domingo, 5 de julho de 2015

Os tiques e as manias dos grandes

            Passava os dias no silêncio dos mármores e das cruzes, perpetuando – ou julgando perpetuar!... – na pedra os nomes de quem já partira. ETERNA SAUDADE DE SUA ESPOSA, FILHOS E NETOS
            Fechava às cinco da tarde o cemitério e abalava para casa. Meditaria, quiçá, nos nomes que gravara, nos mármores que assentara sobre as campas e perguntar-se-ia das vidas. Daí o seu apreço pelas biografias dos homens que, ao longo dos séculos, se haviam notabilizado:
            «Não se deve falar do género humano com desprezo, quando se pensa em semelhantes exemplos.
            É agradável admirá-los e é bom e salutar, como disse um mestre, alimentarmos sempre em nós o culto dos grandes homens e das grandes coisas» – escreve Celestino Costa no final.
            Miguel Ângelo, por exemplo, é o seu ídolo:
            «Possuía, em supremo grau, o amor sincero e activo do Belo, da Verdade e do Bem. É, com certeza, um dos homens que mais honraram a vida».
            E, ao ler as biografias, achou piada aos tiques, às manias, aos casos do dia-a-dia, que foi minuciosamente anotando, a lápis, em letras capitais, para melhor se entender.
            Contos Recontados é, pois, o resultado dessa recolha, serenamente feita, anos afora, por Celestino Costa, o poeta de S. Domingos de Rana, o canteiro do cemitério da Guia, em Cascais. Um livrinho singelo, que num ápice se lê, mas que, de facto, diverte e, nalguns casos, até é capaz de fazer pensar.
            Numa edição de Apenas Livros (ISBN: 978-989-618-501-5) em colaboração com a Associação Cultural de Cascais, o livro foi apresentado no sábado, 20 de Junho, na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, em sessão presidida pela Profª Maria Fernanda Gonçalves, uma vez que a iniciativa mereceu amplo apoio da Junta de Freguesia.
            Celestino Costa aproveitou a oportunidade para – numa pequena mas bem significativa exposição – mostrar também alguns dos seus trabalhos de canteiro em vários tipos de pedra, tipos de que teve o cuidado de identificar alguns com legenda gravada, para que tal identificação se não perca com o tempo. Apresentou, por exemplo, o baixo-relevo que se reproduzira na capa do seu livro A Minha Terra e Eu (2ª edição, da Associação Cultural de Cascais, em 1995) e que representa uma oficina de canteiro. A Presidente da Junta foi obsequiada com uma fotografia emoldurada desse trabalho.
                                                              José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, 05-07-2015:
 
 
 
 

 

1 comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho incansável aqui desenvolvido.

    Permita-me dar a conhecer este blogue; http://mirobrigaealusitania.blogspot.pt/

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