Um
entusiasmo transbordante, um indescritível espírito de equipa, uma… família! Charneca
é, na verdade, uma aldeia de características únicas na freguesia de Cascais. Mas...
vamos ao relato do que aconteceu e já se volta assunto.
Passava
pouco do meio-dia quando o salão de festas se abriu para que se pudesse
observar a excelentemente documentada exposição ,
obra levada a cabo pela dedicação de
Henrique Miranda da Costa e Filo mena Lousada. Primeiro, numa sucessão de
fotografias, os momentos mais significativos do que foram as actividades do
União neste meio século: as festas tradicionais, as iniciativas teatrais e desportivas,
as fases por que foi passando a sede. Na sala ao lado, o património histórico,
ou seja, aquilo que os habitantes muito prezam como valores seus: os edifícios
antigos, a fonte velha, o lavadouro público, a placa toponímica do Automóvel
Clube de Portugal… Enfim, instantâneos de uma história local que – de jeito
nenhum! – se quer obliterar!
O
almoço (saborosíssima massa de tamboril, com peixinho ido buscar directamente a
Peniche, as cozinheiras foram longamente aplaudidas…) foi cá fora sob enorme
toldo. Até o maroto do Sol não quis deixar de se associar à festa,
bafejando-nos com os seus raios, pela zona transparente do toldo, obrigando a
artimanhas para lhe neutralizarmos o bem caloroso entusiasmo.
Esteve
presente o Sr. Presidente da Junta, Pedro Morais Soares, que teve palavras de
muito apreço pela colectividade, que bem conhece, mas que só esteve até pouco
mais de meio, porque outra colectividade o esperava no Estoril (bem proclamamos
nós que, nisso da Junta, tem de haver um Estorilexit!...). Ofereceu o livro dos
teatros, lançado no dia 27, cujos autores, Manuel Eugénio e José Fialho estavam
presentes e, no livro, se não haviam esquecido do que também no domínio do
teatro o União tem sabido fazer. Foram galardoados com emblemas de prata e
ouro, os sócios com 25 e 50 anos de associados, respectivamente. Felizmente, do
núcleo inicial, ainda pudemos aplaudir, entre outros, José Augusto Pedroso
(sócio nº 1, cujo filho dirige agora a colectividade), Lourenço Almeida e Sousa
(sócio nº 2), António do Nascimento Dinis…
Fechou
a série de intervenções, o vereador Nuno Piteira Lopes, que assinalou o bom entendimento
que tem havido entre a Câmara e a colectividade, aspecto que, aliás, como não
podia deixar de se esperar das gentes da Charneca, também fora salientado pelo
Presidente da Junta.
Charneca, o verde donde se ouve o mar!
Para
prólogo da exposição , tive ensejo de
escrever umas palavras, de que não resisto a transcrever início, até para
servir de incentivo a que os leitores vão até à Charneca durante este mês de
Abril, para a verem com os seus próprios olhos.
«Anichadas
por entre os pinheiros, as modestas casinhas foram surgindo desde tempos muito
antigos, que o local, mui verdejante e com o incessante marulhar do oceano bem
lá ao fundo, propício era à fixação .
Charneca
se chamou, porque de uma charneca se tratava mesmo. Terras para cultivo poucas,
é certo; mas sempre algo se poderia colher e o mais importante era, de facto,
viver o dia-a-dia na serenidade da boa vizinhança.
O
antigo fontanário dava a água precisa; no vale corria, aliás, uma ribeira e
pelas encosta s, surpreendentemente
cobertas por flora mediterrânica (ali nas «barbas» do Atlântico…), poderiam
retoiçar os rebanhos…
A
sensação que dá é de vizinhança
desde sempre. E não terá sido outra a razão por que todos se conheciam e entreaju davam e, há 50 anos, debatendo-se o nome da
colectividade a criar, uma palavra surgiu de imediato: União! Que essa era,
afinal, a tradição ! Aliás, que
melhor exemplo se poderá apresentar do que foi a pronta interligação que se estabeleceu entre os moradores do núcleo
histórico e as gentes novas que, das mais desvairadas partes, vieram para o
novo Bairro das Chetainhas? Depressa houve assimila ção e o que corria sério risco de vir a ser «duas
Charnecas» nunca chegou a acontecer. Pela vontade de todos.»
Uma
terra única, de facto, onde apetece viver! E a festa dos 50 anos foi disso
prova bem retumbante! Parabéns!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal, nº 181, 05-04-2017, p. 6.
Fotos de Guilherme Cardoso.
Aspecto da exposição documental |
Panorama do almoço de aniversário |
Instantâneo do discurso do presidente da Assembleia Geral |
Saudação da representante da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio |
Alice Sousa
ResponderEliminarÉ sempre salutar... e comovente quando acontecimentos destes se comemoram... "Alegria... mas tb. Saudades" Parabéns e Felicidades!
Edgar Valdez
ResponderEliminarAinda bem que surgem ideias como esta, caro Zé Manel. Gostámos de saber. Abraços!