domingo, 10 de janeiro de 2016

Morreu um bufo-real!


            Dir-se-á que não é título que se ponha em crónica nem notícia que valha a pena dar. Por conseguinte, o desafio que me pus a mim próprio foi o de provar o contrário a quem eventualmente me leia, até porque essa morte tem uma história para contar e, em meu entender, vale a pena conhecê-la.
            Conta uma amiga minha, moradora no Estoril:
            «No dia 8 de Dezembro, à noite, vimos uma coisa escura a boiar na piscina em casa dos meus pais. No dia seguinte, dia 9, fomos ver o que era e percebemos que era um mocho. Removemo-lo e tirámos fotografias. Contactei então um colega que trabalha na Câmara de Cascais, que me indicou que deveria falar para a Cascais Ambiente, para o Dr. João Melo. Seriam, então, 11 horas da manhã ou meio-dia. Falei para a Cascais Ambiente e fiquei algum tempo à espera em linha (5 a 10 minutos), mas não atenderam. Assim, entendi que deveria contactá-los por e-mail, pois pensei que poderiam querer estudar o mocho antes que entrasse em decomposição.
            No dia 10 de Janeiro, recebi a seguinte resposta: «Acusamos a recepção da sua comunicação e de acordo com o N/Departamento de Estrutura Ecológica disponibilizamos o seguinte contacto para os devidos efeitos: PNSC (ICNF) – Tel.: 219 247 200».
            Contactei de imediato o PNSC, tendo falado com o Dr. Luís Roma Castro, que me perguntou de imediato se já tinha enterrado o mocho (já o tínhamos enterrado, porque começava a entrar em decomposição e a cheirar mal). Perguntou-me então se tinha tirado algumas fotografias e se lhas poderia enviar. Enviei de imediato as fotografias para pnsc@icnf.pt, ao cuidado do Dr. Luís Roma Castro, que me respondeu:
            «Venho, por este meio e na qualidade de biólogo que monitorizo as espécies de fauna ameaçadas do Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC), agradecer-lhe a sua comunicação e fotografias, informando-nos da observação de um bufo-real na sua residência, no dia 08.12.2015. Devido a ser uma das espécies que acompanhamos e para registo técnico, solicito-lhe o favor de me fornecer a sua morada ou alguma fotografia aérea do local em causa.
            Pelo facto de estar a escrever um relatório sobre a fauna do PNSC, a sua resposta torna-se urgente. Muito obrigado».
            Aqui está a história e vai em anexo uma das fotografias.
            E porque se conta a história?
            Para que se saiba doravante que assuntos deste teor não são da alçada da Câmara nem da Cascais Ambiente, mas sim do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. E que para quem mora na região de Sintra e Cascais, as comunicações em circunstâncias parecidas, devem ser feitas de imediato para:
            Departamento de Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo
            Av. Movimento das Forças Armadas, 8
            Portela de Sintra
            Apartado 25 - EC Sintra
            2711-901 SINTRA
            T: 219247211
            pnsc@icnf.pt
            Aliás, estando cada vez mais ameaçadas espécies que, no nosso ambiente, são fora do comum, constitui, na minha opinião, dever de cidadania colaborar com as entidades competentes, sempre que se avistem animais fora do comum. De preferência, os vivos; mas também, como se viu, também os mortos interessam!
                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, 09-01-2016:

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