Não
houve morteiros de alvorada nem fogo-de-artifício no final: e esta é a primeira
nota positiva.
Segunda,
a celebração de missa na Capela de
Nossa Senhora da Vitória, sita na Cidadela. Anunciou-se como ‘evocativa’ do
650º aniversário da elevação de Cascais
a vila; eu teria preferido que se designasse «de acção
de graças», mas considero que o local foi bem escolhido, por todo o simbolismo
que representa: é seu orago a
Senhora da Vitória e nós queremos continuar vitoriosos; aí esteve durante
décadas a imagem de Santo António que acompanhou o Regimento 19 na batalha do
Buçaco.
Terceira
nota positiva: a visita à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz guiada pela Dra.
Margarida Ramalho, que muito tem trabalhado na valorização
do espaço, agora com outros atractivos. Recorde-se que o Município, em colaboração com a Associação
Cultural de Cascais, procedeu à sua primeira abertura ao público no último
trimestre de 1989, por ocasião da grande exposição
polinucleada «Um olhar sobre Cascais através do seu património», aí tendo
ficado exposto o núcleo «Cascais na época dos Descobrimentos». De bom augúrio,
pois, esta reabertura, se prenúncio for de um maior interesse pelo património
arqueológico concelhio.
«Muraliza»
– de ornar paredes com murais – foi outro dos projectos iniciado. Reúne seis
intervenções, no centro da vila, com vista à criação
de um Circuito de Arte Mural: murais de grande e média dimensão, tendo Cascais
por tema. Mário Belém, Nomen, Arraiano, Exas, Youth One e Add Fuel – os
artistas que darão corpo à iniciativa.
Museu do Mar
De
tarde, no Museu do Mar, após a entrega de prémios do concurso de Banda
Desenhada em que participaram alunos das escolas do concelho, inaugurou-se a exposição Memórias Vividas, que mostra o percurso do
local, desde que serviu de parada (daí o nome por que foi conhecido durante
muitos anos e ainda é), até sede do Sporting Club de Cascaes, frequentado por
el-rei D. Carlos e pela nobreza e burguesia e até ser o que hoje é. Há
catálogo.
Saliente-se
o cuidado que houve em, através de uma espécie de óculos náuticos, se poderem
‘espreitar’ dois dos diaporamas que constituíram o que de mais inovador se fez
no primeiro Museu do Mar.
Foi
aproveitado o ensejo para mostrar aos participantes a riqueza que, na verdade,
o museu alberga; sem dúvida, um dos mais paradigmáticos museus do concelho,
pela grande ligação ao mar e às suas
gentes.
Salão nobre
Solene, a cerimónia seguinte, no salão nobre dos
Paços do Concelho. E teve razão o presidente ao afirmar que a cerimónia não
podia ter outro cenário.
Primeiro, o lançamento de postal
comemorativo. Tem vista da baía tirada do cimo do Parque Palmela aí pelos anos
50, sem paredão, o jardim arborizado do palacete Palmela e selo de taxa paga
com o brasão da vila. Explicou o significado do que é o «postal comemorativo»
Francisco de Lacerda, Presidente & CEO da empresa CTT, ou seja, o seu Chief Executive Officer, a sua maior autoridade
na hierarquia operacional.
Seguidamente,
em discurso muito bem estruturado, João Miguel Henriques,
responsável pelo Arquivo Municipal,
explicou o conteúdo da magnífica obra que, no final, foi oferecida aos
presentes, na versão em papel, mas que está doravante disponível também em
versão digital. Tem por título 1364-2014. Cascais Território . História .
Memória. 650 anos. 227 páginas que valem quanto pesam!
Encerrou
a sessão o Sr. Presidente da Câmara, a acentuar as características identitárias
cascalenses.
Teatro de Rua e concerto
Era aí pelas 19 horas quando chegaram, engalanados, os cavalos da GNR, em guarda de
honra ao jipe que trazia el-rei D. Pedro I. E vieram os cães amestrados.
Atractivas demonstrações. E veio o bobo, que faria
de elo de ligação entre as partes. E
vieram os ranchos, em princípio para mostrar trajos e danças – mas foi mais uma
espécie de festival de folclore, longo de mais, repetitivo, desnecessário,
enfadonho. Nota muito negativa.
Brilharam
os alunos da Escola de Dança de Ana Mangericão e os estudantes da Escola
Profissional de Teatro de Cascais, embora os espectadores, cansados de tanto
‘tacão e bico’, tenham acabado por não conseguir apreciar, como conviria, o
drama de Pedro e Inês e a outorga da carta de vila – que era, afinal, aquilo
para que se estava ali. Parabéns a Carlos Avilez e seus colaboradores. Valerá a
pena repetir o «auto», mas sem folclore!
Quanto
ao chamado «mega concerto», foi «mega» por ter muita gente no palco, mas… não
faltarei decerto à verdade se afirmar que… de lá saímos pouco convencidos. O
som não esteve bem; Ricardo Carriço dava umas explicações em voz pouco
perceptível; cada artista apenas cantou um número de seu repertório (a incitar
o público a cantar com ele, ‘parabéns, Cascais!’...), Ana Moura encantou-nos
mais com o seu ‘Desfado’ quando ensaiou à tarde do que quando actuou. Parabéns
são devidos ao maestro Nikolau Lalov por ter logrado acompanhar tanta gente!
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 48, 11-06-2014, p. 6.