Trata-se
de um livro de cordel, de 40 páginas, editado por Apenas Livros, de Lisboa, e
pela Associação Cultural de Cascais, com o patrocínio da Junta de Freguesia de
S. Domingos de Rana.
Aberta
a sessão, perante mais de três dezenas de pessoas, a Dra. Fernanda Frazão
manifestou o seu contentamento por, mais uma vez, a Apenas ter podido dar voz a
um autor cascalense, pois já são vários os que tem publicado. Jorge Castro
disse alguns poemas dos anteriores livros do autor, tendo seleccionado aqueles
em que são mencionadas pessoas cujos nomes constam no livro ora editado,
terminando com um em que o autor estabelece um diálogo entre o alfacinha e o
saloio, aquele tentando menosprezar a pouca sabedoria deste, respondendo-lhe o saloio
dando conta do bom vinho de Colares e de Carcavelos de que o alfacinha bem
gosta e, de modo especial, dizendo-lhe das obras escultóricas que alindam a
capital e em que o canteiro saloio interveio eficazmente e com saber.
Tive
ocasião de salientar, depois, que não estávamos simplesmente perante o mero rol
de 175 pessoas de que Celestino Costa foi falando ao longo dos três livros que
escreveu ou em que colaborou: A Minha Terra e Eu (livro que já teve duas edições), Filosofia Saloia, Cinzelar as
Palavras como as Pedras em S. Domingos de Rana.
É que, se da
maior parte apenas diz quem foram e quais as suas relações familiares, explicitando,
aqui e além, a razão da alcunha atribuída, certo é que, de vez em quando, ao
correr da pena, lá vem a história inesperada que fez rir e ainda hoje nos
obriga a boas gargalhadas, como aquela em que a mulher se esqueceu de pôr sal
na açorda de alho e, ao ser interpelada pelo marido, lhe deu a entender que
isso era porque ele não pusera a blusa pelas costas, como era habitual. Ele levantou-se
e foi buscá-la; e ela, entrementes, pôs o sal que faltara. «Parece mentira!
Tinhas razão… Tem outro gosto!» – reconheceu o Adragão, já de blusa pelas
costas…
«Era
assim a vida!» – exclama amiúde o autor. Ou: «Era assim a minha avó!», ao
explicar que, costureira de calças de homem, a «Malveiroa» lia até de madruga da o jornal O Século, que pedia emprestado ao irmão Luís, que o assinava.
E
há a homenagem ao Armando «Caracol», na evocação do seu ‘museu’, criado «para lembrar
aos vindouros com foi a vida dos nossos avós»: «O curso do Armando é o curso
tirado na universidade da vida. O Armando faz parte daquele grupo de portugueses
que muitos anos depois de partirem é que são valorizados. Já visitei várias
vezes o museu do Armando, e, quando acabo a visita, eu, que gosto muito do
passado, sinto aquilo que sentimos quando nos dói a cabeça e tomamos uma aspirina…
Sinto-me melhor! Obrigado, Armando!».
Homenageou-se
também João da Mata, natural de Polima, por quem Celestino Costa nutre particular
afeição. Foi João da Mata fadista notável, de que ouvimos, em gravação, o fado
«Por morrer uma andorinha», famosa quadra de sua autoria, pela voz do saudoso
Francisco Stoffel. E no livro se reproduzem páginas de jornais do fado de
então.
Manuel
Mendes, presidente da Junta de Freguesia de S. Domingos de Rana evocou os livros
que, nomeadamente em colaboração com a Associação Cultural de Cascais a Junta tem
editado, dando a conhecer as gentes da freguesia, designadamente os seus
poetas.
A
encerrar a sessão, a Dra. Ana Clara Justino, vereadora da Cultura, salientou
também a importância de iniciativas deste género, na medida em que elas em
muito contribuem para criar a comunidade viva que se deseja.
Publicado em Cyberjornal, 2013-04-22:
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