É
muito simples: tu arregaças as mangas
e, nos intervalos, jogas com os miúdos; e, na sala de aula, passeias-te pelo
meio da turma. Em sadia convivência.
Duas
grandes vantagens: os meninos nem sequer notam que estão a ser observados (e o
docente compreende melhor, assim, algum das irregularidades ocorridas); e tu,
só com a tua presença amigável, evitas turbulências.
O
contrário é a repressão, que caminha a par e passo com a falta de motivação . Aluno a quem não lhe apetece fazer nada há-de
ser incentivado, mostrando-lhe serenamente o lado positivo da actividade.
E
ocorrem-me, a este propósito, duas histórias.
‒
Na pausazinha, não?
‒
Pois. Não ma pagam, faço-a!
A
senhora estava sentada, com ar de quem carrega o mundo e, por isso, eu ousara
meter conversa. A resposta deixou-me, porém, sem palavras. Se lhe pagassem a
pausa, não a faria ? E nunca lhe terá
sido explicado o significado profundo da pausa para almoço?
Completamente
desmotivada a senhora, a deixar o tempo escorrer, triste, de braços cruz ados.
A
outra história documenta, ao invés, enorme motivação ,
uma quase lavagem ao cérebro. Garantem que a não fazem, que educam para a
cidadania (como sói dizer-se) e eu acho que a cidadania se faz com pessoas e
não com autómatos.
Deixas
o carro mal estacionado por três minutos, porque careces de ir à caixa multibanco;
nesse local até não prejudica nada o trânsito; acontece, porém, que umas
semanas depois, acabas por verificar que te saiu bem caro esse levantamento. É
que passou o super-presente carro-patrulha, anotaram matrícula, dia, hora e
local e… tu de nada te apercebeste. Agora… paga que se faz tarde!
«Nós
somos os estrénuos defensores da legalidade, foi assim que nos industriaram! As
pessoas não contam, conta é o dinheiro que vai entrar para os cofres e os
pontos que, meninos bem mandados, vamos assim acumular!».
Aos
homens e mulheres-bomba de quem diariamente vamos sabendo nos noticiários não
prometem pontos nem promoções, mas sim eternos oásis, povoados de huris!...
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento
(Mangualde), nº 687, 51-06-2016,
p. 12.
Transcrevo dois que foram exarados no FB:
ResponderEliminarAurora Martins Madaleno
Li. Temos de aproveitar ler estas coisas com sentido, porque há tanto escrito por aí de que nem os políticos gostam!
Ana Teresa
Olá Professor. Em 1º lugar tive que ir ao dicionário ver o que são huris. Em 2º lugar eu, a esses "que-se-julgam-super-agentes-cegos-e-despojados-de-sentimentos" chamo-lhes ABUTRES. Era bom fazer saber ao Sr. Carlos Carreiras a MÁ, PÉSSIMA imagem que o executivo da Câmara Municipal de Cascais está a ganhar junto dos Munícipes-Pagadores-de-Altíssimos-Impostos e que tudo o que precisam é de um lugar para deixar o carro enquanto vão trabalhar honestamente para contribuir com os seus impostos (trabalho desonesto não paga impostos) para esta parasita gestão municipal.