«Andar nas bocas do mundo»: a expressão tem, geralmente,
uma conotação negativa, porque está cada vez a ser mais habitual que se divulgue
o que está mal e se esqueça, ou não se fale do que está bem. Vejam-se os
programas de televisão e as notícias dos jornais. Dá impressão – e até (nós sabemos!)
é verdade!... – que só o mal traz leitores! Todos os dias me aparece no telemóvel
que o puto esfaqueou um colega, o marido degolou a mulher… como se o mundo girasse
em torno desses desvarios!
Ora, andar nas bocas do mundo por bons motivos é, na
verdade, uma das metas que o autarca consciente do seu papel deve prosseguir. Não
basta dizer «viver aqui é bom!», «Este é o melhor lugar do mundo!». Queremos
razões, factos concretos, argumentos válidos, provas! E queremos que haja consciência
da necessidade de chamar mais gente boa a viver na nossa terra e a apreciar o
bom que temos para oferecer! Há, até, um nome ‘técnico’ para isso: «promoção»!
Alegrou-me, por conseguinte, ver que a nossa S. Brás
esteve, de certo modo, ‘nas bocas do mundo’ por uma boa razão. Refiro-me ao
facto de ter visto, no delicioso programa da RTP 1 «100% Português» de sábado,
10 de Junho, a reportagem sobre as «Palmas Douradas». Foi não só a promoção da apreciada
iniciativa de uma empresa são-brasense, mas também um bom pretexto para mostrar
como o nosso Museu do Traje acolhe, de braços abertos, as boas iniciativas. A empreita
ali esteve no seu maior esplendor, a mostrar como pode aproveitar-se o que a
nossa Serra nos proporciona.
Também gostei de saber que, este ano, nas festas dos
Santos Populares, em Estoi, o Rancho de Bordeira evocara os trabalhadores da pedra
e mostrara no final, em apoteose, emergindo de um bloco do nosso calcário, uma estátua
de Santo António. Valeu! Um ex-libris também as pedreiras dos Funchais, nossas,
do Corotelo e de Bordeira, que tantos bons operários formaram e que do seu sapiente
labor deram mostras por esse País além!
José d’Encarnação
Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 320, 20-07-2023, p. 13.
Há que valorizar o que de bom nos passa ao lado. Excelente!
ResponderEliminarÉ assim que se devia andar sempre nas bocas do mundo, quando há esforço para fazer bem, para reabilitar, para aproveitar as potencialidades, ou recursos de uma região.
ResponderEliminarParece ser o que aconteceu em São Brás de Alportel, daí que haja lugar para as devidas vénias à empresa que propôs, e ao Museu do Traje que acolheu a ideia.
Mas conhecemos o mundo em que vivemos. Mais vezes a conotação negativa se aplica.
Tão agradável conhecer casos de autêntica conjugação de esforços.