Quando, em
Agosto, houve o propósito de se levantar polémica acerca
do mastro Endeavour, decerto terá passado pela cabeça de alguns (dos que ainda
têm cabeça susceptível de armazenar dados…) que houvera, em tempos, a intenção de também plantar por ali qualquer ‘coisa’
gigantesca. A opinião pública alvoroçou-se e o projecto não foi por diante.
Confesso
que fiquei a remoer nessa associação
de ideias e vasculhei os meus arquivos. Não, não se tratava nada de mastro
enorme, mas sim de um hotel. O caso passou-se em Novembro de 2006 e (passo a transcrever)
“em declarações à agência Lusa, António Capucho
(PSD) sublinhou que a decisão [da reprovação ]
se deveu ao facto de o anteprojecto da construção
de uma torre na marina de Cascais ter colhido «várias reacções negativas por
parte de vários sectores da sociedade civil local»”. Era um hotel do tipo
gigantesco foguetão, daqueles que a gente conhece lá das Arábias, e ficava na
ponta da marina, aí com uns 100
metros de altura.
Claro:
associámos o mastro à torre e um nada tinha a ver com a outra. Diga-se, aliás,
em abono da verdade, que o mastrozinho, com os seus escassos 40 metros , até nem fica
nada mal por ali. Ou melhor: o que fica mesmo bem é a bandeira vermelhinha cá
da terra, lá no topo, a dançar ao sabor da aragem…
«Aqui há revista!»
Merece, sem dúvida, apontamento
maior a revista «Aqui há revista» que o Grupo Cénico da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais
está a levar à cena, aos sábados, desde o passado dia 4.
A estreia,
na sexta-feira anterior, foi só para convidados, que encheram por completo o
vetusto teatro e não regatearam aplausos aos dinâmicos e incansáveis actores
que teimam em manter uma tradição .
Aliás, esse é logo o mote do primeiro quadro – que constitui também saudosa
evocação do Luiz de Barros (que em
Outubro nos deixou) e emotiva homenagem a Ermelinda da Assunção – a chamar a atenção
para a importância sociocultural que o teatro de revista representa na sociedade
portuguesa, pela sua enorme versatilidade e capaci dade
de fazer rir, fazer chorar e, sobretudo, de fazer pensar!...
Haveria que
louvar o desempenho de todos e cada um – nas marc ações,
na voz, nas coreografias… num trabalho gigantesco que Luís Lourenço tão bem
soube ensaiar, secundado, por exemplo, pelos originais figurinos da inspirada
lavra de Joaquim Carvalho (que também pontificou na coreografia), pelos cenários
de Fernando Rebelo, pela enorme versatilidade de David Carronha (um ‘menino’
que enche o palco e tem sempre a ‘bucha’ certa para meter e salvar o momento incerto e imprevisível), pela
graciosidade de todo o elenco feminino (sem excepção !),
pela saborosa oportunidade dos textos… sei lá! É de ver e de rever! E basta ir
ao facebook, por exemplo, na página
de Joaquim Carvalho, para saber muito mais e imaginar o que está por detrás de
cada fotografia!
Acima de
tudo, porém, a enorme disponibilidade e sacrificada vontade de manter o Gil
Vicente como a sala de todos nós, do nosso reencontro com uma Cascais, vila de
650 anos mas povoação de muitos
séculos mais! Memória e tradição !
A Casa das Histórias
Temeu-se pelo futuro da Casa das
Histórias Paula Rego, quando o governo de Lisboa deu em acabar a eito com as
fundações e houve desinteligências no seio da Fundação
que tem o nome da artista.
Na recente reestruturação camarária, aboliu-se, como se sabe, a Cultura
como ‘entidade’ (digamos assim), a figura de vereador da Cultura deixou de
existir a se e transitou estrategicamente
para a Fundação D. Luís I a função de (em colaboração
com o Executivo camarário, bem entendido), superintendência e organização das realizações culturais da mais variada
índole.
Nesse
âmbito, para além do já de si enorme Centro Cultural, Salvato Teles de Menezes,
administrador-delegado da Fundação ,
passou a ter a seu cargo a dinamização ,
por exemplo, da Casa de Santa Maria e da Casa das Histórias. Assim – e só para
recordar uma das mais recentes – ali se evocou a passagem dos 450 anos do nascimento
do dramaturgo inglês William Shakespeare, com a projecção
de filmes, a leitura de poemas, a apresentação
de conferências…
Enfim, a
Casa das Histórias deixou de ser apenas o repositório dos quadros dramaticamente
expressivos de Paula Rego para ser também o palco de igualmente expressivas manifestações
culturais. Parabéns!
Publicado em Costa do
Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 65, 15-10-2014,
p. 6.
Sem comentários:
Enviar um comentário