A
inauguração oficial decorreu, como
se sabe, na passada sexta-feira, 19, ao meio-dia, com a presença de Mariana
Ribeiro Ferreira, em representação
do Sr. Ministro da Solidariedade Social (ausente por motivo de doença), do
Presidente da Câmara, do Presidente da Junta de Freguesia e vários membros do
seu executivo e da assembleia de freguesia, da Provedora da Santa Casa da
Misericórdia de Cascais. Acorreram também representantes de entidades que
patrocinam o empreendimento, técnicos cama rários,
jornalistas e população em geral.
Justificou-se
a cerimónia mesmo depois de já se encontrar em actividade há meses, porque
desta sorte, inclusive através das reportagens passadas na Comunicação Social (escrita, falada e televisiva) se ficou a
saber melhor do que é que efectivamente estava em causa.
Não se trata,
como à primeira vista poderia parecer, de mais um acto de ‘caridadezinha’ (entendendo
esta na sua conotação pejorativa:
«toma lá um peixe para matares a fome»). Os responsáveis por esta IPSS
(Instituição Particular de
Solidariedade Social) reuniram uma série de esforços, bateram às mais diversas
portas e conseguiram, assim, parcerias que permitem a elaboração de pratos a preços módicos, confeccionados,
diga-se, boa parte deles segundo receitas dos cozinheiros que assim quiseram também
colaborar graciosamente. Aproveitaram-se as excelentes virtualidades da cozinha
da creche da Pampilheira (gerida pela Santa Casa) e as técnicas da Cozinha com
Alma dispõem de uma lista de famílias – inscritas na Junta de Freguesia, após cuidadoso
inquérito – às quais, segundo o rendimento familiar, possibilitam refeições.
Há, pois, preços diferenciados e a própria população
(por enquanto…) não carente pode ir lá fazer as suas encomendas e comprar os
pratos confeccionados no próprio dia ou nos dias anteriores e devidamente
congelados. É essa uma forma de ajudar a instituição
e, ao mesmo tempo, de se ajudar a si próprio, dado que os preços são
relativamente baixos, mormente se se fizer a comparação
com a qualidade que se fornece. Por conseguinte, não se trata de mais uma
instituição de ‘caridade’, de mais
uma «sopa dos pobres» no sentido pejorativo que esta expressão consagra, mas de
um verdadeiro serviço social, a apoiar.
O jardim da Mário Clarel
Recordar-se-á
que a instalação da loja naquele
local provocou uma onda de protesto por parte dos vizinhos, na medida em que
para ali, a Rua Mário Clarel, desde há mais de duas décadas, se previa um espaço
de lazer. Ora, a loja iria ocupar esse espaço e lá iriam por água abaixo as expectativas
criadas.
Tal
não acontec eu, porém, graças fundamentalmente
à grande mobilização dos moradores, que
suscitou uma reunião com a presidência da Câmara, donde resultou a promessa de
que não apenas a loja não iria prejudicar o espaço verde previsto como de imediato
se iria estudar o seu correspondente enquadramento.
Logo
que tiveram conhecimento da inauguração
oficial da loja (para que, aliás, foram expressamente convidados), os moradores
voltaram a insistir junto da Presidência da Câmara e, tanto através de correio
electrónico como no próprio dia da inauguração ,
Carlos Carreiras garantiu o início dos trabalhos logo que ficasse disponível,
em 2013, o orçamento previsto para o efeito. E foi-nos dado a conhecer o
desenho (em anexo) do que ali se pretende levar a efeito.
Por
conseguinte, por dois meios se procurou alcançar alguma dignidade: primeiro,
através de uma acção da comunidade
em prol dos mais necessitados (e, no caso concreto de Cascais, mormente da chama da ‘pobreza envergonhada’, que é a dos membros da
chama da ‘classe média’, em muito
perigosa via de extinção …) e acelerando
o processo de reconversão dum espaço, que esperamos venha a ser, dentro em
breve, uma boa referência neste bairro.
Publicado na edição de 24-10-2012
de Cyberjornal:
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