Os
trabalhos executados, nomeadamente o da planificação
de uma rede de rega (se bem entendo), visam proporcionar doravante o usufruto
do local por parte da população, uma
vez que, inclusive, se procedeu ao plantio de árvores e à instalação do que hoje se chama mobiliário urbano e que, no
fundo, são acomodações para na Fonte haver a possibilidade de se passarem bons
momentos ao fim-de-semana e no Verão.
Lugares
ímpares de convívio e de consolidação
da comunidade ainda nas décadas de 50
a 60 do século passado, as fontes e os seus lavadouros
deixaram de ter préstimo, quando se introduziu o sistema da água canalizada ao
domicílio, que permitiu, primeiro, a compra de um tanque de cimento para a roupa
se lavar em casa e, depois, quando, com a instalação
da electricidade em todos os lares, mesmo os mais humildes, a máquina de lavar acabou
por tornar definitivamente inútil a ida ao lavadouro público. E, assim, o espírito
comunitário foi fenecendo aos poucos…
Muito
me agradou, pois, que os Amigos do Museu do Trajo, vestidos à moda
são-brasense, tivessem querido mostrar como era antigamente. Não, decerto, para
que se voltasse a esses tempos, mas – como se diz na notícia – para ser
«momento de evocação da memória e
convívio».
Se
me é permitido, eu iria mais além.
Em
primeiro lugar, a consciencialização
de que S. Brás continua a deter um bom nível freático, que importa
salvaguardar, sobretudo evitando a sua contaminação.
Depois,
porque não basta evocar, importa viver! E, por isso, não veria com maus olhos
que iniciativas particulares ou colectivas passassem a ter como cenário esses
locais.
Finalmente,
porque se falou em rede de rega e porque me lembro quando me levantava de
madrugada para ir buscar água ao poço do Corotelo (hoje tapado), para recordar
aos são-brasenses esses tempos em que poupar água era preocupação diária.
Era.
E,
agora, cada vez mais, tem de voltar a ser!
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 280, 20-03-2020, p. 13.