“Não podem ser beneficiários de
entrega para exploração quaisquer funcionários ou agentes do Ministério da
Agricultura, Pescas e Alimentação, nem reformados, nem detentores de dívidas ao
Estado."
No entender do mui digno ‘revisor’ do Estatuto da Aposentação, reformado
deve é estar quietinho, não fazer ondas, a fim de não gastar calorias nem absorver
muito oxigénio. Está a mais. Nessa tal lei 158 – que, afinal, já vem de 1991!...
– a táctica é a mesma: nada de reformados, ouviram?
Estava a conformar-me com a minha
sorte. Tinha, porém, uma secreta esperança de que haveria excepções, pelo menos
por parte do escol pensante do País. Eis senão quando, vejo, em reportagem
televisiva, que tinha havido abertura solene das aulas na Universidade de
Coimbra. Pasmei. A sério? Fui pesquisar e… era verdade! Houvera abertura solene
das aulas!
E fiquei a perceber: também os
cérebros dirigentes da vetusta Universidade se deixaram contaminar. Esqueceram
os seus aposentados, reformados e jubilados. Muitos deles continuam em centros
de investigação e, de acordo com o Estatuto da Carreira Docente Universitária
em vigor, até integram júris da sua especialidade. Este ano, porém, decerto o
primeiro de muitos outros, não houve da equipa reitoral quem se lembrasse: «Eh!
Não se esqueçam de enviar um e-mail
aos senhores professores aposentados, jubilados e reformados. Há sempre quem
queira incorporar-se no cortejo e será para nós uma honra». Não foi. Não houve e-mail.
Fiquei, pois, a compreender melhor a
razão da tal emenda e a do caso da Herdade dos Machados. Trabalhar, mesmo que
sejam as terras com as forças que ainda lhes restam e a experiência adquirida?
Nem por sombras! Não são árvores para ficar de pé!
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 648, 15-10-2014, p. 11.
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