Pode
ser que seja verdade. E lembro-me dos porteiros de hotel, fardados a rigor, que
abriam as portas aos hóspedes e os acompanhavam à recepção .
Lembrei-me logo dos guardas dos parques de estacionamento, que passam ali o
dia, sentados, à espera que alguém entre ou saia para eles abrirem as cancelas.
Mas isso é, porém, um trabalho específico, com responsabilidade de fiscalização e segurança. Parecia-me que abrir e fechar
portas num comboio estaria incluído, sem mais, nas funções do maquinista,
embora, confesse, não foi sem um certo calafrio que me apercebi, em Tours
(França), que o metro era todo automático e… não tinha sequer condutor!...
Outra
reflexão me suscitou a questão desse eventual pagamento para abrir e fechar
portas: o inexistente – ou quase inexistente – hábito de pagar certas
actividades culturais, como, por exemplo, as conferências. Explico com dois
exemplos:
–
Foi um sururu, à boca pequena, na Faculdade de Letras de Coimbra, quando, aí
pelos primórdios da década de 80 (se não erro), um dos docentes, ao ser convidado
para ir dar uma conferência, perguntou aos organizadores quanto lhe pagavam. Se
alguma vez houvera tal ousadia!... Pedir dinheiro para ir fazer uma conferência!...
–
Um catedrático da Universidade do Minho foi convidado a ir arguir uma prova de agregação à Universidade de Évora. Aceitou, por deferência
por quem o convidava; mas nem a sua Universidade nem a de Évora lhe pagaram
nada por esse trabalho que era, na verdade, totalmente extra! Nada pela viagem de
ida e volta, nada pelo alojamento (as provas de agregação
duram dois dias…), nada pelas refeições; e, claro, nada pelo tempo que gastara
a ler toda a documentação do
agregando e a preparar a arguição de
meia hora! Dir-se-á: foi porque quis. Sim, poderia não ter aceitado. Não
esperava, porém, era esse tratamento e, por isso, para a próxima vez… já não
aceita!
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