Na tua morada
sabes quem
lá mora
ou habitas
sozinho?
Ora bolas! Eu
tenho mesmo de parar. Que morada é essa? E quem é que está a teu lado? Sabes
mesmo? Tens consciência disso?
Engraçado!
Creio que vou parar um pouco todos os dias e agarro numa frase para meditação.
Mais
engraçado ainda é que demorei menos tempo a ler o livro inteiro do que a
saborear a redacção de português que fingidamente Teolinda Gersão fez para os
netos, e que está acessível na Internet. Estavam atrapalhados os mocinhos – que
iam chumbar a Língua Portuguesa porque também a professora já não conseguia
entender-se com as regras:
«Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor
anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo
linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade
epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto,
intertexto, hipotexto, metatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas
textuais, implicação e implicaturas
conversacionais?»
Eu
nunca fui bom a Filosofia. Sempre achei que Filosofia era uma disciplina que
apenas nos ensinava a pensar e que, para isso, serviam as palavras. As do
Carranca servem. Agora o que Teolinda Gersão nos conta, aparvalhada também ela,
só podiam ter sido inventadas por «filósofos» despudorados, tolhidos em tenebrosa
teia de mui estranhos conceitos.
E
eu que ando sempre a falar em substantivo próprio e comum, concreto e abstracto,
em adjectivo… Pelos vistos, um atrasado mental no que aos novos paradigmas diz respeito.
E agora percebo porque se quer o Inglês! É que, ali, é tudo fácil e não há «polaridade negativa» nem «verbos epistémicos» nem nada
que se lhes pareça!... É down para
baixo e up para cima – e já está!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento
(Mangualde), nº 688, 01-07-2016,
p. 12.
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