E
se a primeira questão que se põe é o facto, até desculpável, de se confundirem
fungos com cogumelos, dado que, por exemplo em Itália, cogumelos é «fungi» – e
o que se quer dizer é que essas palmilhas evitam a propagação de fungos, um dos
problemas de que podemos sofrer nos pés… – acabamos por nos interrogar, ao ler
os textos, como é possível conceberem-se com tanta facilidade atentados às
línguas. O que aí se lê na parte dita portuguesa é de fazer rir as pedras. Ora
veja-se:
Mas
o que vem em castelhano segue no mesmo caminho e só lendo o inglês (ainda que incorrecto)
é que temos uma ideia do que se pretende afirmar:
«Esta
palmilha facilita a ventilação, absorve o suor e protege dos fungos e dos
gérmenes. Pode tirar-se e secar ao sol e torna os seus sapatos deveras
confortáveis».
Dificilmente
tal mensagem se poderá deduzir do que as cinco linhas «em português» nos
apresentam.
O
produto, como é natural, foi importado. É portuguesa a firma importadora e aí
vem devidamente identificada (por sinal, sem erros ortográficos), com nº de
contribuinte e telemóvel e morada.
E, aqui
chegado, o jornalista nem sabe como é que há-de pegar no assunto: limita-se a
dar conhecimento e a proporcionar, assim, uma boa risada aos seus leitores ou
assume uma atitude mais crítica e ousa perguntar ao senhor importador se não
tem vergonha de comercializar palmilhas… contra os cogumelos?
Vou,
pois, ficar-me por aqui, com a pergunta no ar, porque reconheço não ser missão
da ASAE pugnar pela defesa da nossa língua mas sim, exclusivamente, pela boa
qualidade dos produtos. E os cogumelos… que se cuidem!
Publicado no quinzenário Renascimento (Mangualde), nº 608, 15-01-2013, p. 3.
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