do meio-dia de 7 de Setembro, a apreciar de novo, sobre a baía, os loopings e outros malabarismos da cascalense Diana Gomes da Silva. Maravilha!
40 dias é… muito dia!
Agora, já serão bem mais! Corta-nos, porém, o coração ver aqueles trabalhadores duma corticeira em Santa Maria da Feira, que, dia e noite, há mais de 40 dias, velam diante das instalações, para que o recheio não leve sumiço!
A cena repete-se, repete-se e continuará a repetir-se noutros locais, noutras empresas, noutras fábricas, no decorrer deste último trimestre de 2011. E, ao que parece, dada a passividade reinante, não há nada a fazer. Os proprietários desapareceram, sem aparentemente deixarem rasto; os trabalhadores ficaram de mãos e pés atados e – isso, sim, que vorazmente se faz… – bem depressa terão pela frente as exigências implacáveis (sim, im-pla-cá-veis!) do «paga a electricidade», «paga a prestação», «paga a água»!... Com ameaças certas de cortes no fornecimento, de imediata penhora de bens… Essas, sim, não se fazem rogadas! Abutres à espera que a vítima venha, inanimada, a sucumbir!
Esquerda radical
No passado dia 17, Mário Soares, em entrevista a uma estação de televisão, alertou para a forte possibilidade de, prosseguindo o Mundo neste caminho, se deve preparar para assistir ao aparecimento, a nível global, de uma esquerda radical.
Mário Soares licenciou-se em História antes de tirar Direito!
Um livro sobre a guerra de África
Já aqui tive oportunidade de me referir ao livro, de António de Almeida Marques, À Espera de um Domingo em Terras de Angola. O autor, que reside na Parede, foi um dos muitos capitães milicianos que, após ter feito o serviço militar e já regressado à vida civil, foi chamado para comandante de companhia e como tal esteve no teatro da guerra.
Assume-se o livro, e bem, como testemunho para oferecer aos amigos e, de modo especial, a quantos partilharam consigo esses longos meses, de 1970 a 1972. Sem nenhumas pretensões literárias e, também, sem dar grande importância ao rigor da escrita – que o que interessava era a mensagem. A alocução, que fez num reencontro de todos, em 2006, assume-se precisamente como tocante confidência de estados de espírito.
Penso que são depoimentos destes, inclusive com dados estatísticos, narrativas entremeadas de reflexões sobre a actualidade, o parecer do cidadão comum, e o contexto em que a guerra surgiu, que interessa dar a conhecer – para que não voltem a cometer-se os mesmos erros.
Publicado em Jornal de Cascais, nº 283, 28-09-2011, p. 6.
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