Longe
de mim a ideia de fazer uma apreciação ‘técnica’ do que foi o Concerto de Verão
da Orquestra Sinfónica de Cascais, realizado, com casa quase cheia, no passado
dia 13 de Junho, no auditório Senhora da Boa Nova.
Executaram-se,
neste segundo concerto, duas obras que o programa anunciava com «emblemáticas»
e de «popularidade incomparável» (e são-no!): a «Suite Alentejana nº 1» de Luís
Freitas Branco, que preencheu a primeira parte; e a mui célebre «Suite
Scheherazade Op. 35», criada, em 1888, pelo compositor russo Nikolai
Rimski-Korsakov (1844-1908), sob inspiração dos contos das Mil e Uma Noites.
Apreciei,
na primeira, o final do prelúdio, com os arcos dos violinos a descerem
lentamente depois de, momentos antes, haverem ensaiado uma corrida frenética. O
prelúdio levara-nos, aliás, às planícies alentejanas, onde, de quando em
quando, o som dolente do oboé ou o encantamento da flauta lembravam rebanhos a
pascer… No 2º andamento – intermezzo – também
ele mui sereno, os baixos já mais se fizeram sentir e os violinos ensaiavam uma
daquelas repentinas tempestades... O final, que bem apetecia trautear de tanto
nos estar no ouvido, quase andaluz nos pareceu aquele frenético fandango!...
Scheherazade encanta-nos sempre, no seu sortilégio oriental: «O
mar e o navio de Simbad», «A história do Príncipe Kalender», «O jovem
príncipe e a jovem princesa» e, finalmente, a quarta parte, «Festa em Bagdad –
Naufrágio do barco nas rochas». E se o diálogo entre a harpa e os violinos nos
atraiu e é sempre de muito admirar o entusiasmo e a enorme competência do
maestro Nikolay Lalov (bem navega ele no seu mar, sem naufrágio algum à
vista!...), maravilha-nos a entrega de todos e cada um dos músicos, a vibrarem
(nota-se bem!) com os sons magníficos que estão a produzir!
Mais uma vez, saímos de alma cheia!
Parabéns!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 02-07-2015:
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