Havia
também estacas de ferro com uma placa a identificar o cantão. Devia ser um
número, decerto. O cantão era a porção
de estrada adscrita a cada cantoneiro.
Evocações
estas me surgiram ao receber de Vítor Barros – bem haja! – a foto anexa. A pedra
está «na nossa Câmara Municipal, e junto a algum mobiliário e documentação vindos de uma casa de cantoneiros na Nacional 2».
E acrescentou Vítor Barros:
«Seria
bonito ver uma antiga casa de cantoneiros reconstruída e sabermos um pouco como
era essa vida e a autoridade que na altura detinham...».
Sei haver
essa intenção. Aplaudo-a com ambas
as mãos, porque – se não erro – um memorial dessa esquecida actividade, porventura
chegada até quase ao 25 de Abril, não existe em nenhum dos concelhos
portugueses. S. Brás seria, mais uma vez, pioneiro!
A placa
diz:
OBRAS PUBLICAS
DESTRICTAES1885
Identificaria,
sem dúvida, uma renovação da via –
neste caso, a EN 2 – então realizada. À falta de outra documentação, esta é, por isso, bem significativa. E mostra que,
à época (seria Fontes Pereira de Melo, interinamente, o Ministro do Equipamento Social), mostra, primeiro, que aos distritos eram
atribuídas competências em termos viários; e, segundo, que eles faziam gala em
mostrar obra feita!
José
d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 276, 20-11-2019, p. 13.
Quanto aprendi com este belo texto sobre cantões e cantoneiros. Nem sabia o que era um cantão. Destas palavras fica a ressonância de um tempo que pode ser memorizado na reconstituição de uma casa de cantoneiros e o fascínio de uma criança por uma chave que abria a puxada de água onde se ajustava a torneira, a seus olhos curiosos uma das grandes invenções da Humanidade. Muito bonito.
ResponderEliminarIsabel Vargues, domingo, 24 de Novembro de 2019 18:07
ResponderEliminarO blogue Notas e Comentários do qual creio seres o único Autor desde 2010 continua a fazer bem o seu papel neste espaço público, hoje tão diverso e em que cada vez mais vemos que uma história simples e clara é uma poderosa aliada para evitar a "espiral do silêncio" em que tantas vezes mergulhamos, mesmo sem querer... Parabéns pelo blogue.
Bem hajas, Isabel!
EliminarTu também continuas a fazer excelente trabalho no seio da Licenciatura em Jornalismo da nossa Faculdade. Um abraço!