Confesso que desconhecia por completo essa sua faceta de artista, porque
sempre o incluí no grupo dos hoteleiros credenciados da Costa do Estoril, pelos
muitos anos passados à frente do Hotel Palácio, uma referência, portanto, na
hotelaria e no turismo locais. E fiquei bem surpreendido pela facilidade com
que traça, em breves penadas, bem sugestivos retratos: «a minha amiga Joana»,
«o meu amigo João», «os verdes» (acrílico sobre tela a mostrar curioso grupo de
moços em convívio), «homem sentado» (técnica mista sobre papel), «elegância nas
alturas» (são as girafas!…)… Traço contido, tonalidades suaves, um realismo
envolto em terna e suave melancolia…
Estavam cerca de meia centena de amigos na abertura da mostra. E Manuel
Ai Quintas discursou. Agradeceu à Fundação D. Luís I a possibilidade de aqui
expor; mostrou a sua convicção de que esta tinha de ser uma Fundação para
continuar, vítima também ela de uma comissão de avaliação incompetente e desconhecedora
da realidade (digo eu). E depois, qual Padre António Vieira a narrar a acção do
estatuário («Arranca o estatuário uma
pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois que desbastou o
mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem –
primeiro, membro a membro, e depois feição por feição, até à mais miúda […]» – lembram-se?),
foi por aí adiante a dar conta, de uma forma eloquente e deveras
estimulante, do que foi – ou do que é – para si a arte de criar: como dialoga
com o pincel, com o tema, com as cores, com os olhos, esses sim, a alma de
tudo!... Ouvimo-lo com muito agrado. E nem quase se dava conta de que o senhor
dos aperitivos e dos cálices se passeava ao mesmo tempo entre a assistência a
propor-nos que assim condimentássemos tão eloquentes palavras!
A mostra estará patente até dia 2
de Outubro e merece uma visita!
Publicado no Cyberjornal, edição de
09-09-2012:
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