Gostei
de saber que a nossa dinâmica empresária da cortiça está – felizmente! – de
vento em popa e eu até tenho bolsa de cortiça para o telemóvel, a fim de fazer
publicidades às nossas produções!
Gosto
da intenção de se arranjarem os caminhos vicinais e da ideia de se pensar em,
oficialmente, se lhes dar nomes quer tornando oficiais os que são de tradição
quer outros de eventual homenagem a tantas personalidades são-brasenses que,
por exemplo, a investigação levada a cabo por ocasião do centenário soube
trazer à luz da ribalta.
Não
gostava, porém, de saber que S. Brás de Alportel aspirasse, um dia, a ser
cidade, embarcando, de olhos vendados, nesse vapor do novo-riquismo ambulante.
Um dos partidos concorrentes às autárquicas chegou a pôr essa intenção no
programa, mas soube desistir a tempo. Cascais não é cidade nem quer ser; Sintra
não é cidade nem quer ser; Oeiras não é cidade nem quer ser; Madrid – a mui
nobre ‘villa de Madrid’ (o seu ayuntamiento diz-se ‘de la villa de Madrid’!...)
– só teve de ser cidade porque os bispos, vindos da vizinha Alcalá de Henares,
acharam que deviam ir contra a tradição, não fossem os seus privilégios ser
desdoirados… Entre nós, Almada é cidade, Amadora é cidade, Loures é cidade!...
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 230, 20-01-2016, p. 11.
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