quinta-feira, 6 de abril de 2017

Os 50 anos do União Recreativa da Charneca

             Foram quase 250 as pessoas – sobretudo sócios e seus familiares e amigos – que participaram, no domingo, 2, na festa do 50º aniversário do União Recreativa da Charneca.
            Um entusiasmo transbordante, um indescritível espírito de equipa, uma… família! Charneca é, na verdade, uma aldeia de características únicas na freguesia de Cascais. Mas... vamos ao relato do que aconteceu e já se volta assunto.
            Passava pouco do meio-dia quando o salão de festas se abriu para que se pudesse observar a excelentemente documentada exposição, obra levada a cabo pela dedicação de Henrique Miranda da Costa e Filomena Lousada. Primeiro, numa sucessão de fotografias, os momentos mais significativos do que foram as actividades do União neste meio século: as festas tradicionais, as iniciativas teatrais e desportivas, as fases por que foi passando a sede. Na sala ao lado, o património histórico, ou seja, aquilo que os habitantes muito prezam como valores seus: os edifícios antigos, a fonte velha, o lavadouro público, a placa toponímica do Automóvel Clube de Portugal… Enfim, instantâneos de uma história local que – de jeito nenhum! – se quer obliterar!
            O almoço (saborosíssima massa de tamboril, com peixinho ido buscar directamente a Peniche, as cozinheiras foram longamente aplaudidas…) foi cá fora sob enorme toldo. Até o maroto do Sol não quis deixar de se associar à festa, bafejando-nos com os seus raios, pela zona transparente do toldo, obrigando a artimanhas para lhe neutralizarmos o bem caloroso entusiasmo.
            Esteve presente o Sr. Presidente da Junta, Pedro Morais Soares, que teve palavras de muito apreço pela colectividade, que bem conhece, mas que só esteve até pouco mais de meio, porque outra colectividade o esperava no Estoril (bem proclamamos nós que, nisso da Junta, tem de haver um Estorilexit!...). Ofereceu o livro dos teatros, lançado no dia 27, cujos autores, Manuel Eugénio e José Fialho estavam presentes e, no livro, se não haviam esquecido do que também no domínio do teatro o União tem sabido fazer. Foram galardoados com emblemas de prata e ouro, os sócios com 25 e 50 anos de associados, respectivamente. Felizmente, do núcleo inicial, ainda pudemos aplaudir, entre outros, José Augusto Pedroso (sócio nº 1, cujo filho dirige agora a colectividade), Lourenço Almeida e Sousa (sócio nº 2), António do Nascimento Dinis…
            Fechou a série de intervenções, o vereador Nuno Piteira Lopes, que assinalou o bom entendimento que tem havido entre a Câmara e a colectividade, aspecto que, aliás, como não podia deixar de se esperar das gentes da Charneca, também fora salientado pelo Presidente da Junta.

 Charneca, o verde donde se ouve o mar!
            Para prólogo da exposição, tive ensejo de escrever umas palavras, de que não resisto a transcrever início, até para servir de incentivo a que os leitores vão até à Charneca durante este mês de Abril, para a verem com os seus próprios olhos.
            «Anichadas por entre os pinheiros, as modestas casinhas foram surgindo desde tempos muito antigos, que o local, mui verdejante e com o incessante marulhar do oceano bem lá ao fundo, propício era à fixação.
            Charneca se chamou, porque de uma charneca se tratava mesmo. Terras para cultivo poucas, é certo; mas sempre algo se poderia colher e o mais importante era, de facto, viver o dia-a-dia na serenidade da boa vizinhança.
            O antigo fontanário dava a água precisa; no vale corria, aliás, uma ribeira e pelas encostas, surpreendentemente cobertas por flora mediterrânica (ali nas «barbas» do Atlântico…), poderiam retoiçar os rebanhos…
            A sensação que dá é de vizinhança desde sempre. E não terá sido outra a razão por que todos se conheciam e entreajudavam e, há 50 anos, debatendo-se o nome da colectividade a criar, uma palavra surgiu de imediato: União! Que essa era, afinal, a tradição! Aliás, que melhor exemplo se poderá apresentar do que foi a pronta interligação que se estabeleceu entre os moradores do núcleo histórico e as gentes novas que, das mais desvairadas partes, vieram para o novo Bairro das Chetainhas? Depressa houve assimilação e o que corria sério risco de vir a ser «duas Charnecas» nunca chegou a acontecer. Pela vontade de todos.»
            Uma terra única, de facto, onde apetece viver! E a festa dos 50 anos foi disso prova bem retumbante! Parabéns!
                                                              José d’Encarnação

            Publicado em Costa do Sol Jornal, nº 181, 05-04-2017, p. 6.
            Fotos de Guilherme Cardoso.
                                                                
Descerramento da lápide comemorativa pelos sócios nº 1 e nº 2
Aspecto da exposição documental

Panorama do almoço de aniversário

Instantâneo do discurso do presidente da Assembleia Geral
Saudação da representante da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio
 
Mensagem do Sr. Presidente da Junta

 
 

2 comentários:

  1. Alice Sousa
    É sempre salutar... e comovente quando acontecimentos destes se comemoram... "Alegria... mas tb. Saudades" Parabéns e Felicidades!

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  2. Edgar Valdez
    Ainda bem que surgem ideias como esta, caro Zé Manel. Gostámos de saber. Abraços!

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