Assustam-nos muito os tremores de
terra. Pairam-nos sempre no espírito as imagens desenhadas do que foi o de 1 de
Novembro de 1755, aquele que mais nos disse respeito e rezamos para que não
volte a repetir-se. Podem esquecer-se outras datas da nossa História, essa do
Dia de Todos os Santos de 1755 é que jamais se esquece e a gente até a usa,
amiúde, para comparação, a fim de nos situarmos no tempo: «antes do terramoto»,
«depois do terramoto».
Para os arqueólogos de Lisboa, as consequências
desse sismo estão cada dia a ser postas a descoberto e, de vez em quando, até
se agradece que ele tenha acontecido, devido às inesperadas estruturas que se
vão encontrando.
Estarrecemos com o que as televisões
nos mostram, felizmente noutros quadrantes do mundo, embora sempre haja alguém
a avisar «Olhem que estamos numa falha vulcânica! Lisboa, o Algarve!»…
As reportagens sobre o vulcão na
ilha de La Palma aterrorizam-nos também. O vulcão irrompe assim de repente e o
povo julgava-o adormecido para sempre, «Está sossegadinho, menino, que nós
gostamos de ti é a dormir!». E o vulcão não se deixou levar pelas carícias e
cantigas de embalar. Rebentou e parece apostado em só se extinguir quando
deitar cá para fora os ardores que por dentro não param de o consumir.
E enquanto não me delicio com as imagens – mau grado a sua inesperada e singular beleza – eu penso nos vulcões adormecidos do nosso dia-a-dia. De vez em quando, lá vem uma fumarola mortífera. Os apanhados de surpresa sacodem-se, clamam, pedem socorro, que a casa está a arder… Casos há, porém, em que – quais turistas defronte do Cumbre Vieja – há quem se delicie com as labaredas cintilantes, na esperança de que, um dia, haja cintilações boas mais por perto…
José d’Encarnação
Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 299, 20-10-2021, p. 13.
Ana Teresa
ResponderEliminarNão esquecer os nossos Açores. Dei por mim a pensar, há alguns meses, que por alguma estranha coincidência havia vários vulcões no mundo em erupção ao mesmo tempo. Islândia, Itália, Havaí, Indonésia e um outro país da América Latina que agora não recordo qual. Cheguei a dizer estar a Natureza em protesto contra a humanidade, assim, com h pequeno. Para ver se acorda, para a sacudir e pedir-lhe para parar os atentados contra ela, a Natureza e, por inerência, contra a própria humanidade.
Vitor Rafael Sousa:
Ana Teresa, é um processo perfeitamente natural, a Terra já teve eventos sísmicos e vulcânicos muito mais intensos e frequentes do que nos dias de hoje.
Rui Oliveira:
Existe uma dinâmica vulcânica no Planeta Terra que está para lá de tudo, inclusive da espécie humana.