Quase
poderia afirmar-se que «é bem» falar de património: enche a boca dos políticos;
preenche páginas de revistas e jornais; dá azo a fotografias sugestivas e os
textos ou se confiam a especialistas (o que é raro) ou airosamente se copiam de
qualquer sítio ou blogue (o que é frequente!).
Não me
surpreendeu, pois, que o nº 31 (Maio 2010) da UP, revista da TAP, até pelas
suas características – ver Upmagazine@tap.pt
/ www.upmagaine-tap.com –, haja dedicado
a sua capa ao Minho, relevando os trajos, os bordados («Pode ser que Portugal
seja o iniciador dos bordados pelo mundo» (Agostinho da Silva), com especial
destaque para a singularidade dos lenços de namorados e seu uso tradicional e a
filigrana. Anota-se que «o traje minhoto foi criado para a Exposição do Mundo Português de 1940, contrariando a nossa
suposta identidade tristonha» (p. 2). Aliás, todo o número é dedicado ao Minho,
«o exuberante berço de Portugal» e a revista UP anunciava nesse número que ousava
sonhar mais alto: «tem como objectivo focar o que de melhor se faz em Portugal»
(p. 7).
Confesso desconhecer se o
propósito teve seguimento; contudo, as rubricas previstas ostentavam, sedutoramente,
designações próprias da aviação :
1 embarque imediato:
«Conheça um pouco as maravilhas de Portugal».
2 partida: «O fundamental
sobre a região da capa».
3 bagagem de mão:
«Aproveite para pôr a leitura em dia».
4 piloto automático: «Tudo
o que o avião tem para lhe oferecer».
5 aterragem: «Saiba tudo
sobre o universo TAP».
Louvem-se, por conseguinte, todas
estas iniciativas. De louvar ainda mais as que visem um efectivo usufruto desse
património por parte da população ,
mormente da que lhe está mais próxima e que, amiúde, o desconhece. Os habitantes
locais devem ser os alvos primeiros dessa divulgação ,
para que sejam também eles os primeiros a zelar activamente pela sua defesa e
conservação .
Publicado no quinzenário
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