Design foi
premiado
E se bem pensada foi, melhor foi
ainda a recompensa, pois que, soube-se em Abril, arrecadou mais um galardão: o
Grande Prémio Papies de Design.
Para se compreender
o significado da distinção, há que referir o que é. Todos os anos, a Pixelpower,
editora da revista doPAPEL, sediada em Santo António dos Cavaleiros,
lança o concurso Papies, destinado a premiar publicações em 23 categorias: 8 na
categoria ‘Produtos’ (revistas, livros, jornais nacionais…); 10 na categoria
suportes e tecnologias; e 5 distinções: ambiente, design, inovação gráfica,
empresa gráfica do ano e personalidade gráfica do ano. O concurso deste ano
(Papies 2014) galardoaria publicações vindas a lume entre 1 de Abril de 2013 e
30 de Março de 2014.
A Egoísta
arrebatou, pois, o Grande Prémio na categoria design, que partilhou com a ‘Expresso
Revista’, da Impresa Publishing, impressa pela Lisgráfica. Salientou-se, por conseguinte,
o excelente trabalho levado a efeito pelo Atelier 004 / Estoril Sol, bem
coadjuvado pela excelência da impressão, da responsabilidade da Norprint.
Aos
que estamos habituados a serenamente compulsar a revista, o prémio – o 63º já
arrecadado pela revista, até hoje, atribuídos tanto por entidades portuguesas
como por estrangeiras – não surpreende, porque… cada edição nos deixa sempre
perplexos pela enorme originalidade da sua concepção. Falamos do aspecto
gráfico – que sobre o conteúdo, sempre da responsabilidade de vultos grandes da
Cultura portuguesa, não há um senão a apontar.
A revolução de Abril
Esta 52ª edição ,
datada de Abril de 2014, quis associar-se, naturalmente, às comemorações dos 40
anos do 25 de Abril. E o tema é, por conseguinte, como se disse, “Revolucionar”.
Primeiro,
dir-se-á que a capa está, à partida, «integralmente
fechada, sendo necessário rasgá-la para explorar o seu interior». Revolucionar,
sim, mas devagar, que uma revolução como deve ser tem de ostentar conta, peso e
medida!...
Confessa Assis Ferreira,
no editorial, que ora, passados estes 40 anos, é capaz de já não se saber
exactamente o que foi: se «uma Revolução, um Golpe de Estado, ou uma
Insurreição Militar. Nem sei se, tão apenas, foi um regime moribundo, exausto
de si próprio, em expiação de cair à simples visão de uma “Chaimite”…». E,
depois de sublinhar que «pouco importa essa catalogação», porque «na História
sempre existem três leituras para cada episódio relevante: quando acontece,
quando é escrito e quando são compreendidas as suas consequências», agora, que
já vamos compreendendo as consequências – as que queríamos e as (outras
muitas!) jamais desejadas!... ‒ «é tempo de agradecer esse sopro de Liberdade
que, de início, nos embriagou, mas que o tempo soube sazonar em maturidade
responsável», conclui. E há que concordar.
Mais
um número, por conseguinte, para guardar «na prateleira», assim sempre à mão de
semear para, de quando em quando, nos deleitarmos com os textos e as imagens.
Desta
feita, temos, mais ou menos, os nomes que é costume pontificarem nas páginas da
revista, pois ao primor da escrita aliam o rigor e a profundidade da reflexão.
Entre outros: a Lídia Jorge (do consagrado O Dia dos Prodígios, não
esqueçamos!), o Manuel Alegre (que, num dos poemas, grita «contra as palavras
que não são de aqui», abençoado, oxalá ele consiga que a sua luta tenha
êxito!...), a Teolinda Gersão (com um excerto de «Paisagem com mulher e mar ao
fundo»), o João Tordo (que acaba por confessar que se deu conta de que,
sozinho, não é feliz nem é livre)…
E
há a reflexiva entrevista concedida por Eduardo Lourenço a Ana Sousa Dias, com
o título «Liberdade é uma luta sem fim» e onde, a dado passo, se proclama que
«liberdade sem preço não é liberdade». E as soberbas fotografias de Alfredo
Cunha, explicadas nos ‘bastidores’ de um Abril de há 40 anos atrás – que,
apesar de tudo, temos orgulho em recordar. E esta edição
da Egoísta colabora eficazmente nessa evocação .
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº
51, 25-06-2014, p. 6.
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