Mais de duas dezenas de pessoas estiveram
presentes, ontem, dia 3, ao final da tarde, no Espaço dos Exílios, no Estoril,
para assistir à apresentação do livro do Doutor Carlos Fabião, arqueólogo, professor
da Faculdade de Letras de Lisboa e munícipe de Cascais, intitulado
Uma História
da Arqueologia Portuguesa.
Começou por usar da palavra o Dr. Raul Moreira,
responsável pela editora, a Secção
de Filatelia dos CTT, que elucidou ser esta mais uma das apresentações que do
livro têm vindo a ser feitas pelo País, sempre com o maior acolhimento, não
apenas devido ao conteúdo da obra mas também pela valia do seu autor, a quem se
referiu em termos elogiosos, quer como docente quer como investigador.
Carlos Fabião fez questão em
salientar que se trata de um grande trabalho de equipa, pois que não basta o
texto, há toda uma roupagem que o envolve e nisso os serviços técnicos que colaboraram
na edição foram altamente eficazes. Uma vez que se torna difícil aos arqueólogos
portugueses alicerçarem nacionalismo em dados arqueológicos, pois que sempre as
nossas fronteiras culturais estiveram ligadas à Hispânia, por exemplo, constitui,
no entanto, a visita aos sítios indicados no roteiro final um bom pretexto para
melhor se conhecer o passado do nosso País e, por esse meio, se cimentar
identidade.
Encerrou a sessão o Presidente da
Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras: os vestígios arqueológicos
podem ser entendidos, de facto, nessa lógica de identidade e são, muitas vezes,
indícios bem evidentes dos valores de tolerância, que, hoje mais que nunca, importa
cultivar. Aproveitou o ensejo para se referir a sítios arqueológicos do concelho
que, pouco a pouco, irão ser valorizados, desde as necrópoles pré-históricas,
às villae romanas dos Casais Velhos,
Alto do Cidreira, Freiria, com particular destaque para a Fortaleza de Nossa
Senhora da Luz, mui provavelmente a primeira a ser intervencionada, com vista a
maior usufruto por parte da população.
O volume, magnífico, datado de Outubro de 2011, destina-se a acompanhar,
como é de uso em edições dessa secção, a série filatélica de seis selos
temáticos posta em circulação.
«Desde as origens à descoberta da arte do Côa», aponta o Autor, em
pinceladas largas mas seguras, os momentos, os monumentos e os arqueólogos mais
significativos. Modestamente, optou
por chamar-lhe «uma história», pois que outras poderão existir e se compreende
bem a dificuldade real em resumir em menos de 200 páginas, que se queriam
profusamente ilustradas e para o grande público, as peripécias por que foi
passando entre nós uma ciência que, embora assumindo o seu carácter já na
segunda metade do século XIX, teve cultores de monta desde o tempo dos
Humanistas, pelo menos.
«Os tempos da Sagrada Lei Escrita e dos nossos antepassados
romanos»; «A Antiguidade como argumento de legitimação política: a Real
Academia da História Portugueza», «A grande revolução: o Evolucionismo
e a antiguidade da Terra, das formas de vida e do Homem», «A antiguidade das nações»,
«O século XX» – são os significativos
títulos que o autor escolheu para esta caminhada, que culmina, como atrás se
referiu, na apresentação de «um roteiro da Arqueologia Portuguesa», antecedido
de elucidativo mapa (p. 184) e contendo informação sobre os museus históricos
da Arqueologia Portuguesa ou os outros que detêm no seu acervo significativo espólio arqueológico (ao todo, 28), não se
hesitando em mencionar dez outros locais que se destacam «pelo seu particular
interesse».
Uma viagem deveras interessante, em que se mostra como mesmo uma ciência
que se quer exacta como a Arqueologia nunca está – por mais que se queira –
desgarrada do contexto social e político em que se pratica. Em todo o caso,
como o Autor salienta, a terminar, «ao serviço de um desenvolvimento
sustentável, o património arqueológico ocupa um espaço cada vez mais importante
no quotidiano das populações» (p. 182).
Entre as individualidades presentes, registe-se a da Senhora Vereadora da
Cultura, Dra. Ana Clara Justino, e a do actual Director do Museu Nacional de
Arqueologia, Dr. António Carvalho.
Publicado em Cyberjornal, 4-10-2012:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=17144&Itemid=30