Teve lotação esgotada o Auditório Senhora da Boa Nova, sábado, dia 9, por ocasião do Concerto de Primavera levado a efeito pela Orquestra Sinfónica de Cascais.
E
havia razão para isso! O programa previsto era de molde a interessar mesmo os que
não são visceralmente melómanos. Explicou o maestro, Nikolay Lalov, que,
comemorando-se, no próximo ano, os 250 anos sobre o nascimento de Ludwig van
Beethoven e esperando-se que, nesse ano, muitos concertos se executarão com
obras do compositor, a Sinfónica de Cascais decidiu antecipar a comemoração, integrando neste concerto duas das suas peças
mais significativas: a Sinfonia nº 5 em Dó Menor (op. 67) e a Fantasia Coral
também em Dó Menor (op. 80), em que intervieram o Coro Sinfónico «Lisboa Cantat»
e o renomado pianista Pedro Burmester.
Utilizei
para título desta nota o adjectivo «empolgante!» e tenho a certeza de que não
exagerei, porque foi essa – não tenho dúvida! – a sensação
dominante de quantos tivemos o privilégio de assistir: empolgados!
Excelente,
a interpretação de todos, tanto na
1ª parte, como, de modo especial, na 2ª, em que foi, na verdade, empolgante o
diálogo entre piano e orquestra. Só visto e ouvido! Parabéns, parabéns,
parabéns!
E
dei comigo a pensar, voltando à 1ª parte: quando se escuta uma sinfonia como
esta, poderá acontecer que apenas nos deixemos enlevar pelo diálogo entre os
vários instrumentos; contudo, a diversidade dos movimentos, a intervenção ora de um ora de outro dos naipes levam-nos
seguramente mais além: projectam-nos não para os ruídos urbanos mas para uma
existência no campo, no contacto com a Natureza e os seus elementos… Sussurra o
vento nas árvores, murmuram as águas no pequeno regato ali ao pé, há de longe
em longe o pipilar das aves e até aquela
nuvem negra que corre no ar deve ter impressionado grandemente o compositor,
que tudo transpôs, imagino eu, para as pautas.
Invenção minha, quiçá, mas será porventura difícil saborear,
ou simplesmente ouvir, música sinfónica, sem nos deixarmos transportar para
essoutro mundo… Não o das pressas urbanas, onde até um relâmpago se despe, o
trovão estala aterrador e nem se compreende o atrevido namoro do mar acariciando
falésias…
E
tudo programado ao segundo, numa perícia sem par!
Empolgante,
sim, é o adjectivo certo. Saímos de alma cheia (passe o lugar-comum). E damos
graças por Cascais ter tido a inteligência de apoiar uma orquestra sinfónica. Parabéns!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal. edição
de 11-03-2019:
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