Pela Associação, José
Meco fez a apresentação do orador, referindo-se em pormenor à intensa
actividade científica por ele desenvolvida, nomeadamente no campo da
Arqueologia (é arqueólogo da Assembleia Distrital de Lisboa) e da divulgação,
estudo e preservação do património cultural, que Guilherme Cardoso há largos
anos vem desenvolvendo, quer em intervenções arqueológicas quer em inúmeras publicações.
A conferência deu
conta precisamente dos principais elementos recolhidos através dessa pesquisa
que tem efectuado tanto em documentação escrita como, de modo especial, no
assíduo contacto com os canteiros. Aproveitou Guilherme Cardoso a oportunidade
para traçar uma panorâmica do que foi o trabalho da pedra na região desde os
tempos pré-históricos até aos nossos dias, com especial destaque, por exemplo,
para a época romana, informando dos diferentes tipos de pedra existentes nesta
zona ocidental da península de Lisboa. Interessante foi, particularmente, a identificação
das pessoas que a essa actividade se dedicaram e delas apresentou fotografias e
traçou elucidativa biografia.
Salientou como se realizava esse trabalho, desde a
descoberta dos bancos de pedra até aos instrumentos utilizados para os fins em
vista. E mostrou como os canteiros-ornatistas, designadamente da zona oriental
do concelho de Cascais deram forma real a muitas das esculturas de artistas
famosos que lhas apresentavam em barro ou em gesso, em tamanho reduzido, competindo
ao canteiro ‘fazer o ponto’, ou seja, dar-lhes proporcionalmente as dimensões pretendidas.
Houve ocasião de se fazer referência à importância que a exploração
de pedra deteve nestes dois concelhos de Oeiras e Cascais em meados do século
passado, motivando, inclusive, grande emigração de operários do Algarve, de
Alcains (tem hoje o Museu do Canteiro) e da zona de Coimbra (existe em
Cantanhede o Museu da Pedra). Uma imigração motivada de modo especial pelas
obras monumentais levadas a cabo nessa época pelo Estado Novo: a grande Exposição
do Mundo Português, a Marginal Lisboa – Cascais…
Congratulemo-nos com mais esta relevante actividade da Associação
Cultural de Oeiras, que assim chamou a atenção para uma actividade amiúde desconhecida.
Publicado em Cyberjornal ,
edição de 05-09-2014:
Sem comentários:
Enviar um comentário