Chegou-me,
há dias, o vídeo daquela moreia a deliciar-se com as festas do mergulhador.
Delícia que era também cumplicidade, pois a ‘menina’ cedo se apercebeu que, atrás
do mimo, viria oferta de mui saborosa sardinha…
O
maravilhoso mundo subaquático, que bem precisamos de continuar a preservar.
Casos feios
A 13 de Março, p.
p., o amigo Zétó partilhou comigo a fotografia que o JornalCiencia publicara no facebook
a mostrar «
Não
podemos, por conseguinte, deixar de vivamente nos congratularmos com as
recentes restrições ao uso imoderado dos sacos de plástico, no apelo a que voltemos
ao bonito saco de pano para irmos à padaria, à típica cesta de junco ou simpática
alcofa de esparto ou de empreita, produto dos nossos artesãos, quando vamos ao
mercado.
A
imagem do enorme mamífero arrojado à praia não me deixou indiferente, no
contraste com a maravilha que os dois bonitos casos anteriores me haviam despertado.
E
cá estou a recordar os instantâneos amavelmente partilhados também por Miguel
Lacerda, incansável defensor do mar que nos rodeia. Baterias de barcos, peças
de motores, um carrinho de supermercado… Tudo arrancado ao fundo do mar, numa das periódicas limpezas a que se procede na marina de Cascais. Instantâneos chocantes, incompreensíveis, a mostrar como até
aqueles que no mar têm o seu ganha-pão se esquecem, por vezes – demasiadas vezes!…
– dos deveres por ele impostos, a fim de que uma cumplicidade de excelência
possa duradoiramente manter-se…
Paralelamente,
Nélio Saltão pegou nos apetrechos piscatórios patentes no cais cascalense e
metamorfoseou-os em pinturas onde a intensa geometria cromática nos leva a
sonhar pelo pélago sem fim, nas salas do Centro Cultural de Cascais.
«Ancorados» foi o nome que deu à exposição, numa homenagem aos homens do mar:
«Ancorados
estarão, porventura, os barcos que de redes, bóia e âncora se serviram. Pelo
aspecto, destes não mais se servirão. Pausa temporária ou abandono total, na
triste espera de um fim definitivo? Recordam, claro – como os humanos em curva
descendente… – andanças longas em águas tingidas pelas múltiplas cores que os
raios de Sol lhes despertavam. As cores do plâncton, dos ruivos, pescadas,
lustrosos carapaus, chicharros irisados…»
É
excerto da abertura do catálogo que tive a honra de redigir.
…
–
Ó mãe, o mergulho tem casos destes!
E
nós a querermos que sejam sempre casos bons!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 85, 25-03-2015, p. 6.
Esta a imagem que Maria Fernanda Costa enviou e a que se refere no seu comentário. |
Como é apanágio de José d'Encarnação, um olhar lúcido, crítico e sempre formativo. E bem escrito, que é coisa que tanto nos apraz.
ResponderEliminarMaria Fernanda Costa, responsável pelo Museu do Mar de Cascais, depois de manifestar o seu agrado pela nota (bem haja!), que «adorou», teve a gentileza de me enviar a foto que anexo. «Penso que esta imagem diz muita coisa…», sublinhou.
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