Sim, já assistira aos dois outros concertos da Orquestra
Sinfónica de Cascais, excelentemente dirigida pelo maestro Nikolay Lalov. Já
escrevi que essa opção da autarquia em apoiar uma orquestra sinfónica, apesar
de ‘louca’ aos olhos de muitos, resultara muito bem. Os dois anteriores
concertos provaram-no. Mas este, do Outono, ultrapassou em muito, amigos, o que
era expectável!
Primeiro, pela variedade dos temas escolhidos: árias e
trechos de óperas. Boa parte deles estão no ouvido de toda a gente, que, embora
porventura os não consiga identificar («Esta é a ária ‘Là ci darem la mano’, da
ópera Don Giovanni, de Mozart»…), os sabe, no entanto, trautear. O
maestro teve o cuidado, com o à-vontade que lhe conhecemos, de ir explicando,
uma a uma, as peças que se iriam saborear – e também isso foi uma importante
mais-valia! Rossini (e o seu inevitável Barbeiro de Sevilha), Bellini,
Donizetti (linda, a furtiva lágrima!), Verdi, Puccini, Mozart, Gounod, Mascagni
(e a sua Cavalaria Rusticana) fizeram-nos mui reconfortante companhia!
Depois, porque, se apreciámos deveras a interpretação,
encantou-nos também o entusiasmo com que maestro e todos os músicos – todos! –
se entregaram ao espectáculo. Vimo-los deliciarem-se não só com o que estavam a
tocar mas também ao ouvirem os demais, naqueles momentos em que o seu
instrumento tinha uma pausa a cumprir. Um entusiasmo bem visível no final, em
que mutuamente se aplaudiram e cumprimentaram, de satisfação estampada no
rosto, por terem plena consciência de haver activamente participado numa noite
mágica, que também vão gravar a letras de oiro no seu palmarés.
Cristiana Oliveira |
Finalmente, os cantores! Extraordinários! A soprano Cristiana
Oliveira, natural de Braga, linda voz, mui expressivo olhar, uma cantora e uma
actriz! De Itália veio o tenor Diego Cavazzin e, de Sófia (Bulgária), terra
natal do maestro, o baixo Deyan Vatchov. Encantaram-nos de verdade! E só
revendo – se tal fora possível – o brinde final, da Traviata (de Verdi),
com os três cantores em palco, de taça na mão, e o público a vigorosamente
acompanhar com palmas, se poderá ajuizar de como o espectáculo nos encheu a alma!
E, ao sair, nem sentimos a cacimba da noite – que o calor do concerto tudo o
mais fez esquecer!...
Só há uma palavra: maravilha! Um auditório de lotação
esgotada!
E cá ficamos a esperar pelo concerto de Inverno, anunciado
para 12 de Dezembro. Nada menos do que a 9ª sinfonia de Beethoven!
José
d’Encarnação
Publicado
em Cyberjornal, edição de 26-10-2015:
Diego Cavazzin |
Deyan Vatchov |
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