Aceitei
de bom grado, na medida em que me será possível partilhar, desta sorte,
informações e despretensiosos comentários acerca
da História, das Artes e do Património Cultural, referentes sobretudo ao
território cascalense.
Há
sempre surpresas, outros olhares, novidades ou antiguidades que porventura
haviam escapado e nos ajudam a
fomentar comunidade, a revitalizar memórias e identidade.
Desta
feita, a inesperada surpresa veio do Brasil. O professor Luciano Figueiredo, do
Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (Niterói), escreveu à
Junta de Freguesia de Alcabideche a tentar saber da genealogia e eventuais
laços familiares conhecidos de Filipe dos Santos Freire (1678-1720).
Tivera
acesso ao seu registo de nascimento, a que também acedemos depois, que reza
assim (actualizo a grafia):
«Aos quinze dias do mês de Janeiro
de 1678 baptizei e pus os Santos Óleos a Filipe, filho de João Vicente e de
Maria Ferreira de Alapraia. Foram padrinhos o Pe. Sebastião Alves [e Isabel (?) Costa] de Alapraia».
Assina o Padre Cura Duarte Pinheiro.
E que interesse haveria neste
alcabidechense?
É que estão a ser programadas para o
corrente ano as comemorações dos 300 anos da chamada «Sedição de Vila Rica» (Vila Rica era, então, o nome da
actual Ouro Preto, em Minas Gerais), de que Filipe dos Santos Freire foi um dos
cabecilhas.
Havia sido, naturalmente, mal vista
pelos potentados locais a lei segundo a qual aí vinham a ser oficialmente
criadas casas de fundição do ouro em
pó. Minerador, Filipe
dos Santos Freire assumiu-se como o principal cabeça dos amotinados e acabou por ser condenado à pena
capital. Enforcaram-no, arrastaram-lhe o corpo pelas ruas da vila e esquartejaram-no,
após julgamento sumário perpetrado por
uma junta formada pelo governador D.
Pedro Miguel de Almeida Portugal, Conde de Assumar, e pelo ouvidor local.
Ora aqui está um herói a cuja naturalidade ainda se não
dera a atenção devida!
José
d’Encarnação
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