sexta-feira, 5 de maio de 2017

Canteiros mantêm a tradição

            Um grupo de canteiros – trabalhadores da pedra – de S. Domingos de Rana teima em manter a tradição de, no 1º de Maio, Dia do Trabalhador, se reunirem num almoço de confraternização, em que o prato indispensável e único é uma bem apetitosa caldeirada.
            Mesmo antes do 25 de Abril, apesar da repressão salazarista, os trabalhadores das pedreiras da zona de Cascais acompanharam a tradição saloia de ir à orla marítima e preparar num dos recantos do pinhal adjacente, da Marinha, uma caldeirada, à boa maneira dos pescadores cascalenses, normalmente na área da Guia ou do Cabo Raso. A ânsia de manter essas propriedades como privadas com a sua consequente vedação e o medo – inútil, neste caso – de se provocar um incêndio levaram a que se proibisse essa tradição, que hoje felizmente se mantém nas colectividades mais antigas e nos grupos que assim relembram os tempos de outrora. Há caldeirada no União Recreativa da Charneca; há prato de caldeirada nos restaurantes geridos por gente de Cascais.
António Clérigo mostra o trofeu comemorativo do convívio,
perante o olhar admirado de Celestino Costa.
            Este ano, mais de duas dezenas de canteiros da área de S. Domingos de Rana voltaram, pois, a reunir-se em torno de um enorme tacho de mui saborosa caldeirada, onde nada faltou, mormente a boa disposição. A reunião ocorreu, como já vai sendo hábito, em Trajouce, no barracão de um dos canteiros, barracão que mais parece um museu de antiguidades; e não faltou, além do acordeão, a rifa de um objecto de pedra, alusivo ao convívio e que, por norma, o premiado oferece ao Museu do Caracol, que deles já guarda uma boa colecção.
            A Associação Cultural de Cascais sempre apoiou estes convívios e, por isso, quatro dos seus membros, nomeadamente da direcção, não deixaram de estar presentes.

                                                                       José d’Encarnação
 
P. S.: Mais ou menos nestes termos, porque fiz questão (como é natural) em não enviar o mesmo texto, esta nota foi publicada no Cyberjornal do dia 2-5-2017 e no Jornal da Região – Cascais (série V, ano XXII, nº 126), de 3-9.5.2017, p. 18. Fotos de Guilherme Cardoso.
Parte da mesa, em meio de um barracão, que mais parece
um museu de velharias, onde pode encontrar-se de tudo!
 
No final, a foto para a posteridade!

3 comentários:

  1. Lucinda Ferreira Ferreira 6/5 às 8:26
    A vida tem pequenos encantos que quem está atento usufrui com alegria. Pois seja assim! O importante é que se sintam felizes!

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  2. Zé Rocha
    Eu também sou SALOIO!

    Comentário meu: E com muita honra, sei-o bem! E quando assim o proclamas, queres dizer que também te regalaste no 1º de Maio com uma caldeirada a preceito?

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  3. Hans Wilhelm Daehnhardt
    6/5 às 17:45
    Que saudades de uma boa caldeirada!!!!!!!!! Coisa que na Germania Ulterior não existe:::::::::::::::::::

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