A
20 de Março, Alice Vieira fez anos e escreveu no seu mural do facebook: «E
pronto, não há nada a fazer: tenho 70 anos! Adoro ter 70 anos; odeio ser
septuagenária...».
Nesse mesmo dia, inaugurava-se em
Cascais um pólo da Academia Sénior do Núcleo do Estoril da Cruz Vermelha Portuguesa
(96 professores voluntários, mais de mil alunos!...) e muito se falou, pois, de
envelhecimento activo, do imprescindível papel do voluntariado, dos «jovens há
mais tempo» que ainda detêm importante função a cumprir na sociedade, quais
transmissores de uma experiência adquirida.
Concordo com Alice Vieira:
‘septuagenário’ soa a velho, desprotegido, carente, passivo, apto para… morrer;
enquanto, ao invés, ‘ter 70 anos’ acentua o que se viveu e se aprendeu e a
disponibilidade para continuar a viver! Uma tomada de consciência que,
felizmente, pouco a pouco vai ganhando corpo no quotidiano das famílias e da
comunidade.
E isso fez-me voltar ao tal
apontamento que tomei há três anos, quando, numa viagem, li na UP (a revista da TAP) de Maio de 2010
(p. 28-29) a reportagem (ainda disponível em: http://www.upmagazine-tap.com/2010/05/salvando-o-planeta-inpakt-com/)
sobre uma comunidade de voluntários através da
Internet, a Inpakt.com,
criada por Bernardo Macedo. A pessoa inscreve-se, dá a área de residência,
informa do que gostaria de fazer. As instituições também. E a iniciativa nasceu
do facto de Bernardo Macedo se ter inscrito como voluntário e… nunca mais o contactaram!
Tinha, na altura, 26 anos, apresentava-se como «empreendedor social»; a página
está em fase de reformulação, acessível, porém, em www.inpakt.com, onde pode
fazer-se um pré-registo.
‘País
de velhos’? ‘País que não é para velhos’? Nada disso! Queremos é um país onde
os anciãos, como outrora, ocupem o lugar de sabedoria que lhes cabe, sem que
lhes estejam sempre a lançar em cima o anátema de que… “só servem para receber
a reforma e nada de proveitoso há a esperar de vocês”! Mentalidade mesquinha a urgentemente
extirpar! «Adoro ter 70 anos; odeio ser
septuagenária...». Pois.
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 613, 01-04-2013, p. 12.
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