O meu primeiro
despertar para a infinita beleza da fauna e da flora resultou da leitura, ainda
em plena juventude, do livro Belezas Ignoradas, do Dr. Tihamér Toth
(Coimbra Editora, 1958), especialmente dirigido aos seus «jovens leitores»,
nomeadamente escuteiros.
Dei comigo –
recordo-me – a admirar, por exemplo, a vida das formigas, a imensa variedade de
formas de folhas e de flores, a maravilha que é verificar como essas folhas e
flores se movimentam em função da luz.
Na escola,
pasmei quando vi, pela primeira vez, a imagem da welwitschia mirabilis,
essa planta rasteira que logra sobreviver na seca agressividade do deserto do
Namibe. Maravilha para que, no seu habitual postal de boas-festas deste ano, o
Doutor Jorge Paiva chama a atenção, dadas suas características ímpares.
Jorge Paiva
descreve-a assim:
«É um
autêntico bonsai natural, por ser uma planta lenhosa com o tronco
atarracado (aborta o crescimento apical inicial e o tronco passa a crescer
perifericamente), apenas com duas grandes folhas (rasgadas longitudinalmente)
de crescimento contínuo […]. Não é mais do que um pinheiro anão e atarracado,
só com duas folhas grandes».
Quem diria?
Aliás, desta
feita, Jorge Paiva só aparentemente é que deixou de parte o seu pendor
combativo. Preferiu um combate pela positiva, referindo o que, como
botânico, o foi maravilhando nas suas
inúmeras viagens de estudo.
«Encantaram-me
as plantas epífitas com uma única folha apoiada horizontalmente nos ramos das
árvores, para, assim, receberem o máximo de radiação solar».
Tenho em casa
e no jardim três ou quatro variedades de orquídeas, uma flor de mui fascinante
beleza. E diz Jorge Paiva: «Muita gente não sabe que temos cerca de 60 espécies
de orquídeas nativas em Portugal, todas terrestres e vistosas».
Que maravilha!
Nada melhor,
de facto, para nos consciencializarmos de quão importante é a biodiversidade
para a saúde plena do nosso planeta.
Pormenores
são, não há dúvida, mas de significado maior.
E bem anda o
Doutor Jorge Paiva por, pontualmente, em cada Natal, fazer questão em no-lo
recordar. Estamos-lhe gratos por isso!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento [Mangualde], nº 858, 15/01/2024, p. 10.
Post-scriptum: as fotos a que infra se alude.
Welwitschia mirabilis feminina. Angola, Deserto de Namibe 08.08.2007 |
Welwitschia mirabilis feminina. Pinhas com sementes aladas. Angola. Deserto, entre Namibe e Virei 18.05.2013 |
Teve o Doutor Jorge Paiva a gentileza de me enviar mais umas fotos da welwitschia mirabilis, acrescentando: «Vão umas fotos elucidativas da Welwitschia com pinhas masculinas e pinhas femininas, para mostrar aos incrédulos que esta planta dá pinhas como os pinheiros. Já agora, vão umas fotos das sementes aladas, tal como são alados os pinhões dos pinheiros».
ResponderEliminarAtendendo a que não é fácil inserir aqui essas fotos, vão em jeito de complemento no texto inicial.
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