sábado, 25 de julho de 2020

Correios, um serviço cada vez mais essencial!

          Tenho o privilégio de habitar a dois passos do Centro de Distribuição Postal e o carteiro – praticamente todos já me conhecem – me visitar diariamente.
            Quando começou o confinamento e as restrições à circulação, numa das minhas idas à estação (entra-se um de cada vez e com máscara), perguntei à Carminho, a funcionária, se, agora, o movimento não era cada vez menor. Pensava eu na facilidade do correio electrónico, das comunicações por messenger, whatsapp, facebook e afins…
            – Muito pelo contrário! – respondeu-me a Carmo. – Aumentou! Envio e recepção de encomendas (medicamentos, compras pela internet…) e até parece que as pessoas têm mais tempo para escrever cartas e postais! Depois, os idosos com as pensões a receber… E eles não dominam essas tecnologias nem têm quem os ajude!...
            Compreendi. Também eu estou nesse lote dos idosos, embora nem queira crer, como aquela minha vizinha, mais velha que eu, que não frequentava o Centro de Dia do bairro: «O quê? Só há lá velhas!...». E quase me apetecia parafrasear o Augusto Gil: «Mas os idosos, Senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim!».
            Escrevi, a 15 de Março de 2019:
            «’Salve-se o interior!’ Já o uso desse verbo implica desastre, alguém em risco de afogamento eminente. Salve-se! Mas… fechem-se as estações de correio, encerrem-se as repartições de finanças, acabem-se com os tribunais, destruam-se as agências da Caixa Geral de Depósitos!...
            O raio que os parta! (Deus me perdoe!...)».
            Pois. Que os parta, esses que proclamam olhar pelas pessoas. Olham, mas não as vêem! Não as auscultam. Não mexem todos os cordelinhos, em tudo o que é sítio sensível, para resolver os problemas do quotidiano.
            Apoio, claro, com todas as veras da alma, a justíssima crítica que, nesta edição, Correia Martins faz ao péssimo funcionamento da estação dos correios da nossa S. Brás.
            É lá possível que as entidades locais não se unam todas num enorme abaixo-assinado para alterar tão ignóbil situação? Num brado enorme que chegue a Faro e a Lisboa? Ele há rádios, há canais de televisão, jornais, facebooks e afins!... Vam’nessa, minha gente!

                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 284, 20-07-2020, p. 13.

3 comentários:

  1. Uma prova de que o Senhor profesor ainda que vivendo longe, não se esquece de defenders ativamente os interesses da nossa magnífica vila serrenha de S. Brás d'Alportel.
    Bem hajas!
    Victor Brito

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    1. Estamos nessa, Amigo Victor! Para um são-brasense de gema, como nós nos honramos de ser, não há distâncias! Estamos onde o coração nos manda estar e o serviço público também!

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  2. O lema parece ser: salve-se quem puder! "As pessoas" com poucos recursos, não interessam, muito menos os problemas que as afligem. É a primeira vez que vejo o autor deste blog dizer, neste sugestivo texto a que não falta a pontinha de humor, "o raio que os parta". Adorei.

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