sábado, 6 de setembro de 2014

Trabalhadores da pedra foram evocados em Oeiras

             No âmbito do Ciclo «Diálogos em Noites de Verão», promovido pela Associação Cultural de Oeiras Espaço e Memória, este ano subordinado ao tema geral Minorias e Contrastes Sociais [Séculos X-XX], Mestre Guilherme Cardoso teve oportunidade de falar na segunda-feira, 1, a partir das 21 h., no Largo 5 de Outubro (Largo da Igreja Matriz), em Oeiras, sobre "Canteiros e o trabalho da pedra nos termos de Oeiras e de Cascais", perante meia centena de mui interessados ouvintes.
             Pela Associação, José Meco fez a apresentação do orador, referindo-se em pormenor à intensa actividade científica por ele desenvolvida, nomeadamente no campo da Arqueologia (é arqueólogo da Assembleia Distrital de Lisboa) e da divulgação, estudo e preservação do património cultural, que Guilherme Cardoso há largos anos vem desenvolvendo, quer em intervenções arqueológicas quer em inúmeras publicações.
             A conferência deu conta precisamente dos principais elementos recolhidos através dessa pesquisa que tem efectuado tanto em documentação escrita como, de modo especial, no assíduo contacto com os canteiros. Aproveitou Guilherme Cardoso a oportunidade para traçar uma panorâmica do que foi o trabalho da pedra na região desde os tempos pré-históricos até aos nossos dias, com especial destaque, por exemplo, para a época romana, informando dos diferentes tipos de pedra existentes nesta zona ocidental da península de Lisboa. Interessante foi, particularmente, a identificação das pessoas que a essa actividade se dedicaram e delas apresentou fotografias e traçou elucidativa biografia.
            Salientou como se realizava esse trabalho, desde a descoberta dos bancos de pedra até aos instrumentos utilizados para os fins em vista. E mostrou como os canteiros-ornatistas, designadamente da zona oriental do concelho de Cascais deram forma real a muitas das esculturas de artistas famosos que lhas apresentavam em barro ou em gesso, em tamanho reduzido, competindo ao canteiro ‘fazer o ponto’, ou seja, dar-lhes proporcionalmente as dimensões pretendidas.
            Houve ocasião de se fazer referência à importância que a exploração de pedra deteve nestes dois concelhos de Oeiras e Cascais em meados do século passado, motivando, inclusive, grande emigração de operários do Algarve, de Alcains (tem hoje o Museu do Canteiro) e da zona de Coimbra (existe em Cantanhede o Museu da Pedra). Uma imigração motivada de modo especial pelas obras monumentais levadas a cabo nessa época pelo Estado Novo: a grande Exposição do Mundo Português, a Marginal Lisboa – Cascais…
            Congratulemo-nos com mais esta relevante actividade da Associação Cultural de Oeiras, que assim chamou a atenção para uma actividade amiúde desconhecida.


Publicado em Cyberjornal, edição de 05-09-2014:

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