Foi na sexta-feira, 22, no Largo da
Câmara. Uma aragem bem fresca não impediu que por ali tivessem passado cerca de
200 pessoas, entre as quais muitos turistas, que não hesitavam em balancear-se
ao som dos alegres ritmos bem portugueses que foram desfilando e em fixar nos
seus telemóveis imagens decerto para eles fora do comum. As palmas acompanhavam
os músicos e aqueciam o ambiente.
Cantar d’Amigos (15 elementos, entre
cantadores e tocadores – acordeão, percussão e cordas) não hesitou, a dado
momento e quase a finalizar, em brindar a ‘colónia’ alentejana de Cascais com
os cantares d’além-Tejo, a que as suas bem timbradas vozes masculinas
emprestaram particular encanto.
A troca de presentes incluiu os CDs
de parte a parte e – o que muito nos apraz registar – a permuta de publicações
sobre a história e o património locais.
Capa do CD de Cantares da Terra |
Cantares da Terra iniciou a sua
actuação pouco depois das 22.45 h. Primeiro, o popularíssimo «Cantando
Pulirando», como que a dar o mote para o que seria o seu repertório: melodias
de várias regiões do País, que o grupo mui bonitamente envolveu em novos
arranjos. Registe-se, aliás, que – além de ter crescido em número de elementos
– Cantares da Terra cresceu muito em qualidade e presença, graças, de modo especial,
ao saber de Marta Garrido, a acordeonista que musicalmente ‘guia’ o grupo, se
me não engano. Apreciei a forma como se preparou o conhecido «Pica do 7», de
António Zambujo, ou o fado «Amor de mel, amor de fel», de Amália Rodrigues, que
também António Zambujo e Kátia Guerreiro, entre outros, adoptaram e adaptaram.
A brisa era fresca, de facto; as
músicas aqueceram a frialdade quase agreste da noite. No céu escuro, bailava,
de vez em quando, indiferente e piante, o branco peito alumiado de uma gaivota.
Pela «rua da polícia» acima, passei
por entre as mesas dos restaurantes que ora, às noites de sexta-feira, à rua lhe
chamam sua; naquele ali, o dono providenciara mantas grená para os ombros dos
clientes friorentos.
E uma consolação me acompanhava: já há muito que as 20
horas haviam passado e eu conseguira lugar para o carro num sítio onde só se
paga até às 20. A
vantagem, agora, de haver iniciativas depois das 20!...
José d’Encarnação
Publicado
em Cyberjornal, 2016-07-25:
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