E
infância é mundo onde os animais constituem companhia soberana, mais até do que
o resto da família. Cedo aprendemos a chamar «buche, buche, buche!» para o
canito vir ter connosco. Ou, então, se há bocadinho de peixe a jeito:
«Bichanina, bichanina, biche, biche, biche!...» – e o gatinho lá acorre, pressuroso,
a ver o que a gente quer, e sabe que coisa boa deve ser.
Para
se mostrar contente, o bichano não se cansa de dar tarrutas nas pernas do dono;
por isso, aliás, um dos primeiros gestos que ensinamos aos nossos bebés:
«Tarruuuta! Tarruuuta!...» – e ele inclina a cabeça para bater meigamente na
nossa testa. Uma ternura convivial!... Como o é aquela carícia doce,
acompanhada de lengalenga, de que cada qual cria uma versão, fazendo uma
festinha ora numa ora noutra das faces do bebé, terminando em jeito de
pancadinha amorosa: «Bichanina gato, que comeste tu? – Sopinhas de mel! – E não
me guardaste? Maroto, maroto, maroto!»… E tudo se desdobra em gargalhada
sorridente!...
Publicado no mensário
VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 166 (Novembro 2012) p. 10.
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