Sempre me habituei
a ver no Prof. Jorge Paiva, investigador do Instituto Botânico da Universidade de
Coimbra, um lutador nato.
Ouvi-o
em inúmeras conferências; eu próprio lhe solicitei que proferisse algumas para
as mais diversas plateias, porque o seu entusiasmo e o seu profundo saber
cativam e ajudam-nos a sermos melhores.
E
porquê?
Porque
o Prof. Jorge Paiva escolheu para seu lema uma vida sadia em íntima comunhão
com a Natureza! E, em relação a esta, tem um objectivo a atingir: mostrar a
toda a gente, mormente aos que estão em órgãos de decisão, que a biodiversidade
é o caminho para uma vida mais saudável neste planeta, onde tantos são os
atentados mortais que contra ele diariamente se cometem, com a anuência das
mais altas entidades.
E
a sua missão cumpre-se, de modo especial, na quadra natalícia, mediante o envio
de centenas de postais de boas-festas (bilingues) a amigos que seleccionou,
entre os quais tenho a honra de figurar. Sempre com um tema diferente e sempre
deveras acutilante e oportuno.
Para
este ano optou pelo tema «Biodiversidade e endemismos», para se enquadrar na
«Década da Biodiversidade» proposta, nos finais de 2011, pelo Secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-moon. As imagens: um pássaro («Anabathmis newtonii»,
de seu nome científico) e uma planta, a «Impatiens buccinalis», ambos
endemismos – ou seja, exclusivos – da Ilha de S. Tomé. E explica, para exemplificar
o significado da biodiversidade, a interdependência de uns seres em relação aos
outros (e nós, homens, somos dos mais dependentes!...):
«A
ave ‘Anabathmis newtonii’ (selelê) […] depende do néctar das flores que poliniza.
Se colhesse o néctar apenas da ‘Impatiens buccinalis’ (camarões)» que é, como
ela, «endémica da floresta tropical autóctone (obô) da Ilha de S. Tomé», seria
enorme o seu risco de sobrevivência, porque bastava que a ‘Impatiens
buccinalis’ desaparecesse para que ela viesse a desaparecer também.
Elucidativo
exemplo a reter, mormente se pensarmos que temos no nosso corpo «milhões de
seres vivos microscópicos», sem os quais não conseguiríamos digerir os alimentos
e defender-nos de muitas doenças…
Afinal,
«somos todos espécies endémicas de uma ilha universal, a Terra. Assim, se
muitas das espécies de que nós dependemos desaparecessem, nós também nos extinguiríamos»,
conclui o professor.
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 630, 01-01-2014, p. 12.
Antonio Alberto escreveu:
ResponderEliminar"Professor, estou inteiramente de acordo no que diz o Professor Jorge Paiva. Concordará comigo se eu afirmar, coisa que não gosto nada de o fazer, que o desaparecimento da espécie humana seria o maior contributo para a sobrevivência das outras espécies?! Um abraço e um bem-haja."
Eu é que agradeço o comentário! Na verdade, enquanto continuar a comportar-se como o está a ser, o Homem não apenas destruirá rapidamente a biodiversidade, como depressa acabará com a sua capacidade de sobrevivência!