Cada
bairro lutou pelo seu parque e, hoje, na verdade, não haverá lugar no concelho
de Cascais que não tenha o seu parque infantil. E, além disso, quando se
começou a pensar também nos adultos, criaram-se circuitos de manutenção.
Recordo, no que respeita à freguesia de Cascais (perdoar-me-ão os senhores políticos
se continuo a não aceitar a junção artificial das duas freguesias…), a luta que
foi, no Outeiro da Vela, para haver aí um circuito, de que, confesso, não tenho
ouvido falar e nem sei como ora está. Bem perto, também nesse bairro, para o
pinhal do outeiro propriamente dito muitas foram as propostas – por
concretizar.
Circuitos de manutenção
Saberão os responsáveis
como estão os aparelhos do circuito em muito boa hora instalado no paredão?
Tenho pena de só mui raramente os ver utilizados. Como gostaria também de ver
mais pessoas no que fica sobranceiro ao mar (localização excelente!), ao fundo
da Rua da Torre!...
Havia
um bom circuito no Parque Palmela. Das últimas vezes que por lá passei,
verifiquei – posso estar errado – que se deu prioridade às propostas ‘radicais’
para os jovens por sobre o ribeiro que o atravessa. O espaço merece, porém,
maior publicidade, por constituir um recanto deveras aprazível e ali há lugar
para velhos e novos. As iniciativas da companhia teatral Palco 13 (e outras) têm
dado vida ao Auditório Fernando Lopes Graça e podem contribuir, na verdade,
para se apreciar mais o parque. Gostaríamos, já aqui o escrevi, que se mudasse
o painel da entrada, que encobre a singular minifloresta de dragoeiros, uma pérola
a valorizar.
A necessária manutenção
Falemos doutra manutenção.
Não a das pessoas, mas a dos parques em si. Creio que estão agora sob a alçada
das juntas de freguesia. Perdoem-me, novamente, os senhores políticos se
mantenho a designação de ‘juntas’, por discordar, do ponto de vista da
expressão, com a sua – para mim, injustificada – supressão.
Além
de me custar ver parques vazios, pelo que isso significa de ausência de tempo
das famílias para deles usufruírem, custa-me também verificar amiúde que a
manutenção dos aparelhos, salvo mui honrosas excepções, se tem esquecido.
Compreendo que haja tantas outras prioridades, porventura até mais vistosas.
Penso, porém, que – também neste caso – a diminuição da sua ocupação faz com
que não haja quem se disponibilize a chamar a atenção das entidades quando algo
carece de arranjo. O papel dos tutores de bairro da Cascais Ambiente poderá
ser, nesse aspecto, de primordial importância, veiculando eventuais anomalias.
Urbanizações
Sei que um
projecto de urbanização tem de implicar sempre esses espaços de lazer. Recordo
que foi uma das premissas que pusemos quando gizámos o Plano de Pormenor para a
villa romana de Freiria, para além
das hortas comunitárias que, pioneiramente, propusemos para as margens bem
irrigadas do sempre corrente ribeiro que lhe fica aos pés.
Permita-se-me
que recorde, nesse aspecto, um projecto, polémico para a época, mas hoje,
decerto, visto já com um olhar diferente: o do chamado Bairro J. Pimenta, no
Alto da Pampilheira. Muitos prédios em altura, é certo; contudo, ‘respiravam’,
respiram, com as zonas ajardinadas que foram deixadas entre eles. Aliás, João Pimenta
– cujo falecimento não vi noticiado com as palavras de encómio que, apesar de
tudo, eu creio que bem merecia – teve a seu lado uma equipa que viu para além
do seu tempo. Cumpre fazer-lhe uma referência de boa memória, sobretudo se
pensarmos quanto acabou por penar nos meses a seguir ao 25 de Abril, na
impetuosa e desregrada vaga de ‘revolucionárias’ ocupações.
E
termino com um sorriso. A poente do «J. Pimenta» (é assim que se diz no
dia-a-dia…) está o Bairro da Assunção. Tem também um parque infantil, mas as
linhas urbanísticas (disseram-me os entendidos) já não foram tão ordenadas
quanto as do ‘vizinho’. Entre os dois, a (hoje designada) Avenida Eng.º Adelino
Amaro da Costa. E já se reparou que se ajardinou e se puseram bancos num espaço
que ia ficar vazio? Solitários bancos, que sofrem com a poluição automóvel, mas
se alegram, estou certo, por saberem que estão disponíveis para o velhote que,
numa tarde calma, neles se queira sentar!...
José d’Encarnação
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