Também serve a Arte para isso:
proporcionar instantes de sadia evasão, na contemplação serena do que o artista
viu e quis transmitir.
Assim foi, na visita à exposição ora
patente na galeria do Casino Estoril.
A colectiva designa-se de
«Avizinhamento» e, na verdade, o ambiente criado, a iluminação selectiva a
realçar as obras… avizinhamo-nos, mesmo sem o querer, da singular beleza que
dali emana.
Logo à entrada, as três enormes
rosas, esculturas de Carlos Ramos. «Love Box» lhes chamou, porque – embora em
inglês – ali se reclama e proclama o Amor: «Amor é um estádio que eu gostaria
que continuadamente existisse».
Gostei também das cores – as eternas
cores, aquele céu azul!... – do Alentejo, trazidas pela paleta de João Feijó, cuja
instalação numa porta reaproveitada, com um registo da Sagrada Família, o
pendente com o arranjo floral e aquela paisagem por fundo, me encantou.
As manchas de cor de David Levy
Lima: sugestivos «os 3 da vida airada», eloquente o «Entardecer na Poça».
Os expressivos rostos de José
Grazina, mormente os desenhos a pincel, acrílico sobre linho.
A quase infantilidade das telas de
Sandy Leslie.
E este «Adão em construção», de
Abílio Febra, madeira de jacarandá e amieiro policromado. Será que ainda está
em construção o Adão que todos nós somos? Assim escangalhado, mal jeitoso, qual
D. Quixote ainda com forças para lutar contra os moinhos de vento?...
José d’Encarnação
A arte é sempre uma boa evasão. E imprescindível à nossa saúde mental.
ResponderEliminarAgradeço a informação constante deste texto. O que vale é que, em tempos de pandemia, os artistas têm produzido. E na partilha do que produzem, podemos ser levados por caminhos desimpedidos de conflito e inundados de luz, como estas imagens sugerem. Espero que esteja tempo suficiente para eu poder visitar.
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