Esgrima, afinal, ficou assim
demonstrado, não é apenas o devaneio de uns quantos: é uma Arte, uma Técnica,
um saber de longa experiência feito, um hino à não-violência através de atitudes
à primeira vista violentas. E quando, mesmo nos filmes, se vêem cenas ‘de
espadeirada’, nada daquilo é improvisado: há muito treino, muita perícia e…
muita elegância também!
No sábado, tudo isso ficou amplamente
demonstrado e bem podemos agradecer a Mestre Eugénio Roque, que preside à Academia
das Armas de Portugal, ter solicitado o apoio do Município de Cascais para aqui
se realizar de novo o Campeonato Mundial de uma modalidade bem agradável de
ver-se, campeonato que se realiza de quatro em quatro anos e que teve o seu início
em 1996, em Lisboa... De resto, o elevado nível da esgrima portuguesa ficou bem
demonstrado e foi largamente referido pelos especialistas que a Cascais se
deslocaram.
Aliás, com apresentação de Ana Zanatti e Ricardo Carriço, a sessão foi
memorável, a culminar os dias anteriores de ensaios, competições e actuações ao
ar livre. A Academia de Dança Antiga de Lisboa brindou-nos, no começo, com duas
danças do século XVIII. O ponteiro das horas tocava as 19 quando, na categoria «solo», se deu entrada à equipa da Ucrânia, a
interpretar «A espada da morte», que arrebatou a medalha de bronze; seguiu-se a
Suécia, com um «Don Juan», que lhe valeu a medalha de ouro; apresentou a França
o mito da Fénix renascida que luta (medalha de prata). Entregou os prémios o anfitrião,
Mestre Eugénio Roque.
Seguiu-se a categoria «Ensemble». Portugal apresentou «Goldfinger» (medalha
de prata); a Rússia, «Sob o reino da ilusão», de bem bonita coreografia, que merecidamente
lhe valeu a medalha de ouro; a Espanha, com «Crazy, crazy, Amadeus», obteve a medalha
de bronze. Prémios entregues pelo Subcomissário José
Pereira, Director do Serviço de Peritagem de Armas da PSP, e Presidente da
Comissão de Segurança do Campeonato.
O duelo medieval, naquela eterna
luta pelo Santo Graal e pela perfeição
e pela donzela ama da, a Rússia inspirou-se
na Guerra de Tróia, uma passagem da Ilíada que celebra a morte de Heitor (medalha
de ouro); celebrou a Polónia a fraternidade nas armas (medalha de bronze); ganhou
Portugal a medalha de prata com «O poder da espada», bem agradável coreografia.
Entregou as medalhas Sua Alteza Real D. Duarte Pio de Bragança.
Na modalidade «Batalha antiga e medieval», apresentaram-se a Noruega, com
um «Ninguém passa!» pleno de humor, que arrebatou a medalha de ouro; e a
Rússia, com «Guerreiros em repouso», agraciado com a medalha de prata. Entregou
os troféus Clauso Neves, vice-presidente da Federação
Portuguesa de Esgrima.
Após o intervalo, na classe «Duelo Renascença /
Século XIX», Portugal arrebatou a medalha de bronze; a equipa francesa, a de
prata; e coube à Rússia o melhor galardão, o ouro – prémios entregues por
Marcel Dubois, Presidente de Honra da Academia de Armas Internacional,
Na classe «Batalha Renascença / Século XIX», bronze
e prata para a Rússia, o ouro foi para a França. Entregou os galardões Frederico
Valarinho, Presidente da Federação Portuguesa de Esgrima.
Na categoria «Duelo Fantasia / Intemporal», as
classificações dos finalistas presentes foram: Bronze – Alemanha; Prata –
Noruega; Ouro – Cazaquistão. Mike Bunke, Presidente da Academia de Armas Internacional,
subiu ao palco para galardoar os vencedores.
E, a terminar, na modalidade «Batalha Fantasia /
Intemporal»: Bronze – Rússia; Prata – Noruega; Ouro – França. Os galardoados
tiveram a honra de ser medalhados pelo Actor homenageado Gérard Barray.
No final, todos os participantes medalhados
subiram ao palco, emoldurando homenagens a Claude Carliez, Mestre de Armas,
Presidente da Academia Francesa, coreógrafo e actor, e a Gérard Barray, célebre
actor que incarnou as figuras de d’Artagnan, Cyrano de Bergerac e muitas outras
personagens em filmes de capa e espada e de aventuras. Foi-lhes oferecida uma espada
de honra com a gravação “Homenagem da Academia de Armas de Portugal – 2012” . Agradeceram comovidos
e aplaudidos por todos os presentes.
Usaram da palavra Eugénio Roque, Presidente da
Academia de Armas de Portugal e do Clube Duelo, e Mike Bunke, Presidente da
Academia de Armas Internacional. Trocaram-se lembranças, ramos de flores e
distinções internas.
Enfim, uma tarde excelente que se prolongou noite adentro e a todos
deliciou (recorde-se que, após cada apresentação, até os agradecimentos eram coreografados!...).
E nota bem alta recebeu a organização e, de modo
especial, a esgrima portuguesa, que está verdadeiramente de parabéns pelo seu
elevado nível, por todos, de resto, reconhecido sem favor, como atrás se assinalou.
[Fotos gentilmente cedidas por César Cardoso].
Publicado na edição de 22-08-2012 sw Cyberjornal: