Coube
ao Prof. Silva Lopes – que foi, aliás, o prefaciador da obra – a apresentação formal
do volume, que, como o título indica, historia, por décadas, o que foi mais de
um século da actividade turística em Portugal, desde 1900 a 2009. Referiu-se
Silva Lopes à actividade que o autor tem exercido neste domínio e sublinhou a
acuidade da análise feita, tecendo oportunas considerações acerca do relevante
papel que o turismo detém no desenvolvimento económico do País.
Mário Assis Ferreira, administrador
do Casino, usou da palavra não apenas para felicitar o autor e a sua iniciativa,
mas também para mostrar como a política governamental em relação aos casinos
não tinha consistência (focou, de modo especial, a proibição de fumar) e contribuía
mui eficazmente para diminuir drasticamente as receitas do próprio Estado,
receitas que, como repetidamente sublinhou, são, por força da lei, aplicáveis
no incremento turístico.
Manuel Damásio, administrador da Universidade Lusófona e que estava na mesa na sua
qualidade de representante da editora do livro, referiu-se à personalidade do
autor e aproveitou o ensejo para realçar o ensino de excelência que se
procurava fazer na sua Universidade, numa perspectiva de aproximação estreita
entre os países lusófonos.
Licínio Cunha começou por explicar
que era sua intenção fazer um livro diferente, mais pessoal, quiçá a relatar
mais o que fora a sua experiência, mormente a nível governamental; mas,
confessou, à medida que ia avançando na escrita, «o livro foi tomando conta de
mim». «Não é, pois», asseverou, «um livro neutro nem acrítico e pode, por isso,
suscitar saudável polémica». Relanceando o olhar sobre o que foi o sector do
Turismo nos últimos tempos, não quis deixar de observar que haviam passado mais
de 20 pessoas pelos cargos de Governo responsáveis por esse sector, o que necessariamente
tornou bem mais difícil a governação e determinou deficiente traçar de estratégias
válidas, porque os cargos eram ocupados durante pouco tempo e por quem pouco
saberia do mester. «Perdem-se meios em experimentalismos de resultados duvidosos»,
afirmou, acrescentando: «Todos negam as obras uns dos outros. Há leis que se
fazem, refazem e desfazem, sem que se vejam os seus resultados». E, ao comentar
algum incremento turístico registado nos últimos tempos, sublinhou que essas correntes
turísticas com destino ao nosso País não consagram o resultado de estratégias
concertadas e bem pensadas; são, isso sim, a consequência das desgraças
alheias, dos destinos que, por um motivo ou por outro, deixaram de ser momentaneamente
apetecíveis.
Com mais de 600 páginas, Turismo em Portugal: Sucessos e Insucessos constitui,
pois, doravante, uma obra de referência, não apenas pela história que conta,
mas sobretudo pela reflexão que pode e deve provocar.
Recorde-se que Licínio Cunha foi
Presidente da Junta de Turismo da Costa do Estoril e Secretário de Estado do
Turismo (durante vários governos). A ele se deve, por exemplo, a realização do III Congresso Nacional de Turismo,
na Póvoa de Varzim (03-07.12.1986), no ano em que se comemorava o Jubileu do
Turismo Português, cujas actas foram publicadas pela Comissão Executiva do Ano
do Jubileu do Turismo Português e pela Secretaria de Estado do Turismo: III Congresso Nacional de Turismo –
Documentos, Porto, 1986. Publicou, entre outras obras da especialidade, Introdução ao Turismo, Lisboa:
Editorial Verbo, 2001; Economia e
Política do Turismo (McGraw-Hill de Portugal, Lisboa, Setembro de 1997, com
nova versão em 2006, pela Editorial Verbo). Na década de 80, foi também um dos principais
paladinos do ressurgimento do turismo termal no nosso País.
Publicado na edição de 1 de Outubro de 2012 do Cyberjornal: http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=17124&Itemid=67
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