Fernanda Ataíde
Faleceu, no passado dia 19, Fernanda
Athayde, que foi a grande timoneira do Hotel Atlântico e um dos vultos notáveis
da nossa terra, pela sua tenacidade, saber e dedicação
à causa da hotelaria e do turismo locais.
A seu filho e continuador Luís
Athayde e demais família, o meu abraço de mui sentidos pêsames.
Que descanse em paz!
Fortaleza da Senhora de Luz
No âmbito da comemoração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios,
abriu a Câmara Municipal de Cascais, na tarde do sábado, 21, a Fortaleza de Nossa
Senhora da Luz, sita entre a marina e o Palácio da Cidadela. Margarida Ramalho,
uma das investigadoras que mais se tem debruçado sobre a história e a
interpretação dos vestígios
arqueológicos dessa que constitui seguramente o mais antigo bastião de defesa
da vila, guiou as visitas e ajudou os curiosos a compreenderem o significado
que tem essa união íntima entre a Arqueologia e a História para alimentar as
raízes da nossa identidade.
Tive, pois, ocasião de rever os
locais por onde, em 1989, se instalou o núcleo «Cascais na época dos
Descobrimentos» da exposição
«Cascais, um olhar através do seu património», que a Associação Cultural de Cascais, em estreita colaboração com a Câmara, levou a cabo. Datam desse outono a
instala ção
eléctrica e a possibilidade de visita ao monumento, assim como o projecto, que
ainda não logrou ser concretizado, de se musealizar esse espaço prenhe de
história.
Cidadela
Após a visita à fortaleza e antes da
cerimónia de apresentação da
fotobiografia de D. Maria Pia de Sabóia, houve tempo para dar uma vista de
olhos pela reconversão da Cidadela. Além da pousada recém-inaugurada, que
ficou, afinal, diga-se de passagem, bem integrada no conjunto arquitec tónico pré-existente
(o toque de modernidade não choca e o aproveitamento dos espaços para os 126
quartos e suites é digno de encómio), há todo um conjunto de equipamentos, que
se arriscam a ser, doravante, mui agradável ponto de encontro para residentes e
forasteiros. Adivinha-se, para já, grande afluência ao fim-de-semana e, no
Verão, o espaço da antiga parada do quartel será, sem dúvida, condigno palco de
manifestações culturais.
Cumpre-se, assim, mais de cem anos
passados, um desejo da população cascalense,
dado que, como se sabe, logo nos primórdios da República, a cidadela foi
oficialmente entregue ao povo de Cascais.
O que falta? O que eu sempre disse e
considero falha imperdoável, o único pecado mortal cometido: a ausência da
História! Não teria custado muito destinar um dos espaços – e ele há tantos!...
– para nele se recordar, ainda que minimamente, com fotografias, alguns
objectos e até (porque não?) um pequeno vídeo, o que foi aquele monumento, o
enorme conteúdo histórico que o impregna. Não nos deram ouvidos, tenho muita
pena! Curiosamente, não fora essa a atitude de uma entidade de quem, à partida,
tal se não esperaria, o Exército: após o 25 de Abril, a magnífica cisterna sob
a parada foi esvaziada e transformada em salão nobre da Artilharia, mostrando,
em vitrinas, pedaços de história; e, no jardim fronteiro à porta de armas
instalou-se o Museu da Artilharia Antiaérea. Outros tempos, esses, em que à
Cultura se reconhecia o papel que efectivamente detém, por mais que não se
queira!...
D. Maria Pia de Sabóia
Esposa de el-rei D. Luís I, o
monarca que faleceu no Palácio da Cidadela (hoje afecto ao Museu da Presidência
da República), D. Maria Pia de Sabóia esteve profundamente ligada a Cascais e
às suas gentes, a partir de 1870. Justificava-se, pois, que nesse palácio fosse
apresentada a fotobiografia comemorativa do centenário da sua morte (1911), da
autoria de Maria do Carmo Rebello de Andrade, numa edição
conjunta do Palácio Nacional da Ajuda e da Câmara Municipal.
A cerimónia ocorreu ao final da tarde de sábado, 21, perante luzida e
selecta assistência.
Falou o Sr. Presidente da Câmara: pala vras
de ocasião, a realçar o significado do acto.
Fez o historiador Rui Ramos uma longa conferência sobre a monarquia na 2ª
metade do século XIX, destacando miudamente as diferenças entre a monarquia
italiana e a portuguesa de então (ficou-se a saber que já nessa altura os
governantes sabiam fazer das suas!...). O erudito conferencista é, desde 1986,
investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e
tem-se dedicado, em particular, a estudar o final da monarquia portuguesa e os
primórdios da I República.
Também a Dra. Isabel Silveira Godinho, directora do Palácio Nacional da
Ajuda, disse de sua justiça, dando conta de como o livro fora elaborado, com
base na documentação existente no palácio.
A autora quase nos contou todo o conteúdo da obra, enquanto repetidamente
as imagens (supomos que as mais significat ivas,
do quotidiano da Família Real, instantâneos do veraneio em Cascais…) eram
passadas no ecrã.
Inteligentes, porque muito breves, as intervenções finais tanto da
Senhora Vereadora da Cultura como do actual responsável pelo palácio.
Previsto para iniciar-se às 18.15
h, o acto teve o chamado ‘quarto de hora académico’ de tolerância e só viria a
concluir-se em cima das 20 horas.
[Publicado no Jornal de Cascais, nº 311, 25.04.2012,
p. 4].
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