Coincidiu tal inserção com a
polémica em torno do conjunto escultórico A Linha do Mar, de Pedro
Cabrita Reis, recém-inaugurado junto ao Farol da Boa Nova, em Leça da Palmeira,
Póvoa de Varzim, em que, por sinal, também havia uma sequência de pilares
prismáticos.
A Linha do Mar, de Pedro Cabrita Reis, na Póvoa de Varzim |
Não
vou discutir se foi útil para a circulação em Cascais Ocidental o prolongamento
(previsto há décadas, diga-se!) da 2ª circular até aí e o novo fluxo rodoviário
que gerou. Recorde-se que há nessa área a esquadra da PSP, as instalações da
Polícia Municipal e o Hospital da CUF. Tenho a minha opinião como morador na
zona oriental do Bairro da Pampilheira; mas respeito opiniões diversas da
minha.
Há
dois aspectos, porém, que gostava de focar: 1º) a autoria; 2º) a estética.
1) Autoria
Houve,
entre os comentários, quem se interrogasse sobre o custo que a obra teve, acrescentando-se,
como sempre, que tal custo (exorbitante, decerto!) recairia sobre o bolso dos
munícipes.
Nesse
âmbito, tenho uma opinião formada. Há, na Câmara, o Departamento de Inovação e
Comunicação, de que uma das competências é «promover a utilização de
tecnologias de informação e comunicação que facilitem a ligação entre os
Munícipes e o Município». Quiçá não teria sido difícil, no momento em que a rotunda
ficou operacional, fazer brevíssimo comunicado a informar, por exemplo, que foi
o gabinete X do Departamento Y que gizou o desenho dessa placa. Essa é a minha
suposição. Parto do princípio de que o projecto é camarário, tem um autor, nada
custou de mais ao Município, porque elaborado no quadro das habituais actividades
para que esse gabinete é solicitado.
2) Estética
Eu
não desgosto da decoração nem – muito menos! – do facto de se haverem
aproveitado materiais autóctones, vegetação indígena e de, inclusive, se ter
feito um atalho (como alguém comentou) como que para ir até aos dois
pedregulhos. «Pedregulhos» é termo com ar depreciativo; «penedos» também não
são; «pedras», sim, em estado bruto. Uma alusão ao azulino de Cascais e ao
trabalho da pedra, que, até aos anos 70, tanta riqueza trouxe para o concelho?
Eu iria por aí. Mas, claro, gostava de saber a opinião do artista, até porque continuamos
a interrogar-nos acerca do significado das pedras plantadas em rotundas, aqui e
além, ao tempo do presidente Judas, sem que – também nessa altura – nenhuma
explicação estética nos tivesse sido dada.A rotunda no final da Av. Raul Solnado (2ª circular). |
Uma
das minhas amigas que comentou escreveu: «Não sei
onde está, mas que é dum mau gosto, já habitual, lá isso é!». Referia-se,
decerto, a essoutras ‘ornamentações’ de rotundas. Faltou aqui, portanto, como previamente
faltou na Póvoa de Varzim, uma explicação. Aquela sequência de pilares frente ao
mar na Póvoa… que é que o arquitecto quis dizer com aquilo? E porque é que não
explicou? No caso de Cascais, uma nota para a imprensa poderia ter sido útil
também. É o que eu penso.
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal [Cascais] nº 315, 29-01-2020,
p. 6.
António Felicio
ResponderEliminarquinta-feira, 30 de Janeiro de 2020
Estive recentemente em Vila Real de Santo António. Também se utilizam pedras na marginal (?) e nas rotundas mas trabalhadas. Sabemos o que significam. Uma delas, trabalhada, numa homenagem à mulher e outra ao Marquês de Pombal. Os passeios com calçada à portuguesa bem tratados. E as pedras que sobram não ficaram abandonadas a um canto do passeio com acontece em Cascais. E na rua principal não há calçada à portuguesa mas sim azulejos, muito bonitos, trabalhados, muitos deles com símbolos náuticos. Na marginal junto ao rio Guadiana, os arbustos são envolvidos em peças de metal sendo-lhes aplicados diversos e coloridos insectos. E bancos. Muitos bancos para as pessoas se sentarem a gozarem o panorama do rio e do lado de lá Ayamonte.