Outras
sendas, porém, se percorreram, ao longo destes quase cinco anos, porque a
crónica se foi adaptando às circunstâncias temporais. Ocorre-me, hoje, voltar
aos Romanos, porque, entre os «assuntos pendentes» estava, à espera de
comentário, uma placa com inscrição romana, datável do século I da nossa era,
segundo a qual um senhor, Gaio Caieliano Modesto de seu nome, terá oferecido
aos castelãos Araocelenses o monumento em que a placa foi aplicada.
O
Doutor João Luís da Inês Vaz – e esta poderá ser mais uma forma de homenagear a
sua memória – incluiu o seu estudo na tese de doutoramento A Civitas de Viseu – Espaço e Sociedade (vol. I, inscrição nº 83, p.
283-285), obra editada, em 1997, pela Comissão de Coordenação da Região Centro.
A placa fora dada a conhecer por Moreira de Figueiredo, nos primórdios da
década de 50 do século XX, e guarda-se no espaço que se chamou Museu da
Assembleia Distrital de Viseu.
Três
aspectos têm suscitado a atenção dos investigadores:
1.
Os linguistas interrogam-se sobre esse estranho e único nome, que ocupa o lugar
de identificativo de família: Caielianus,
em latim. É fora do comum, passível de relacionar-se com o linguajar dos indígenas.
2.
Onde ficaria esse castellum? Num
alto, decerto, por mor da defesa. O Doutor João Vaz diz que era no monte da Senhora
do Castelo, onde se detectaram as ruínas de um castro que os Romanos ocuparam.
3.
E que monumento poderia ter sido esse, oferecido aos habitantes? Edifício público,
claro, o que constitui mais uma prova evidente da importância que a região
deteve no tempo dos Romanos!
Que
o leitor me perdoe esta incursão histórica por eras tão remotas! Mas não é
consolador saber que investigadores nacionais e estrangeiros amiúde, a esse
propósito, falam de Mangualde?
José d’Encarnação
Publicado no quinzenário
Renascimento (Mangualde), nº
672, 01-11-2015, p. 10.
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