Primeiro,
pelo repertório escolhido; depois, pelo entusiasmo que do palco passou para uma
plateia completamente cheia; finalmente, pelo rigor de execução dos trechos, mercê da sempre excelente batuta do
maestro Nikolay Lalov.
Dizia-me
um amigo, à saída, que fora uma bênção
termos acolhido o romeno Nikolay Lalov. Eu partilho inteiramente da sua opinião:
foi num raro momento de inspiração
que os municípios de Cascais e Oeiras apadrinharam a criação
da Orquestra de Câmara de Cascais Oeiras, embrião que paulatinamente se enraizou
e frutificou em inúmeras iniciativas, das quais o Conservatório, a Escola de
Dança e, de modo muito especial, a Orquestra Sinfónica (uma lança em África,
sem dúvida!), que nos vem brindando, além de outros, com um concerto por estação do ano – são pilar es
a enaltec er. E que aos autarcas não
doam nunca as mãos por este apoio incondicional, ímpar e exemplar em Portugal!
Laura Vila, mezzo-soprano |
Optou
o maestro por nos oferecer uma «Noite de Ópera», que começou com a abertura da
ópera, de Verdi, «A Força do Destino» e terminou, na 1ª parte, com a «Dança dos
Matadores » de Minkus, não sem, pelo
meio, nos havermos deliciado com a maravilhosa e incomparável voz da mezzo-soprano
catalã Laura Vila, que, de resto, haveria de intervir brilhantemente, na 2ª
parte, que foi preenchida com os trechos mais significativos e conhecidos da
«Carmen» de Bizet (aquela «Habanera», por exemplo, foi um mimo!...). Tivemos
direito a dois «encores», a que correspondemos aplaudindo de pé uma noite memorável.
Memorável para o público e, não tenho dúvida, memorável também para os executantes,
que tão briosamente tocaram. Havia brilho nos olhos, havia calor nos abraços!
11
primeiros violinos, 10 segundos; 8 violas; 7 violoncelos; 3 contrabaixos; 3
flautas (que deliciosamente executaram alguns solos); 2 oboés; 2 clarinetes
(que também foram chamados a executar solos com todo o rigor); 2 fagotes; 4
trompas; 2 trompetes; 3 trombones (que nos fizeram vibrar); uma tuba; 3 músicos
estiveram na percussão (não se lhes dá muita importância, porque estão
escondidos a um canto, mas as suas oportunas intervenções, quase imperceptíveis,
enchem de encanto o conjunto); Beatrix Schmidt dedilhou a harpa.
Conseguiu
contar quantos componentes tem a orquestra? E, desta vez, a maioria com nome
português!
Que
mais dizer? Volte a aplaudir-se. De pé e por largos minutos!
José d’Encarnação