‒
Uma pilha ou uma lanterna? – retorquiu a minha vizinha chinesa, que há bastante
tempo se encontra em Portugal.
Claro:
dei-lhe os parabéns e agradeci a lição; de facto, eu queria era uma lanterna.
De
regresso a casa, pensei como tinha sido agradável essa correcção, pelo que
significava, de facto: a integração plena, ou quase, de alguém que vem do
Extremo Oriente e que não hesita em aprofundar os seus conhecimentos linguísticos,
para melhor se sentir no ambiente que a recebeu.
Foi
no passado dia 15 de Novembro que o Agrupamento de Escolas a cujo Conselho
Geral pertenço fez a cerimónia de distribuição dos prémios para os melhores
alunos e dos diplomas de mérito. Comentei, a dado momento, para um dos
professores:
‒
Que nome estranho!
‒
É russa, está cá há três anos e é uma
das melhores alunas, trabalha imenso!
E
os nomes ‘estranhos’ foram-se sucedendo na sessão, sempre muito aplaudidos
pelos companheiros, a denunciar um relacionamento invejável.
Dois
dos meus netos frequentam, este ano, uma escola dos arredores de Londres. Logo
na segunda semana, a professora pediu ao Marco que ensinasse aos colegas (na
escola há-os de 40 nacionalidades e professores de 17!...) como se dizia em
português isto e aquilo, objectos em uso na sala de aula. E ainda não tinha
passado um mês de actividades escolares e já se programava o dia internacional,
em que cada família preparava um prato típico do seu país e o disponibilizava à
comunidade escolar, em total confraternização.
Fui
docente na Universidade Lusófona e tive ocasião de preparar com um colega, a
20-01-2012, o Seminário «Ambiente e Património… Ao Encontro de Culturas». E foi
mui agradável de ver estudantes das mais diversas origens partilharem costumes,
gastronomia e até o património paisagístico da sua terra. Fez-me lembrar os
anos em que estive como coordenador do Programa ERASMUS
/ SOCRATES, onde a comunhão de culturas e de línguas constituía elo
primordial.
No
contacto com o Outro, acabamos por nos enriquecer, no sentir pleno de que a
Cultura se faz da amálgama de muitas culturas, cuja identidade, não obstante,
se mantém – qual manta de retalhos, onde cada pedacinho de pano, com o seu
colorido e o seu desenho, contribui para a real beleza do conjunto!
José d’Encarnação
Publicado na revista Ponto & Vírgula, da Escola Calazans
Duarte (Marinha Grande), Dezembro de 2017, p. 19, acessível em http://gic.age-mgpoente.pt/. Integrou a
ediçção nº 2785 do Jornal da Marinha Grande, de 14.12.2017.
A revista teve como tema fundamental «Construir a Interculturalidade».
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