Mais
triste ainda é sublinhar que a sua partida segue de muito perto a que fora sua
mulher, Pilar Rodríguez Álvarez, de 58 anos de idade, professora titular no mesmo
Departamento de Historia Antigua de Santiago de Compostela, onde Gerardo era
catedrático, que morreu no passado dia 9. Está, pois, duplamente de luto a Universidade
de Santiago e estamos todos nós, que tínhamos em ambos mui bons amigos.
Gerardo com Carlos Fabião e J. d'E. (Lugo, 25 de Outubro de 2013) |
Nunca
se podia estar mal disposto junto de Gerardo. A sua proverbial serenidade a
todos encantava. E que me seja permitido recordar os bons momentos que vivemos
com ele, em Outubro de 2013, no Colóquio Internacional «Las Ciudades del Poder
en Hispania», realizado em Lugo (foto anexa, juntamente com Carlos Fabião).
Gerardo
Pereira trabalhou com Géza Alföldy, em Heidelberg, de que resultou a publicação Inscripciones Romanas de Valentia
(Valência, 1979).
Entre outras actividades,
iniciou, em Julho de 1986, a série dos Congressos Peninsulares de História Antiga,
em Santiago de Compostela, que teria seguimento em Coimbra (Outubro de 1990),
onde apresentou, com Dolores Dopico a comunicação «La gran inscripción de
Remeseiros (CIL II 2476). Sobre la forma jurídica de tenencia de la tierra
entre los indigenas bajo dominio romano» e onde tive a honra de o convidar a
fazer o discurso de encerramento (publicado nas actas, p. 1177-1178). O III
destes congressos viria a decorrer em Vitória (Julho 1994), por iniciativa de
Juan Santos Yanguas, amigo comum, mas a série sonhada por Gerardo não teve o
seguimento esperado.
Foi, de
facto, a Epigrafia a sua primeira grande paixão, tendo lançado mão à preparação
de novos corpora da Galiza romana: Corpus de Inscripcións Romanas de Galicia.
I
– Provincia de A
Coruña. Santiago de Compostela, 1991. O II – Provincia de Pontevedra (1994) deve-se a Gemma Baños Rodríguez.
Recordo as grandes questões
que o entusiasmaram: o significado do C invertido, as epígrafes da Fonte do Ídolo
de Braga, a organização dos povos
galaicos sob o domínio romano. Refiro infra alguns dos trabalhos que publicou
(rol que pode ser completado com a consulta do currículo mantido actualizado
por Juan Manuel Abascal: http://www.ua.es/personal/juan.abascal/pereira_menaut.html
)
Mais recentemente a sua preocupação
– como a de todos nós, aliás – foi a do risco, perante a avassaladora globalização , de os povos (neste caso, a sua querida Galiza)
perderem a identidade. Em 2010, na sua condição
de «Director del Observatorio Galego do Território», proclamava, por exemplo: "Al destruir el paisaje hemos destruido
también la identidad del país".
Em
mensagem que acabo de receber, Patrick Le Roux comenta assim a triste notícia:
«J'avais
revu Gerardo à Lugo en octobre 2013 et il m'avait ensuite contacté pour un
projet d'article en commun. Il semblait en forme et avoir surmonté certains de
ses problèmes.
Je
l'ai connu dès 1972 et je l'ai toujours tenu pour un intellectuel de talent,
curieux et original en même temps que fidèle à ses engagements. Il laisse des
travaux importants qui font réfléchir et il est dommage qu'il ait choisi trop
tôt de rester à l'écart dans son Finisterre qu'il aimait plus que tout.»
Aliás,
de imediato após a notícia do seu falecimento, que divulguei há pouco mais de
uma hora, vários colegas me enviaram mensagens, condoídos com a perda que ora
sofremos os que com ele navegávamos no mesmo barco da investigação sobre
História Antiga e Epigrafia e como ele temos as mesmas preocupações em relação
ao risco de um futuro sem memória.
O
meu voto renovado, que sei ser também o de todos os seus amigos: que descanse
em paz!
À
família enlutada, um forte abraço amigo dos mais sentidos pêsames!
José d’Encarnação
Breve bibliografia de Gerardo Pereira Menaut
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Divulgado
através da archport , a 15 de
Fevereiro de 2015:
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