quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O passamento de Mário Brito (1957-2015)


            O Dr. Mário Brito (de seu nome completo, Mário Armando Nogueira Pereira de Brito) nasceu a 6 de Novembro de 1957, e faleceu esta noite (de 9 para 10 de Agosto de 2015), portanto, com apenas 57 anos.
            Desenvolveu a maior parte da sua actividade na zona norte do País, pois inclusivamente se formara na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (licenciado em Arte e Arqueologia e pós-graduado em Gestão Autárquica Avançada), onde chegou a exerceu docência, como assistente convidado, até 2007, no Departamento de Ciências e Técnicas do Património. Aliás, colaborara também, como formador, nas universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
            Desempenhou funções nos Serviços Regionais de Arqueologia da Zona Norte, Museu D. Diogo de Sousa e Instituto Português do Património Arquitectónico. Prestava agora serviço na Direcção Regional da Cultura do Norte, tendo sido notável a actividade desenvolvida, nos últimos tempos, no Mosteiro de Tibães, onde deu corpo a iniciativas do maior alcance que projectaram o mosteiro – da letargia em que parecia encontrar-se – para o mundo activo da museologia, depois de ter feito apreciável trabalho na Câmara Municipal do Porto, onde foi Director de Departamento de Museus e Património.
            Aliás, a Museologia foi o seu campo de acção predilecto, acompanhado, de resto, por Patrícia Remelgado. Patrícia criou o notável fórum noticioso pportodosmuseus e Mário Brito tinha página em Museologia.Porto, onde, no entanto, não escrevia desde 2010. Preocupava-o a Gestão Cultural, tendo-se envolvido, nos últimos tempos, em acções relacionadas com as chamadas indústrias criativas e com a criação de emprego cultural.
            Poderá soar a lugar-comum dizer-se que de Mário Brito muito havia ainda a esperar. É, porém, neste caso, um lugar-comum verdadeiro, porque ora, aos 62 anos, estavam a concretizar-se os sonhos acalentados mercê da longa experiência adquirida.
            A Museologia, a Cultura ficam mais pobres – também este (que se me perdoe!) é um lugar-comum, mas há que dizê-lo.
            Sabemos que, à sua maneira, Patrícia Remelgado dará corpo, na medida do possível, a alguns dos projectos programados a dois. E que se me permita referir quão grande foi, por exemplo, o êxito de duas iniciativas semelhantes que se lhes ficaram a dever, e em que tive a honra de, a seu convite, participar: a 14 de Novembro de 2013, o Seminário Turismo e Património Cultural: Oportunidades e Desafios, realizado na Casa das Artes do Porto, por iniciativa de Pportodosmuseus, com a colaboração da Direcção Regional de Cultura do Norte; e, a 28 e 29 de Março de 2014, idêntico Seminário Turismo e Património Cultural: Oportunidades e Desafios, levado a efeito no Auditório Millennium bcp, Lisboa, por iniciativa de Pportodosmuseus e da Fundação da Juventude.
            Permita-se-me, ainda, que assinale o entusiasmo que emprestou, a 14 de Março de 2013, à comunicação «Tibães de portas abertas!», dando conta do aumento de receitas que lograra obter, inclusive disponibilizando o espaço para campanhas de publicidade (de moda, por exemplo); a sua vontade de dar vida à cerca monástica, que tem 33 hectares até então praticamente desaproveitados; o envolvimento com a comunidade local que já lograra obter; os «sabores beneditinos» que tinha em mente promover… Depois da sua intervenção, ficámos todos com vontade: «Vamos lá?!». Leio nos meus apontamentos esta frase que anotei (estava a presidir à sessão): «Uma panóplia! Quem diria que se está a falar apenas de um mosteiro!».
            Essa, pois, a imagem que me fica do Amigo e do Lutador.
            Que descanse em paz!
                                                                 José d’Encarnação

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