Pasmei!
Não era de nenhum deles e constitui, sim, uma ‘abertura’ do ‘Livro Agenda 2014’ , que a Céu gentilmente
me ofereceu em dia de aniversário, inteiramente dedicada ao senhor Fernando
Pessoa. Tem, pois, excertos de obras do Poeta para todas as semanas e uma
abertura em cada mês.
Pois
o poema escolhido para este mês de Março – e já o foi há muito tempo,
desconhecendo os editores quão oportuna iria ser a sua escolha… – tem por
título «Nevoeiro». Termina pelo verso que puxei a título «Ó Portugal, hoje és nevoeiro!»
e começa assim:
«Nem
rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define
com perfil e ser
Este
fulgor baço da terra
Que
é Portugal a entristecer».
Esteve
bem nevoento, na verdade, esse dia 1; mas não era, de facto, a esse nevoeiro atmosférico
que o Poeta queria referir-se, mas à tristeza que nos invade – como, incómoda,
se nos entranha na roupa até aos ossos a fria neblina prenhe de gotículas
nestas manhãs sem amanhã em que ora se nos esvaem jornadas…
Por
entre elas perpassam discursos, discursos, discursos. E a gente até se admira
como é que há tempo para tanto discurso. Estes ‘senhores’ só fazem discursos?
Não estudam, não param, não fazem exame de consciência, não meditam ao final do
dia a ver, lento, o Sol a cair no mar?...
E
contava a Elysabeth: «Meu filho, you know, educado como foi, quis cortar
com despesas escandalosas, contas de mil euros em telemóveis, ‘empregados’
metidos à força, sem habilitações e a ganhar muito mais do que os peritos que
ele já tinha ao seu serviço… Contrataram outro para as suas funções. Fugiu-lhe
o tapete de debaixo dos pés. Pediu a demissão, claro!... Esse é o nevoeiro de
que falava Pessoa, meu amigo! Essa é a tristeza que nos penetra ossos adentro!
E nós… impotentes!».
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 635, 15-03-2014, p. 11.
Reúno aqui três comentários amigos, que agradeço:
ResponderEliminar- Filipa Gouveia (17/3 às 20:41): «Que bom lê-lo...»;
- Vanda Amaro Jardim Fernandes (17/3 às 22:38): «Foi ontem! É hoje! E... haverá amanhãs ensolarados???»;
- Alice Alves (18/3 às 0:05): «E D. Sebastião que nunca mais chega...».