Perguntamo-nos, ao
ver tantos ‘pinos’ separadores deitados abaixo, jazendo por terra ou
simplesmente arrancados pela base e desaparecidos. De S. João até Cascais
ultrapassam largamente a dezena, neste final de Agosto. Que imagem se dará com
isso aos transeuntes, quer os locais quer, de modo especial, aos turistas?
Desleixo dos responsáveis? Falta de civismo dos condutores, que se ‘distraem’ e
os derrubam? Falta de verbas para a manutenção ?
Acaso esta não foi inserida no contrato de fornecimento?
Bolas de Berlim
Os veraneantes das
praias de Cascais e Estoris foram mui agradavelmente surpreendidos por, de
novo, terem o privilégio de ouvir os pregões dos vendedores de bolos. Este ano,
porém, a surpresa foi maior porque a vendedeira adoptou original pregão cantado:
Olh’às bolinhas de Berlim
São fofinhas e
amarelas
Eu quero uma só pra
mim!...
O
começo nem sempre é o mesmo; mas (garanto!) o pregão traz quotidiana mente uma lufada de ar fresco ao areal!
Passar o tempo!
Terça-feira, 20 de
Agosto, 10 horas, Praia das Moitas.
Duas
senhoras contavam do que haviam feito no dia anterior.
–
Olha! Vamos dar um passeio para ajudar a passar o tempo! – fora a proposta que uma
fizera.
E
tinham ido, segundo depreendi, até ao paredão.
Claro,
excelente a proposta; agora, quanto à razão invocada, eu desejei que tal nunca viesse
a acontec er comigo: necessitar de
algo para me ajudar a passar o tempo!
A mamada
Sempre imagem de maravilha a de um bebé a
mamar. No dia 21 de Agosto, na ora mui concorrida Praia das Moitas, mãe e
filho, estendidos lado a lado no toalhão, sobre o areal, proporcionavam essa imagem
ainda mais ternurenta, plena de serenidade e de bem-estar!... Apetec eu-me rezar em silêncio: «Benza-os Deus!».
Instantâneos
Deixei-me ficar no
paredão, entre as 9 e as 10 da manhã de 22 de Agosto, que acordara sob leve manto
de neblina. Embala-me o sussurro da quase imperceptível ondulação a caminho do areal, brincando entre as rochas
musgosas da maré vazia. Até oiço o bater metálico no cargueiro parado ao largo
há já dois dias. E o luxuoso veleiro desperta, além, sonhos de aventuras.
Fui
vendo.
Muita
gente, mesmo muita, de todas as idades: a fazer exercício para se manter em
forma; andares rápidos; andares ritmados; andares sem preocupação …
A
jovem em final de gravidez, de mão dada com o marido. Deve ser o primeiro
filhote. Passaram por mim à ida e, agora, de regresso. Devagarinho. Com o
olhar, desejei-lhe uma boa hora.
Aprecio
sobretudo os casais de velhotes. Sozinhos, os dois, decidiram-se a levantar
cedo. Esse era o hábito, sem dúvida! E vêm caminhar. Lado a lado, sinal de uma
longa caminhada em comum, que serenamente se aproxima do fim.
Fui ouvindo. Histórias de vidas que imaginei condensadas
na prateleira de uma só frase:
–
Deixava-me o cão mijar nos degraus da escada do andar!
–
Havia uma altura em que ela tinha de ir dar de comer à mãe...
–
Faço colecção de mealheiros. Tenho
lá em casa mais de 300!
–
Eu não devia dizer isto, porque fui eu que os pari!... Mas ele merece, coitado,
farta-se de trabalhar!
–
Quando quiserem vir, vêm! Eu reformei-me em Maio. A minha cunhada gosta muito
dos netos, mas… é connosco que eles passam as férias. Eles adoram!
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 12, 4-09-2013, p. 6.
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