quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Gosto de ter dúvidas!

            Se calhar, ter dúvidas é assim a modos de uma outra forma de dizer aquela célebre frase de Descartes: «Penso, logo existo!». E é bom chegar aos 72 anos e ser assaltado diariamente por dúvidas, por questões que, até aí, me não havia posto. Agradeço, aliás, a Deus e à Senhora Auxiliadora ter prontamente aceitado a missão de ser tutor de bairro, o que me obrigou a olhar com mais atenção para a realidade envolvente.
            E, quando a dúvida me assalta, procuro resolvê-la. Nem sempre, no entanto, tenho sorte, porque a minha inteligência não consegue captar outras inteligências dotadas de um saber técnico que eu não possuo.
            Para que esta conversa não se fique assim no ar, pelas abstracções e considerações filosóficas, dou quatro exemplos bem concretos.

1 – Uma placa para o hospital
            Apercebi-me, ao subir a 3ª circular, que poderia haver engano para quem se dirigisse ao hospital e tomasse, sem querer, a auto-estrada. De facto, para quem entra na circular vindo de sul e não no cruzamento de Birre, não encontra nenhuma placa com essa informação.
            Perguntei aos serviços se lhes não parecia oportuno acrescentar essa informação na placa que já lá está a seguir aos semáforos.
            Resposta: não, não era oportuno nem lhes parecia de interesse, porque já havia sinalização anterior e era regra não repetir sinalizações no mesmo trajecto. Retorqui exemplificando que tal regra não era cumprida em vários sítios e que, decerto, mais umas letrinhas na placa não dariam assim tanto trabalho e fariam jeito. Não me replicaram. Azar meu!

2 – Sistema de rega
            Informei que estava danificado o sistema de rega automática na ‘margem’ norte da Avenida Raul Solnado, pois ali fora plantada relva (eu vi!) e havia tubos de borracha espalhados pela área, tubos do género que eu tenho visto por toda a parte e que para isso servem.
            Resposta: «O espaço ajardinado do lado norte não possui sistema de rega automático. É um prado de sequeiro e fica amarelo no Verão, mas no Outono/Inverno rejuvenesce. Os arbustos são resistentes e vão resistir».
            Azar o meu: afinal, os tubos são apenas para decoração e a relva é… «um prado de sequeiro». Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?

Desengane-se, leitor: esses tubos não são de rega e o que está
a ver não é relva seca, é um prado de sequeiro!
3 – Reservado a moradores
            Solicitei que se encarasse a hipótese de determinada praceta, ultimamente ‘inundada’ por viaturas estranhas, pudesse vir a ser reservada a residentes.
            Foram-me apresentadas todas as condições exigidas para que houvesse essa reserva. Nenhuma delas, a meu ver, se aplicava à reserva em vigor para toda a zona da Bela Vista, na vila, onde só podem entrar os residentes e, se estacionas, mesmo por pouquíssimo tempo, no Largo Óscar Monteiro Torres, certo e sabido que te aparece o reboque num abrir e fechar de olhos!... Pretendi esclarecimento. Azar o meu: não tive!

4 – STOP no chão
            Tentei explicar a seguinte situação: quem desce a Rua do Cobre tem uma placa STOP, a fim de dar prioridade aos veículos que se apresentem para entrar ou sair da Rua Júlio Dinis, da Pampilheira. Sucede, porém, que, como se trata de uma descida, há quem acelere e nem sequer se aperceba da placa, o que – só por grande sorte – não tem provocado acidentes, travagens bruscas sim... A minha proposta: que se pinte no chão – como noutros sítios acontece – a palavra STOP. Assim haverá, de certeza, maior viabilidade e maior possibilidade de respeito.
            Azar o meu: até agora, não obtive qualquer resposta.

            Conclusão: as minhas dúvidas aumentaram: vale a pena ser cidadão empenhado?
 
                                                     José d’Encarnação

Publicado em Costa do Sol Jornal [Cascais], nº 209, 01-11-2017, p. 6.

3 comentários:

  1. Vera Araújo Soares
    Amei, sempre com o teu peculiar sentido de Humor!

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  2. Joaquim Cardoso
    As respostas só são para os amigos... Mas eles têm sempre razão!!!

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  3. Julia Fernandes, 2/11 às 10:15
    É um cansaço, José. Não me lembro de ter feito uma queixa e ter resposta positiva. É esquisito, não é? Um abraço.




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