Bem
depressa se compreendeu, porém, que iniciativas sem público não têm jeito
nenhum e, por isso, a ‘figura’ da agenda cultural ganhou mui significativa
expressão. Distribuída porta a porta, disponibilizada em lugares-chave, mais ou
menos bem estruturada de molde a ser de mui fácil consulta…
A
chegada da Internet e a criação das
páginas virtuais de cada município encheram de entusiasmo os seus adeptos, que
facilmente se convenceram e convenceram os respons áveis
autárquicos de que… a Internet é que é bom! Nada de papel, nada de gastar dinheiro,
nada de abater árvores!... Toda a gente que quer saber se há bailado esta
noite, ou fados, ou a inauguração da
exposição , ou o que de importante
tem o património concelhio… está tudo ali, à distância de um clique!
Tenho
procurado mostrar como esta concepção
está errada, porque nem toda a gente tem acesso à Internet, nem toda a gente dispõe
de computador (ou, tendo-o, nem sempre o ‘sinal’ é o melhor…) e, sobretudo, nem
toda a gente tem tempo para abrir a página da autarquia e tentar descobrir –
clica aqui; não, clica ali; não, é mais além!… – o que há para ver no próximo fim-de-semana!
Por
isso me não canso de louvar, por exemplo, o Município de Idanha-a-Nova, por nos
brindar com Adufe. Dir-se-á que não
é bem uma agenda cultural; não o é, de facto: apresenta-se como «revista
cultural», mas exerce as funções de uma agenda, inclusive sendo bilingue, o que
é de muito louvar numa autarquia da raia!
Tenho
presente o nº 23, de 2015. É roteiro (artesãos, gastronomia, restaurantes,
turismo de natureza e caça, alojamento, associações culturais, informações úteis…),
mas é também um repositório de mui excelente apresentação
gráfica! Logo o portefólio nos delicia com a reprodução
de panfletos, postais, seguros, cédulas, jornais, sabonetes, tudo relacionado
com a Casa das Novidades fundada em 1898. Entrevista-se Rosário Cordero,
presidente da Diputación Provincial de Cáceres, que «quer retomar a cooperação com os municípios portugueses vizinhos». «Para
além da fachada» mostra exemplares da arquitec tura
popular, em eloquentes fotografias. Merece lugar de relevo Ervas da Zoé, que,
no Ladoeiro, recupera as «ervas da vida» (poejo, perpétua-roxa, tomilho, salva,
hortelã brava...). Visitam-se as pinturas do Palácio Hermínia Manzarra. Recupera-se
a memória de Jaime Lopes Dias, «notário, vereador, administrador e jornalista»
de Idanha. E ainda há tempo para falar dos patos selvagens!
Adufe,
o instrumento; Adufe, uma agenda, instrumento também de exemplar divulgação cultural – a aplaudir!
José d’Encarnação
Publicado no quinzenário
Renascimento (Mangualde), nº
673, 15-11-2015, p. 12.
Aurora Martins Madaleno´
ResponderEliminarEu também sou adepta das agendas culturais em papel. A Internet não dá tanto jeito para acompanhar, apesar de já haver pessoas que dispensam que se gaste dinheiro em publicações em papel.
Ana Teresa
Eu apresentei, por escrito,em papel, reclamação à Câmara de Cascais pelo desaparecimento da agenda cultural em papel, mas voz de uma só pessoa não chega a lado nenhum. Responderam que o C traz uma (...!!!) página com os eventos. (Mas a agenda cultural trazia muitas mais coisas para além dos eventos).
José d'Encarnação
A sua voz juntou-se à minha, Ana Teresa, que também chamei de imediato a atenção para o erro que, em meu entender, se estava a cometer, até porque Cascais detinha uma das agendas culturais mais bem estruturadas do País.